Jurista moçambicano Carlos Serra Júnior pede mais esforços para a conservação do arquipélago localizado na província moçambicana de Inhambane.
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As alterações climáticas e a ação negativa do homem têm contribuído para os danos ambientais na região: o arquipélago de Bazaruto está a sofrer com a erosão fluvial e o excesso de lixo tem levado ao desaparecimento de espécies marinhas que são foco de atração de turistas.
O arquipélago de Bazaruto é um destino de eleição entre os turistas que visitam Vilankulo – considerada uma "zona de turismo de excelência". No entanto, devido às alterações climáticas e à ação do homem, a região corre o risco de perder visitantes.
Fiscalização
A ilha está ameaçada pela subida do nível das águas do mar e os efeitos da erosão já se fazem sentir. O ambientalista moçambicano Carlos Serra Júnior diz que a situação é crítica: "Nós sabemos que a subida do nível das águas do mar é uma realidade. Há vários pontos já críticos em termos de erosão, isso nota-se".
Por isso, o ambientalista defende que deve ser feito "um trabalho de mitigação" para travar a ameaça. "A Ilha de Bazaruto está a sofrer bastante, principalmente na região das lagoas", afirma.
O ativista e jurista moçambicano defende também que seja feita uma fiscalização para salvaguardar a ilha de Bazaruto, nomeadamente as espécies marinhas - que são as maiores atrações turísticas da região. Para Carlos Serra Júnior, "sem dúvida que há um trabalho a fazer" para a proibição da caça ou pesca destas espécies que "estão numa situação de proteção total".
"Se a fiscalização não estiver à altura do desafio, corremos o risco de perder alguns destes recursos que são o chamariz fantástico para a industria do turismo", alerta o ativista.
Sensibilizar visitantes
4.12 Conservação da Ilha de Bazaruto - MP3-Mono
O lixo também é um problema. Nas praias da região, vêem-se plásticos, garrafas e redes de pesca ao abandono. E a população de tartarugas, baleias, raias, jamantas, tubarões e outras espécies está a descer significativamente no arquipélago.
Carlos Serra Júnior afirma que é preciso sensibilizar os visitantes e pescadores em Bazaruto: "É preciso conmpreender o que está a acontecer às espécies por causa do aumento da quantidade de plástico e outros resíduos no oceano, mas também determinadas zonas próximas do reassentamento humano, o impacto dos tipos de poluição. É preciso trabalhar com os nossos pescadores para uma consciencialização".
Parque Nacional da Gorongosa: uma história de sucesso
Depois de dizimado com a guerra civil moçambicana, muitos desistiram de recuperar a vida sevagem do parque. Mas uma fundação apostou na recuperação. O maior parque de vida selvagem do país é hoje exemplo de prosperidade.
Foto: Gorongosa National Park/Clive Dreyer
Só, nunca mais
O Parque Nacional da Gorongosa tem uma história turbulenta. Até há uns anos, este leão poderia sentir-se solitário, mas entretanto a população de leões cresceu. Hoje o parque tem uma área de mais de 4.000 quilómetros quadrados, com uma zona tampão adicional de 3.300 quilómetros quadrados. Uma relíquia num país de 25 milhões de habitantes.
Foto: Gorongosa National Park/Ticky Rosa
Paisagem de perder de vista
O parque está localizado no extremo sul do Grande Vale do Rift, que vai desde a Etiópia, Quénia e Tanzânia, antes de terminar em Moçambique. Esta característica geológica única cria um enorme vale cercado de planaltos. No geral, cerca de dois terços do vale são constituídos por savana, 20% são pastagens e o restante é área de floresta.
Foto: Gorongosa National Park/James Byrne
Memória de elefante
Embora parte da área do parque tenha sido reservada para zona privada de caça, em 1920, as autoridades coloniais portuguesas criaram o parque nacional até 1960. Depois da guerra de libertação, Moçambique tornou-se independente em 1975. Seguiu-se a guerra civil que terminou em 1992. Alguns elefantes mais velhos estão ainda traumatizados pelo conflito.
Foto: Gorongosa National Park/Jean Paul Vermeulen
Dias sombrios do parque
Em 1977, dois anos depois da independência, Moçambique mergulhou numa violenta guerra civil. O parque foi duramente afetado. A Resistência Nacional Moçambicana instalou o seu comando central numa zona do parque. As duas partes em conflito dizimaram animais para alimentação e tráfico de marfim, para financiar a guerra. Em 1983, o parque foi encerrado e abandonado.
Foto: Gorongosa National Park/Jean Paul Vermeulen
O regresso a casa
Depois da guerra civil ter terminado em 1992, o parque permaneceu fechado. Estima-se que entre 90% e 95% da vida selvagem do parque se tenha perdido. Dados daquela altura apontam para apenas 15 búfalos, 5 zebras, 6 leões, 100 hipopótamos e 300 elefantes. Os primeiros animais a regressar foram aves. Hoje, o parque alberga mais de 400 espécies.
Foto: Gorongosa National Park/Piotr Naskrecki
Clima especial para circunstâncias especiais
Devido à sua topografia, o parque tem vários microclimas e um ciclo anual de estações húmidas e secas, o que contribui para a sua diversidade.
Num esforço para revitalizar o parque, foram contratados novos funcionários, em 1994, com o apoio do Banco Africano de Desenvolvimento e da União Europeia. Lentamente, o espaço estava a recuperar, mas às vezes a natureza precisa de uma mão amiga.
Foto: Gorongosa National Park/Paul Kerrison
Esforços de todas as partes
Em 2004, a Fundação Carr, com sede nos Estados Unidos, aliou-se ao Governo de Moçambique num projeto para reconstruir o parque e reintroduzir animais. Um esforço para restaurar vida selvagem devastada. Este projeto piloto teve tanto sucesso que em 2008 a fundação e seu fundador, Gregory Carr, concordaram em continuar a recuperar o parque, acordando numa gestão conjunta por mais 20 anos.
Foto: Gorongosa National Park/Piotr Naskrecki
Um verdadeiro final feliz
O Parque Nacional da Gorongosa passou por várias etapas: de reserva de caça privada, a parque nacional e campo de batalha antes de voltar a ser um parque nacional. Nos últimos anos, muitos milhões foram investidos no parque e nas comunidades locais. É a prova viva que a vida selvagem pode renascer das cinzas - com paciência, muita força de vontade e dinheiro.