Moçambique: Guterres e Nyusi debatem desafios do país
Lusa
13 de junho de 2020
Numa conversa telefónica, esta sexta-feira (12.06), os dois debateram as medidas adotadas pelo Governo para ajudar as populações afetadas pelos ataques em Cabo Delgado. Falaram ainda sobre o acordo de paz no país.
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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, e o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, discutiram, esta sexta-feira (12.06), a violência armada em Cabo Delgado, onde desde 2017, pelo menos, 600 pessoas morreram em ataques de grupos terroristas e cerca de 200 mil foram obrigadas a refugiar-se em lugares mais seguros.
"Durante uma conversa telefónica, de forma breve, abordaram sobre a situação dos ataques terroristas na província de Cabo Delgado, onde se verificava, como resultado de ataques, uma tendência do registo de centenas de deslocados, destruição de infraestruturas", lê-se numa nota da Presidência da República de Moçambique.
Segundo o mesmo documento, Guterres e Nyusi discutiram as medidas que o governo moçambicano tem adotado na assistência às populações afetadas, bem como "o papel importante" das agências da ONU, com destaque para o trabalho do Programa Alimentar Mundial.
Além da violência armada em Cabo Delgado, António Guterres e Filipe Nyusi abordaram o acordo de paz entre o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), um processo que registou progressos nos últimos dias, com a entrega de armas de um total de 38 guerrilheiros do braço armado do principal partido de oposição no âmbito dos entendimentos assinados em agosto de 2019.
"RENAMO mostra vontade”
"No que tange ao processo de paz em Moçambique, o Presidente da República partilhou os últimos desenvolvimentos no processo de diálogo, sobretudo a retomada da Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR) que se pretende célere e efetivo, com a RENAMO a mostrar vontade política para prosseguir até ao seu término", refere a nota.
"Os dois dirigentes reafirmaram o seu empenho em aprofundar a cooperação multilateral no enfrentamento dos desafios globais, com impacto em Moçambique e no mundo", concluiu a nota.
Acordo de Paz histórico em Moçambique
Em Moçambique, o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, formalizaram na quinta-feira (01.08) o fim das hostilidades militares no país. O acordo, já considerado histórico, é o terceiro em 25 anos.
Foto: DW/A. Sebastião
Acordo histórico
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, erguem o acordo de paz e fim das hostilidades, que foi assinado na Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país. O local é conhecido como bastião da RENAMO. O acordo tem como objetivo acabar com os confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
Foto: DW/A. Sebastião
Anos de hostilidade
"Estamos aqui em Gorongosa para dizer a todos moçambicanos e ao mundo inteiro que acabámos de dar mais um passo, que mostra que a marcha rumo à paz efetiva é mesmo irreversível", declarou Filipe Nyusi, referindo-se ao acordo assinado com a RENAMO. É o terceiro documento após anos de hostilidades. O primeiro foi assinado em 1992, em Itália - o chamado Acordo Geral de Paz de Roma.
Foto: DW/A. Sebastião
Virar a página
"Com esta assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares, queremos garantir ao nosso povo e ao mundo que enterramos a lógica da violência como forma de resolução das nossas diferenças", afirmou o líder da RENAMO, Ossufo Momade, ressaltando que "a convivência multipartidária será o apanágio de todos partidos políticos".
Foto: DW/A. Sebastião
Silenciar das armas
O pacto cala oficialmente as armas e prolonga de forma definitiva uma trégua que durava desde dezembro de 2016, depois de vários anos de confrontos armados entre as forças governamentais e o braço armado da RENAMO.
Foto: DW/A. Sebastião
Abraço da paz
Na cerimónia de assinatura do acordo, o Presidente de Moçambique Filipe Nyusi mostrou-se otimista em relação aos próximos anos, dizendo que "a incerteza deu ligar à esperança e o futuro de Moçambique é promissor".
Foto: DW/A. Sebastião
"Paz vai ser testada nas eleições"
Este novo acordo é um passo muito importante para Moçambique e também para todos os partidos. Daviz Simango, líder do MDM, esteve na cerimónia e alertou: "Temos que trabalhar muito neste processo eleitoral que se avizinha. Portanto, se o STAE nos proporcionar o teatro, que tem vindo a fazer de ciclo em ciclo eleitoral, pode proporcionar o retorno a essas situações de conflitos militares".
Foto: DW/A. Sebastião
Unidos pelo acordo
Horas depois da assinatura do acordo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse na Beira que o Governo e a RENAMO vão unir-se para debelar qualquer tentativa de prejudicar o acordo de cessação definitiva de hostilidades militares.