Em Moçambique 90% das escolas nas zonas afetadas pelo ciclone Idai já retomaram as aulas. Algumas famílias continuam a morar nos estabelecimentos escolares e o período de exames começa a partir de 22 de abril.
Publicidade
O setor da educação em Moçambique garantiu que mais de 90 por cento das salas, que serviam de centros de acomodação, já estão a ter aulas. A preocupação agora é arranjar estratégias para cumprir o calendário escolar, um mês depois de passagem do ciclone Idai.
O Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano garantiu a existência de stock de manuais escolares para os alunos do ensino básico afetados pelo Idai. O porta-voz do ministério, Manuel Simbine, disse que o desafio agora é criar condições para o cumprimento do calendário escolar.
"Medidas que se tomaram é priorizar as classes com exames como a décima, décima segunda, quinta e sétima classes para permitir que estes alunos, até ao final do ano, estejam em condições de fazer exame”, referiu.
Avaliações finais
Os professores e os alunos nas zonas afetadas pelo ciclone Idai terão de sacrificar os fins-de-semana para recuperar as aulas em atraso. A semana de 22 a 26 de abril destina-se a avaliações finais referentes ao primeiro trimestre.
"No lugar de interromper as aulas na semana de 22 para avaliação vamos continuar com as aulas nessas zonas afetadas para recuperamos uma semana. Isso vai nos permitir harmonizar o calendário em atraso.”
Nas escolas onde ainda estão acomodados os afetados pelo Idai, como no distrito de Buzi, em Sofala, disse Manuel Simbine, encontraram alternativas para fazer funcionar as aulas.
Famílias ainda moram nas escolas"Temos ainda escolas que ainda albergam famílias vitimas do Idai, mas ainda assim as aulas estão a funcionar lá. Temos um horizonte de duas semanas e estamos a prever que a situação seja normalizada com apoio do setor da saúde e do INGC. Estamos trabalhar de forma coordenada.”
Moçambique: Alunos voltam à escola após passagem do ciclone Idai
A preocupação das autoridades moçambicanas, depois da ocorrência do ciclone Idai, é a construção de infraestruturas mais resistentes a estes fenómenos.
O ministro das Obras Públicas e Recursos Hídricos, João Machatine, disse que a construção de todas as infraestruturas no centro de Moçambique vai levar cinco anos.
"Estamos a falar de infraestruturas económicas e sociais: estradas, pontes, linhas férreas, barragens, escolas, unidades sanitárias. E também há uma componente de reativar todo setor produtivo e a componente tecido humano que ficou afectado”, afirmou.
A passagem do ciclone Idai destruiu mais de três mil e trezentas salas de aula em toda a região centro de Moçambique por onde passou a intempérie.
Ciclone Idai: Um mês após a tragédia
O ciclone Idai já é uma das maiores tragédias da história de Moçambique. Atingiu a cidade da Beira a 14 de março, seguindo para oeste, em direção ao Zimbabué e ao Malawi, e a afetar milhões de pessoas.
Foto: Reuters/M. Hutchings
Depois do ciclone, ruínas
Na cidade da Beira, Ester Thoma caminha com o filho junto às ruínas da sua antiga casa, que foi quase completamente destruída pelo ciclone Idai. A cidade foi uma das mais afetadas pela passagem do ciclone, a 14 de março de 2019. Uma catástrofe que deixou um rasto de destruição e que já é uma das maiores tragédias da história do país.
Foto: Reuters/Z. Bensemra
O ciclone Idai visto pela NASA
Esta imagem de satélite foi feita pela NASA e mostra a aproximação do ciclone Idai à costa dos países africanos. "A situação é terrível, a magnitude da devastação é enorme", disse na ocasião o líder da equipa de avaliação da Cruz Vermelha na Beira, Jamie LeSueur.
Foto: NASA
Crise humanitária sem precedentes
Em Moçambique, o ciclone Idai afetou mais de 1,5 milhões de pessoas, segundo o mais recente balanço. Deixou pelo menos 602 mortos e 1.641 feridos. A 27 de março, as autoridades do país declararam um surto de cólera. Isso porque, após a passagem do ciclone, a 14 março, seguiram-se chuvas intensas e inundações.
