O Ministério da Educação ainda não entregou a totalidade de livros para este ano, segundo a direção provincial da pasta. Os poucos materiais entregues têm de ser partilhados entre os alunos.
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A direção de educação da província de Inhambane, no sul de Moçambique, recusou revelar o número exato de alunos que desde o início do ano letivo, há cerca de um mês, ainda não têm todos os livros escolares. No entanto, segundo dados divulgados pela imprensa moçambicana, há um défice de pelo menos 230 mil livros nas escolas da região.
Devido à falta de materiais didáticos, muitas escolas não estão a cumprir com as recomendações curriculares segundo o programa do ano letivo. As classes mais afetadas são as da terceira a sétima série.
Na cidade de Maxixe, os alunos disseram à DW África que não têm alternativas. "Nesse tempo, a senhora professora dita os apontamentos, manda fazer os desenhos de observação, livre e entre outros", conta a estudante Lola Adriano.
Lucas Daniel, diretor da escola primária completa de Maxixe, disse que o estabelecimento recebeu poucos livros este ano e por isso os alunos estão a partilhar os materiais nas salas de aulas para ler e desenvolver exercícios. "Refiro-me à 6ª e 7ª classe. Não tivemos o livro de ofício, educação visual, educação moral e física, português e matemática. Recebemos em números que não satisfazem aquilo que é a realidade da escola", revela o diretor.
Livros são vendidos no mercado informal
Muitos pais e encarregados da educação têm comprado os livros escolares no mercado informal a preços altos. Alguns não têm dinheiro e lamentam a situação, como é o caso de Cardina Rafael, encarregada de educação em Inhambane.
Moçambique: Alunos de Inhambane sem livros desde o início do ano letivo
Segundo Cardina Rafael, o seu filho "só recebeu o livro de português, mas faltam os de ciências naturais e matemática". "Assim, para a criança aprender está difícil. Gostaríamos que o livro chegasse, porque ajuda", apela.
"Quantidades reduzidas"
Benabo Faquir, porta-voz da direção provincial de educação e desenvolvimento humano em Inhambane, confirma a insuficiência dos livros nas escolas, alegando ainda não ter recebido a totalidade dos materiais junto ao Ministério da pasta, sem revelar o número das escolas que ainda não beneficiaram.
"Faltam alguns títulos nas escolas, porque não recebemos o livro a 100%. Recebemos uma taxa de reposição. Em termo de escolas, posso não saber que tantas escolas ainda não se beneficiaram do livro, na verdade o livro chegou a todas as escolas, mas pode ter chegado em quantidades reduzidas".
Moçambique: O que foi feito ao dinheiro destas obras?
É a pergunta de vários cidadãos de Massinga, província moçambicana de Inhambane. Cada vez há mais obras na vila, que nunca chegam ao fim.
Foto: DW/L. da Conceição
Obras atrasadas
As obras arrastam-se no município de Massinga, sul de Moçambique, e os cidadãos querem saber porquê. Os empreiteiros ganham obras de construção civil na região, mas muitas são abandonadas após ser pago 50% do dinheiro para a sua execução, segundo o Conselho Municipal. A Justiça já notificou alguns empreiteiros para explicarem os atrasos, mas as estradas e avenidas continuam em péssimas condições.
Foto: DW/L. da Conceição
Mercado por construir
A União Europeia e a Suécia financiaram a construção de um mercado grossista em Massinga. Segundo a placa de identificação, as obras começaram a 28 de setembro de 2017 e deviam ter terminado a 28 de janeiro, mas até agora estão assim. O município remete as responsabilidades para o empreiteiro; contactada pela DW, a empresa negou explicar o motivo do atraso nas obras.
