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CriminalidadeMoçambique

Moçambique: Assaltos à Justiça em Chimoio geram inquietação

Bernardo Jequete (Chimoio)
14 de fevereiro de 2024

Continua por esclarecer completamente o caso do assalto à procuradoria em Chimoio, na província moçambicana de Manica. Quatro menores foram indiciados pelo crime. As autoridades pedem mas tempo para investigar.

Centro da cidade de Chimoio
Centro da cidade de Chimoio onde ocorreram os assaltosFoto: Bernardo Jequete/DW

No final de janeiro, desconhecidos arrombaram a janela do gabinete do procurador-chefe em Chimoio, capital da província de Manica, numa altura sem presença de seguranças; levaram um computador portátil, um telemóvel e uma pen-drive com informação classificada.

O procurador-chefe Remigy Guiamba avança que o processo está em fase de instrução: "Claro que não será instruído pela procuradoria da cidade, se não estaria a agir em causa própria", esclarece Guiamba. "Ainda estamos numa fase muito embrionária e a instrução é complexa", explicou o procurador-chefe à DW África.

Suspeita-se que a intenção do assalto era localizar dois processos específicos.

Pouco depois do incidente, as autoridades indiciaram quatro menores pelo crime. O porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica, Mateus Mindú, revelou que a corporação já conseguiu recuperar o computador roubado.

Jovens indiciados com antecedente criminal

"Houve arrombamento e introduziram-se [no gabinete do procurador-chefe] tendo vasculhado alguns documentos. Já estamos a interagir com outras instâncias visando tomar os passos legais subsequentes", assegurou.

Atas de processos salvaguardados em Chimoio Foto: Bernardo Jequete/DW

Segundo a polícia, os menores indiciados já praticaram outros crimes, com destaque para o roubo de cerca de 450 mil meticais (mais de 6.500 euros) num estabelecimento comercial.

O procurador-chefe Remigy Guiamba sublinha que é preciso "mais tempo" para investigar o caso da procuradoria a fundo.

"A única coisa que posso adiantar é que, daqueles menores que foram apresentados, um deles já tem 16 anos e, para efeitos de responsabilização criminal, já é possível ouvi-lo e julgá-lo em tribunal".

Dias depois da imprensa noticiar o caso da procuradoria em Chimoio, foi reportado um outro assalto, ao Gabinete Provincial de Combate à Corrupção, em que também teriam sido levados processos.

O jurista Faizal Castigo está preocupadoFoto: Bernardo Jequete/DW

Motivo de preocupação

O jurista Faizal Castigo considera ambos os casos preocupantes. "Esses assaltos mostram-nos claramente que há muita fragilidade [nessas instituições], olhando para o roubo de material informático e processual", disse o jurista à DW África, rematando: "Esse material não devia ficar exposto ao público."

A Associação Moçambicana dos Magistrados do Ministério Público (AMMMP) manifesta-se igualmente preocupada com os assaltos. Os magistrados alertam que "os episódios descritos demonstram ausência de segurança nos órgãos de justiça e colocam em perigo as funções adstritas aos magistrados".

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