Moçambique: Atraso em projetos de gás restringe crescimento
Lusa
23 de maio de 2021
Consultora britânica considera que Moçambique vai crescer apenas 1,2% este ano, recuperando da recessão de 2020, devido à suspensão dos projetos de gás, aos efeitos da pandemia e à lenta distribuição das vacinas.
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Analistas prevêem que "o crescimento económico vai ser limitado [em Moçambique] em 2021, apesar da primeira contração desde 1992 ter sido registada no ano passado", escrevem, considerando que a economia vai apenas crescer 1,2% este ano, abaixo da média dos últimos anos.
"A suspensão indefinida das atividades de construção relacionadas com os projetos de gás natural em Cabo Delgado, o surgimento de novas variantes do coronavírus e uma lenta distribuição das vacinas contra a Covid-19 são fatores que vão pesar na produção económica este ano", apontam os analistas desta filial africana da britânica Oxford Economics.
Num comentário à evolução económica de Moçambique, os analistas escrevem que o banco central continua preocupado com os riscos relacionados com a inflação. "É pouco provável que estes riscos desapareçam antes do final do ano, por isso esperamos que o banco central não vá cortar taxas a curto prazo", concluem.
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Regulador financeiro moçambicano.
O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu na quarta-feira (19.05) manter a taxa de juro de política monetária (taxa MIMO) em 13,25%, anunciou em comunicado o regulador financeiro moçambicano.
"A decisão é fundamentada pelo agravamento dos riscos e incertezas, não obstante a revisão em baixa das perspetivas de inflação no curto e médio prazo, a refletir, sobretudo, a recente apreciação do metical", refere, na nota de imprensa.
O regulador avança que "os riscos e incertezas associados às projeções de inflação agravaram-se" e a "nível doméstico, destaca-se a intensificação da instabilidade militar na zona norte do país, com impacto na pressão fiscal e na suspensão do projeto Mozambique LNG" de produção de gás natural liquefeito.
Por outro lado, prossegue, prevalece uma maior volatilidade da taxa de câmbio, devido a elevadas incertezas e assimetrias existentes no processo de formação de expectativas dos operadores no mercado cambial.
Novas variantes do coronavírus
"Na conjuntura externa, realça-se uma maior flutuação dos preços dos ativos financeiros e das mercadorias e o surgimento de novas variantes do coronavírus", refere-se no texto.
O CPMO fez uma revisão em baixa da inflação, desacelerando para 5,19% em abril, após 5,76% em março, como resultado da recente apreciação do metical e a dissipação do impacto das intempéries que assolaram o país no princípio do ano.
Prevê-se uma recuperação mais lenta da economia em 2021, sustentada pela fraca procura interna, conjugada com a suspensão do projeto de exploração do gás pela Total, não obstante a previsão de retoma gradual da procura externa e da tendência para a contenção da propagação de Covid-19.
"Perante o limitado espaço da política monetária e do Orçamento do Estado, mantém-se a pertinência do aprofundamento de reformas estruturantes na economia, com vista ao fortalecimento das instituições, melhoria do ambiente de negócios, atração de investimentos e criação de emprego", refere-se no comunicado
Maputo tenta reorganizar comércio informal
As autoridades da capital moçambicana e da província de Maputo estão a remover os vendedores ambulantes dos passeios e a instalar o comércio informal nos mercados. Mas muitos resistem.
Foto: DW/R. da Silva
Vendedores informais são retirados das ruas
Na cidade de Maputo e nas sedes distritais da província, muitos vendedores informais foram colocados dentro dos mercados. O comércio nos passeios está a diminuir. Algumas avenidas na baixa Maputo costumavam ser tomadas pelo comércio informal, o que inviabilizava a circulação. Mas, com a ação da polícia, os carros agora ocupam os passeios.
