Ex-administradora do Dondo é condenada em primeira instância
Arcénio Sebastião
10 de março de 2020
Um tribunal na província de Sofala condenou em primeira instância a antiga administradora do Dondo, Graça Correia, a dois anos de prisão e pagamento de multa por "abuso de cargo". A defesa pode recorrer da sentença.
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A antiga administradora do distrito do Dondo, na província moçambicana de Sofala, foi condenada em primeira instância a dois anos de prisão e a pagar dez meses de multa. Graça Correia foi considerada culpada pelo crime de "abuso de cargo”, mas a defesa ainda pode recorrer da sentença.
Correia teria alegadamente favorecido a progressão e mudança de carreira de alguns quadros do setor de educação do distrito, que supostamente estavam prestes a ir para reforma. Assim, os funcionários garantiriam melhor benefício de aposentadoria. A administradora também teria incorrido em "imposição arbitrária" ao alegadamente criar sobretaxas na exploração de areia para a construção civil.
A sentença foi proferida pelo juiz presidente do distrito do Dondo, Leonilde Muhate, nesta segunda-feira (09.03).
Ex-administradora de Dondo é condenada em primeira instância
No decurso das audições que antecederam a leitura da sentença, Correia terá reconhecido a culpa perante o coletivo de juízes do tribunal judicial de Dondo-Sofala, mas alegou que não agiu de má-fé e que desconhecia procedimentos e normas.
O advogado de defesa da administradora, Joaquim Martins, sublinhou que a alegação de corrupção feita contra Correia não ficou provada em tribunal. "Que fique claro que nem do próprio processo da acusação a co-ré Graça [Correia] foi acusada de crime de corrupção. A defesa vai recorrer desta decisão para ver se provém uma decisão que se ajuste mais ao direito e à justiça", disse Martins.
O caso foi movido pelo Gabinete Provincial de Combate à Corrupção em 2018. Graça Correia é a atualmente administradora de Namacurra, distrito da província Zambézia.
Ciclones em Moçambique: Agora, a reconstrução
A cidade da Beira recebe durante dois dias a conferência internacional de doadores, após os ciclones Idai e Kenneth. Os ciclones afetaram mais de 1,5 milhões de pessoas. Este é um retrato de um país abalado.
Foto: Lena Mucha
Ajuda chega à Beira
Helena Santiago, de 53 anos, trabalha nos escombros da sua casa no bairro dos CFM - Maquinino, na Beira, onde vive com o marido e oito filhos. A sua casa não resistiu ao ciclone Idai. A conferência internacional de doadores que começa esta sexta-feira (31.05) na Beira poderá ser uma esperança para muitos afetados como Helena Santiago, pois uma das metas é a reconstrução.
Foto: Lena Mucha
Beatriz
Beatriz é fotografada com três dos sete filhos em frente ao seu campo de milho devastado. A sua aldeia natal, Grudja, esteve dias a fio debaixo de água. Beatriz e os filhos conseguiram salvar-se das enchentes que surpreenderam os moradores na manhã de 15 de março. Durante três dias, as pessoas ficaram à espera de ajuda no telhado da escola ou em cima das árvores, ou até que a água baixasse.
Foto: Lena Mucha
Centro de saúde destruído
Pacientes e crianças estão à espera de serem atendidos por uma equipa de emergência em frente ao centro de saúde de Grudja. O centro foi completamente destruído pelas inundações. Medicamentos e materiais de tratamento ficaram inutilizáveis devido à água.
Foto: Lena Mucha
Salvação
No telhado da escola primária Nhabziconja 4 de Outubro, muitas das pessoas salvaram-se das inundações. Algumas semanas depois do desastre, esta escola conseguiu retomar as aulas. Muitas outras escolas, no entanto, continuam fechadas.
Foto: Lena Mucha
Regina
Regina trabalha com a sogra, Laina, na sua propriedade. Antes da passagem do ciclone, Regina morava com o marido e os cinco filhos numa aldeia próxima de Grudja. As inundações destruíram a sua casa e as plantações. Ela e o marido refugiaram-se em cima de uma árvore e sobreviveram. Alguns dos seus filhos morreram nas inundações, outros ainda estão desaparecidos.
Foto: Lena Mucha
No Revuè
O rio Revuè, na localidade de Grudja, transbordou devido às fortes chuvas após o ciclone, inundando grande parte das terras circundantes. Nesta foto, tirada depois do nível da água ter voltado ao normal, estas mulheres lavam a roupa nas margens do rio.
Foto: Lena Mucha
Campos arruinados
Nesta imagem, as jovens Elisabete Moisés e Victória Jaime e Amélia Daute, de 38 anos, estão num campo de milho arruinado. Como muitos outros, tiveram que esperar vários dias nos telhados de Grudja depois das fortes chuvas, em meados de março. 14 dos seus vizinhos, incluindo 9 crianças, afogaram-se durante as inundações.
Foto: Lena Mucha
Escola primária tornou-se hospital
Mulheres e crianças estão à espera de tratamento médico, dado por uma equipa de emergência numa escola primária no distrito de Búzi, a oeste da cidade costeira da Beira. O ciclone Idai atingiu a costa moçambicana nesta cidade de cerca de 500 mil habitantes no dia 15 de março.
Foto: Lena Mucha
Fila para sementes
Em muitas partes do país, as plantações ficaram destruídas pelas enchentes. Durante um ano, pelo menos 750 mil pessoas deverão ficar dependentes de alimentos, segundo estimativas do Programa Alimentar Mundial. Em Cafumpe, no distrito de Gondola, 50 famílias receberam sementes de milho, feijão e repolho da organização de assistência alemã Johanniter e da ONG local Kubatsirana.
Foto: Lena Mucha
Reconstrução
Em Ponta Gea, na Beira, regressa-se à vida quotidiana. Muitas infraestruturas foram destruídas pelo ciclone. Nesta foto, cabos de energia destruídos e linhas telefónicas estão a ser reparados. Mas, a poucos quilómetros daqui, aldeias inteiras precisarão de ser reconstruídas. Em muitos sítios, ainda falta água e alimentos.