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Cabo Delgado: Ameaça terrorista prevalece, alerta SADC

Lusa
20 de maio de 2022

O chefe da Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM) alerta que a ameaça terrorista em Cabo Delgado prevalece, apesar das derrotas que os rebeldes.

Foto: DW

"Estamos a estabilizar a situação, mas não podemos dizer que já vencemos o terrorismo", declarou Mpho Molomo, durante uma palestra para estudantes da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo.

Segundo o chede da SAMIM, os grupos terroristas que aterrorizam a província desde 2017 continuam nas matas, estando, esporadicamente, a efetuar contraofensivas, que só podem ser travadas com a cooperação das forças da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

"Temos de cooperar para garantir que se há um ataque deste lado, os terroristas sejam bloqueados do outro", declarou Mpho Molomo, admitindo que as forças estrangeiras que apoiam Moçambique no combate ao terrorismo ainda não destruíram todas as bases dos rebeldes.

Por outro lado, o chefe da SAMIM alertou para os traumas do conflito entre mulheres e crianças afetadas pela ação dos rebeldes.

"Tive a oportunidade de visitar alguns dos centros de acolhimento e é chocante perceber como as pessoas podem ser brutais. Conheci mulheres que foram violadas nas florestas. Quando eles capturam uma mulher, primeiro a submetem a um teste de sida e, caso ela tenha o resultado negativo, eles tomam-na como uma esposa", declarou.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Desde julho do ano passado, a ofensiva das tropas governamentais com apoio externo permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas de Cabo Delgado onde havia rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.

Além da SADC, as forças moçambicanas contam com o apoio de soldados e polícias do Ruanda, no âmbito da cooperação no domínio da defesa entre os dois Estados.

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