Na província do Niassa, norte de Moçambique, a polícia deteve três indivíduos acusados de assassinarem um homem careca, que foi degolado. As autoridades estão preocupadas e pedem ajuda.
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Foi a polícia que encontrou a cabeça do homem de 60 anos de idade do povoado de Mpua, no distrito de Mecanhelas. Segundo Alves Mate, porta-voz da Polícia da República de Moçambique no Niassa, os três indivíduos mataram o cidadão com catanas.
"O caso ocorreu quando a vítima estava a dormir na varanda da sua casa, onde foi surpreendido por esses bandidos. Sequestraram-no e levaram-no para a mata daquele povoado onde seria assassinado. Esses indivíduos decapitaram a vítima e levaram a cabeça com eles", disse o porta-voz. Os suspeitos foram detidos pela polícia. Alves Mate diz que a detenção só foi possível graças a denúncias dos populares.
"Na verdade eles ainda não confessaram, ainda estamos a trabalhar com eles mas, segundo informações na nossa posse, de acordo com indícios e depoimentos recolhidos aqui a perseguição de pessoas carecas é motivada pelas crenças praticadas com ossadas e outras partes do corpo humano que são usadas em rituais porque supostamente atraem riqueza."
Primeiro caso do géneroEste é o primeiro caso do género na província de Niassa, mas não é o único em Moçambique. No país, já houve registo de outros ataques. Algumas comunidades acreditam que os órgãos de um homem careca têm poderes sobrenaturais. Por isso, as pessoas calvas são perseguidas, à semelhança dos albinos.
Sarmento Bacelar, advogado e ativista dos direitos humanos, sublinha que isto é inaceitável e que é preciso fazer mais para travar este fenómeno.
07.09.17 Homem careca assassinado no Niassa - MP3-Mono
"Esse tipo de situações não tem nenhuma diferença com o que aconteceu há um ano ou dois anos atrás. A sociedade deve evidenciar todos esforços com vista também estancar esse mal como lidou com as questões ligadas ao albinismo porque esses cidadãos primeiro são moçambicanos, são africanos e fazem parte deste mundo. Eles são iguais a qualquer um de nós", sublinha Bacelar.
Para solucionar esses problemas o porta-voz da polícia no Niassa, Alves Mate, pede ajuda às comunidades. "Este é um caso preocupante, e pelo facto temos tido reuniões de ligação entre a polícia e a comunidade. Estes encontros estão a ser realizados ao nível de todos distritos e aqui na cidade de Lichinga temos apelado às comunidades para colaborem com a polícia denunciado casos de género ou qualquer outro porque a situação é precoupante".
Homenagem fotográfica aos albinos moçambicanos
Da autoria do fotógrafo brasileiro Davy Alexandrisky, a mostra "Preto Branco" é composta por 45 fotos e abriu ao público no início de agosto no Centro Cultural Brasil-Moçambique, em Maputo. Uma celebração das diferenças.
Foto: D. Alexandrisky
Celebração das diferenças
As fotos foram recolhidas em Moçambique pelo fotógrafo e artista visual brasileiro Davy Alexandrisky. A exposição procura mostrar o quotidiano dos albinos no trabalho, nos momentos de lazer e na vida privada, e sensibilizar para a luta pelos seus direitos. "A exposição é a celebração da vida plena a partir das diferenças", afirma Alexandrisky.
Foto: L. C. Matias
"Somos todos iguais"
Segundo Milton Munjovo, vice-presidente da Associação Amor à Vida, parceira do projeto, a principal mensagem que se pretende transmitir é de igualdade entre todos, respeito pelos direitos e dignidade de cada um. Munjovo defende a implementação de medidas de proteção dos albinas, como o acesso à educação, saúde e emprego, para melhorar a condição destas pessoas.
Foto: L. C. Matias
Afetos sem fronteiras
O amor, o carinho e o afeto ao próximo são marcas dominantes nestas fotos. "Homens e mulheres, negros e negras, não deixam de o ser por falta de melanina no organismo", escreve o autor da exposição.
Foto: L. C. Matias
Sensibilizar para os direitos dos albinos
Visitantes posam ao lado das fotografias no Centro Cultural Brasil-Moçambique, num gesto de empatia e cumplicidade com a causa. Em alguns países africanos, há registo de raptos e assassinatos de pessoas albinas, praticados por indivíduos que acreditam que poções ou amuletos produzidos a partir de partes do seu corpo têm poderes mágicos.
Foto: L. C. Matias
Pele diferente, hábitos iguais
Em Maputo, o local da exposição, uma jovem albina recorre a um serviço ambulante de estética para envernizar as unhas. O objectivo da mostra é precisamente demonstrar que os albinos são iguais aos outros seres humanos, apesar de necessitarem de uma atenção especial para proteger a vista e a pele da radiação solar.
Foto: Davy Alexandrisky
Poses espontâneas
As 45 fotografias que compõem a exposição "Preto Branco" foram captadas espontaneamente. Cada um posou ao seu gosto, de acordo com o autor Davy Alexandrisky. Na imagem, um par de jovens - ela albina, ele não - distribui música e sorrisos.
Foto: D. Alexandrisky
Menos casos de raptos
Não tem havido raptos e assassinatos de albinos nos últimos tempos, contrariamente ao terror que se vivia nesta altura em 2016, afirma Milton Munjovo, vice-presidente da Associação Amor à Vida. Munjovo estima que se tenham registado 20 casos de raptos nos primeiros sete meses deste ano, contra cerca de 50 em igual período no ano passado.
Foto: D. Alexandrisky
Luta pelos direitos dos albinos
Moçambique tem cerca de 20 mil pessoas albinas, segundo dados oficiais. Estima-se que, deste número, 70% sejam crianças, adolescentes e jovens. A maior parte dos albinos vêm de famílias carenciadas e são vulneráveis. O país celebrou pela primeira vez o Dia Mundial de Consciencialização do Albinismo em 2016 e aprovou um plano para combater a violência contra a pessoa albina.
Foto: Davy Alexandrisky
"Delicadeza impressionante"
Mussagy Jeichande, um dos visitantes, diz que a exposição consegue sensibilizar para o drama que os albinos sofrem em pleno século XXI. Considera que o fotógrafo conseguiu trazer a grande realidade de que o albino é um ser humano como qualquer outro. "A exposição revela, com profundidade, a sensibilidade do albino, do ponto de vista estético, de harmonia e da sensibilidade humana", afirma.