Foto: DW/L. da Conceição
Jardim perdido
O Conselho Municipal de Massinga gastou mais de 1,5 milhões de meticais (20.000 euros) para construir aqui um jardim etnobotânico - um projeto com a participação do Governo central e da Universidade Eduardo Mondlane. Mas as plantas colocadas aqui desapareceram e o terreno está abandonado. O Município promete que o jardim voltará a funcionar em breve, embora falte água para regar as plantas.
Foto: DW/L. da Conceição
Estrada sem fim à vista
Os trabalhos neste troço de cinco quilómetros duram há mais de três anos. O município de Massinga culpa o empreiteiro pela demora; a DW tentou contactar a empresa, sem sucesso. Segundo o município, aos 4,8 milhões de meticais (63 mil euros) pagos inicialmente ao empreiteiro foram acrescentados outros 3,9 milhões (51 mil euros) para continuar as obras, que deviam ter terminado em outubro.
Foto: DW/L. da Conceição
Estrada acabada?
25 de setembro de 2017 era a data de "entrega" desta estrada, segundo a placa de identificação. Mas a via, que parte da EN1 até ao povoado de Mangonha, continua em estado crítico. A obra está orçada em cerca de 1,9 milhões de meticais (quase 25 mil euros). Tanto a Administração Nacional de Estradas, delegação de Inhambane, como o Conselho Municipal recusaram comentar este assunto.
Foto: DW/L. da Conceição
Mais obras por acabar
Os trabalhos da pavimentação desta avenida também já deviam ter terminado, mas as obras continuam. O custo: cerca de 3,9 milhões de meticais (cerca de 51 mil euros). Mas a avenida continua por pavimentar. A DW tentou perguntar o motivo da demora à empresa Garmutti, Lda, responsável pela execução da obra, sem sucesso.
Foto: DW/L. da Conceição
Falta transparência
Segundo o regulamento de contratação de empreitadas de obras públicas, nos locais de construção devem constar as datas de início e do término dos trabalhos. Mas não é isso que acontece aqui. Segundo um relatório do governo local, um ano depois desta obra começar, só 30% dos trabalhos foram concluídos. O empreiteiro está incontactável; a empresa não tem escritório em Inhambane.
Foto: DW/L. da Conceição
Fatura sobre fatura
O orçamento inicial para os trabalhos de reabilitação no Hospital Distrital de Massinga rondava os dois milhões de meticais (cerca de 26 mil euros), mas, meses depois, o custo aumentou 600 mil meticais (8.000 euros).
Foto: DW/L. da Conceição
Edifício milionário
Este edifício custou à edilidade mais de 40 milhões de meticais (acima de 500 mil euros), sem contar com os equipamentos novos - cadeiras, secretárias ou computadores. Alguns empreiteiros acham estranho que tenha custado tanto dinheiro, porque o material de construção foi adquirido na região. Em resposta, o município justifica os custos com a necessidade de garantir o conforto dos funcionários.
Foto: DW/L. da Conceição
Adjudicações continuam
O município de Massinga continua a adjudicar novas empreitadas apesar de muitas obras não terem terminado. Vários residentes dizem-se enganados pelo edil, Clemente Boca, por não cumprir as promessas eleitorais.
Foto: DW/L. da Conceição
Campo por melhorar
Todos os anos, a Assembleia Municipal de Massinga aprova dinheiro para melhorar este campo de futebol, mas o campo continua a degradar-se. Segundo membros da assembleia, o dinheiro "sai" dos cofres públicos, mas nada muda e os jogadores "sempre reclamam". Em cinco anos, terão sido gastos 30 mil meticais (cerca de 400 euros). Nem o edil, nem os gestores do campo dizem o que foi feito ao dinheiro.
Foto: DW/L. da Conceição
"Fazemos sozinhos"
Devido à demora na construção de mercados e bancas, os residentes da vila de Massinga têm feito melhorias por conta própria, para manterem os seus produtos em boas condições. Questionados pela DW, os vendedores disseram que preferem "fazer sozinhos", porque se esperarem pelo município nunca sairão "do sol, da chuva e da poeira".