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Criminalidade

Morte de jovem albino preocupa população da Zambézia

18 de janeiro de 2018

A morte de um rapaz albino, na província moçambicana da Zambézia, está a preocupar populares e Polícia. O rapaz, de 11 anos de idade, foi encontrado pelas autoridades no fim de semana, após um alerta da população.

Foto ilustrativaFoto: picture-alliance/AP Photo/J. Martin

Polícia, ativistas dos direitos humanos e professores mostram a sua preocupação pelo recente assassinato de um jovem albino na região fronteiriça com o Malawi. Dois suspeitos foram detidos e os residentes temem que haja mais casos do género, depois de meses sem notícias de sequestros ou assassinatos de albinos. 

Jovem sequestrado em casa

O menino foi sequestrado quando se encontrava em casa com os pais, no distrito de Milange, junto à fronteira com o Malawi. Foi depois assassinado e, para Miguel Caetano, porta-voz da polícia da Zambézia, a intenção seria a de usar partes do corpo do menor albino em rituais: “As causas são sempre as mesmas com aqueles órgãos, que os autores possam ter um enriquecimento ilícito. Sabemos que, em todos os assassinatos que ocorrem em Milange, a finalidade é sempre a mesma, e temos o registo de mais dois casos, suspeitando-se que os indivíduos estejam a residir no Malawil, adianta o responsável.

Síilvio Silva, ativista dos direitos humanos em MoçambiqueFoto: DW/M. Mueia

Há comunidades que acreditam que as partes do corpo de albinos têm poderes sobrenaturais, não sendo este o primeiro caso na província. No ano passado foram registados pelas autoridades pelo menos 20 mortes de albinos. Porém, há alguns meses que não havia registo de sequestros ou assassinatos.

Estudantes e professores receiam deslocações para a escola

O professor do ensino primário Horácio Gasolina sublinha que esta notícia deixa apavorados pais e alunos com albinismo, obrigados a percorrer longas distâncias a pé para a escola: “Há grande medo que algumas crianças não possam ir para a escola por causa dessas ameaças”.

E Gasolina reconhece, atalhando que “temos que ser vigilantes, e a polícia deve fazer o seu trabalho com base nas nossas denúncias”.

Miguel Caetano, porta-voz da Polícia, assegura que a autoridade está atenta, e que uma das medidas tomadas passou pelo reforço da cooperação com a Polícia do Malawi: “Existiram, em tempos, muitos casos. O distrito de Milange estava no pico em termos de assassinatos, mas nos últimos tempos tem-se vindo a reduzir, fruto do trabalho desencadeado pela Polícia moçambicana em cooperação com a sua congénere do Malawi.”

Moçambique: Assassinato de albinos preocupa população da Zambézia

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Vigilância não se deve confinar a Maputo

O ativista dos direitos humanos Sílvio Silva valoriza o esforço e o trabalho das autoridades, reconhecendo que “a Polícia está a trabalhar, mas o problema é que os traficantes têm mais técnicas do que a própria Polícia.” 

Mas deixa um aviso: “As técnicas de combate a estes crimes não se podem só fazer sentir em Maputo, devem também fazer-se sentir nas zonas recônditas, onde a população está, porque os albinos vivem também nas comunidades e não só nos centros urbanos. A outra questão tem a ver com a fragilidade da nossa fronteira em Milange, que escapa ao nosso controlo”, conclui.

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