Foto: Reuters/S. Sibeko
Moisés, o bebé que nasceu em cima de uma árvore
Enquanto Moçambique avaliava os estragos do ciclone Idai, em toda a província de Sofala, cerca de 5 mil pessoas esperavam por socorro em cima de árvores e tetos de casas. Em Búzi, um dos distritos mais afetados pelo Idai, um bebé, que recebeu o nome de Moisés, nasceu em cima de uma árvore. Como a personagem bíblica, este Moisés também foi salvo das águas.
Foto: DW
Cheias em Tete
Em Tete, as cheias que seguiram à passagem do ciclone afetaram pelo menos 900 famílias. Dessas, cerca de 600 foram acolhidas no centro de acomodação do Instituto Industrial e Comercial de Matundo. Entretanto, as dificuldades foram enormes. Com a falta de tendas, as famílias juntavam os seus pertences debaixo de árvores.
Foto: DW/A. Zacarias
OMS contra a cólera
Uma mulher vítima de cólera é transportada por profissionais de saúde. Após o devastador ciclone Idai, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou estar a preparar-se para um possível aumento acentuado da doença. 900 mil vacinas contra a cólera foram enviadas para o país. Na cidade mais afetada, a Beira, foram instalados três centros de tratamento.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Mukwazhi
Depois do desastre, a cólera
Cerca de 800 mil pessoas foram vacinadas contra a cólera até 11 de abril, numa campanha para evitar a propagação da doença em quatro distritos afetados pelo ciclone Idai na província de Sofala. Dados oficiais indicam que pelo menos sete pessoas morreram devido ao surto, até 9 de abril, registando-se 535 casos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Mukwazhi
Solidariedade alemã
O Governo da Alemanha aumentou a ajuda humanitária para um total de 5 milhões de euros. Diversas organizações humanitárias e igrejas cristãs pediram donativos. Cruz Vermelha alemã, Caritas Alemanha, Diocese de Hamburgo, Diakonie Katastrophenhilfe, Action Medeor, foram algumas das instituições alemãs que estiveram a apoiar os moçambicanos.
Foto: Aktionsbündnis Katastrophenhilfe
Artistas e desportistas apoiam vítimas
O concerto solidário "Mão dada a Moçambique" promovido pela cantora moçambicana Selma Uamusse, decorreu no dia 2 de abril em Lisboa e conseguiu angariar cerca de 300 mil euros para as vítimas do Idai. Surfistas e futebolistas em Portugal uniram-se ao movimento de solidariedade em vários eventos. Houve também concertos para angariar fundos em Nampula e no Niassa, no norte de Moçambique.
Foto: Vera Marmelo
Falta de médicos e medicamentos nos hospitais da Beira
Equipas da cruz vermelha trabalham para ajudar sobreviventes. Mas nos postos de saúde da Beira, a cidade mais afetada pelo ciclone Idai, há longas filas de pacientes, todos os dias. Queixam-se da falta de médicos e de medicamentos. A Cruz Vermelha Portuguesa montou um hospital de campanha em Macurungo, que diariamente atende mais de 300 pessoas.
Foto: Reuters/IFRC/RCRC Climate Centre
Sem electricidade
Um mês após o ciclone, a empresa estatal Electricidade de Moçambique (EDM) anunciou que precisa de 106 milhões de euros para a recuperação das infraestruturas destruídas pelo ciclone Idai no centro do país. Mais de 95% dos clientes da EDM nas províncias de Sofala, Manica, Tete e Zambézia ficaram sem energia elétrica.
Foto: Getty Images/AFP/A. Barbier
Ajuda para reconstruir o futuro
Enquanto os moçambicanos tentam reconstruir as suas vidas, a Comissão Europeia anunciou na terça-feira (09.04) uma verba adicional de 12 milhões de euros de ajuda humanitária para as populações afetadas pelo ciclone Idai em Moçambique. Esse país receberá a maior fatia da ajuda (sete milhões de euros), seguido por Zimbabué (quatro milhões) e Malawi (um milhão de euros).