A província da Zambézia continua a perder grandes plantações de coqueiro por causa da doença do amarelecimento letal. A situação preocupa as famílias que vivem da produção e venda do coco, que já escasseia na província.
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Há 30 anos, a província da Zambézia era a maior produtora de coco em Moçambique e uma das maiores produtoras do mundo. Hoje, grande parte das vastas plantações de coqueiros que constituíam a base da economia da província foi destruída pela doença que começa com o amarelecimento das folhas do coqueiro.
A população lamenta a perda das plantações. Alguns produtores afirmam que a pobreza das famílias aumentou. Américo Selemane é um dos afetados: "Sou do povoado de Ilalane, os coqueiros tão a morrer pouco a pouco, muitas pessoas fugiram do campo para a cidade por causa desta desgraça."
Bartolomeu Cabaço, residente em Quelimane, lamenta: "Nos tempos em que tínhamos coqueiros vivíamos livres, e agora estamos a viver muito mal, saí de Chinde para Quelimane, perdi todas plantas."
Menos coco no prato
As consequências da perda dos coqueiros já chegaram à gastronomia da Zambézia. Nos últimos anos, devido à escassez do coco, o frango assado, a mucapatha, o mucuane e outros pratos típicos da província
passaram a ser preparados sem ou com menos coco.
Como alternativa, as famílias recorrem ao óleo de girassol. Mas afirmam que não é a mesma coisa.
13.07 Praga de coqueiros na Zambézia - MP3-Mono
Nos mercados de Quelimane, os revendedores afirmam que os preços triplicaram. Dependendo do tamanho, um coco que antes custava 7 meticais, hoje pode custar entre 20 e 45 – cerca de 65 cêntimos de euro. Queixam-se também da venda de lanhos, cocos que não estão maduros.
Zambezianos querem intervenção do Governo
Domingos conta que "o coco está muito raro por causa de amarelecimento letal dos coqueiros" e sugere uma intervenção do Governo neste caso: "Compramos cocos mais pequenos a 16 Mts por unidade e vendemos a 20 Mts. Se houvesse formas de o Governo proibir a venda de lanho não teríamos problemas da falta de coco em Quelimane. Ultimamente vendem-se mais lanhos que cocos."
Leonel Fernando diz que "a situação de coco este ano é caótica, já não é como antes. Antigamente vendíamos entre 5 a 7 meticais. Agora o negócio não corre bem porque as pessoas não compram, o coco está caro."
Apesar desta subida de preço, há quem não deixe de consumir o coco. É o caso de Fausia José: "Compro assim mesmo, que fazer? Já estamos acostumados ao caril preparado com leite de coco."
As autoridades governamentais pretendem incrementar a produção de coco fazendo o replantio de novas mudas de coqueiro.
Carnaval fora de horas em Quelimane
Após alguns adiamentos controversos, sai à rua aquele que é considerado o Carnaval mais popular de Moçambique. No ano em que Quelimane celebra o 75º aniversário de elevação a cidade, festeja-se o "Carnaval do Brilhante".
Foto: DW/M. Mueia
A controvérsia do "Carnaval do Brilhante"
A festa estava prevista para fevereiro, tal como é habitual, mas a autarquia decidiu adiar as celebrações, após um naufrágio que fez várias vítimas mortais no rio Chipaca. O Carnaval foi adiado para agosto, quando Quelimane celebra o 75º aniversário da elevação a cidade, mas a decisão foi muito criticada. Finalmente, o edil Manuel de Araújo anunciou a realização do Carnaval entre 21 e 30 de abril.
Foto: DW/M. Mueia
A caminho do desfile
A multidão dirige-se para as avenidas principais da cidade para assistir ao desfile dos grupos foliões. Todos os anos, milhares de pessoas participam naquele que é considerado o Carnaval mais popular de Moçambique. Ainda assim, numa edição marcada pelos adiamentos, muitos munícipes queixam-se que já não é altura de celebrar o Carnaval e preferem ficar em casa.
Foto: DW/M. Mueia
Foliões nas ruas
Tal como manda a tradição carnavalesca de Quelimane, a festa abriu com o desfile, esta sexta-feira (21.04). Segundo a autarquia, o evento de abertura do Carnaval contou com 25 grupos de foliões de bairros financiados pela edilidade, num valor de 25 mil meticais para cada grupo. No total, 35 grupos participam no evento, incluindo grupos de empresas e outros espontâneos.
Foto: DW/M. Mueia
Um carro ou um avião?
É um dos elementos tradicionais do desfile de Carnaval em Quelimane: o carro alegórico. Neste caso, um carrinho de mão revestido a sacos de plástico e madeira, com duas asas laterais, faz a vez de uma aeronave.
Foto: DW/M. Mueia
Cor e brilho rumo à coroação
Após o desfile, os grupos foliões apresentam ao júri do evento as suas indumentárias e coreografias. Cada grupo tem um rei e uma rainha, selecionados com base no seu domínio da dança. No final do evento, são eleitos entre os bairros e empresas participantes o rei e a rainha do Carnaval.
Foto: DW/M. Mueia
O Homem-Elefante
No meio do público do Carnaval, uma máscara original: um fato de elefante feito com folha de coqueiro, localmente conhecida como "essupa". A "essupa" é usada na preparação do fogo para cozinhar na província da Zambézia. Muitos jovens aproveitam o Carnaval para se vestirem de animais selvagens, não só para divertir os espectadores, mas também para alertar para a importância da preservação da fauna.