Foto: DW/R. da Silva
Comércio local é reorganizado
Alguns locais da cidade de Maputo ainda continuam sob a alçada dos informais. O município de Maputo tenta reorganizar o comércio informal na tentativa de evitar que estes produzam mais lixo, joguem água no asfalto, entre outras práticas. Nesta imagem, uma mulher está a lavar os seus pertences jogando água suja no chão.
Foto: DW/R. da Silva
Os vendedores ambulantes resistem
Na saga da edilidade para retirar os informais das ruas da capital moçambicana e arredores, os ambulantes ainda resistem por causa da natureza do seu negócio. Os vendedores continuam a exercer as suas atividades nas ruas e escondem o produto, tirando apenas quando querem mostrar ao cliente.
Foto: DW/R. da Silva
Os vendedores ambulantes resistem
Na saga da edilidade para retirar os informais das ruas da capital moçambicana e arredores, os ambulantes ainda resistem por causa da natureza do seu negócio. Os vendedores continuam a exercer as suas atividades nas ruas e escondem o produto, tirando apenas quando querem mostrar ao cliente.
Foto: DW/R. da Silva
Falta de espaço nos mercados
As mulheres ocupam o todo do comércio informal na capital Maputo. Com a ordem de deixarem os passeios, as vendedoras afirmam que a medida é boa, mas queixam-se da falta de outros espaços nos mercados. "Quando o município nos tirar daqui para o mercado, haverá confusão, porque não vamos caber", queixam-se estas três mulheres.
Foto: DW/R. da Silva
A caça pelos clientes
Muitos informais preferem estar fora do mercado para encontrar mais clientes, numa corrida em que os que perdem são aqueles que estão dentro dos mercados. É por isso mesmo que todos querem os passeios, porque são nestes locais de muito movimento de pessoas que procuram vender os seus produtos.
Foto: DW/R. da Silva
"Prefiro estar aqui no passeio"
Gilda Mário diz que já esteve a vender no interior do mercado de Polana Caniço, mas a diferença está na avalanche de clientes. "Os meus produtos chegaram a apodrecer por falta de clientes. Mesmo agora que as pessoas estão em casa por causa da Covid-19 eu faço algum dinheiro para poder dar de comer às crianças", afirma.
Foto: DW/R. da Silva
Informais querem espaços adequados
Rita e Celeste dizem-se felizes por venderem no passeio da avenida Julius Nyerere, no mercado informal de Xikeleni. Estas moçambicanas consideram a atitude do município injusta, porque não mostra os locais onde podem caber todos os informais. "Enquanto todos estivermos aqui, dificilmente alguns irão aos mercados. Tem de ser todos e num único espaço", afirmam.
Foto: DW/R. da Silva
Barracas vazias
Estas barracas construídas para os informais pelo município de Maputo estão abandonadas, porque os vendedores preferem ir à rua para estar perto dos clientes. Estas bancas só voltam a ser ocupadas quando a polícia municipal atua de forma severa.
Foto: DW/R. da Silva
Perdidos na periferia
São muitos os mercados nos bairros na periferia de Maputo, que estão vazios. Este espaço em Laulane, a 7 quilómetros da capital, está reservado para os informais que ocupavam os passeios da baixa de Maputo. Muitos vendedores saem destes bairros para exercer o comércio na baixa. Por isso, quase todos os bairros têm mercados que podem evitar deslocações de informais para longe da sua jurisdição.
Foto: DW/R. da Silva
Praia sem vendedores informais
Esta é a zona da praia da Costa do Sol. Devido à pandemia, o Governo proibiu a venda informal nesta zona para evitar aglomerados. O município de Maputo está a ser criticado pela forma como está a tratar os informais. Mas a ideia é encontrar novas formas para dar uma outra beleza à praia da Costa do Sol. Os informais desta zona da praia vão ser colocados ao lado do mercado do Peixe.
Foto: DW/R. da Silva
Ruas livres
Na sede distrital de Magude, a 160 quilómetros do centro de Maputo, os informais estão a obedecer as ordens das autoridades. Os vendedores livraram os passeios e todos foram ao mercado. Os táxis que tinham que disputar os espaços com os informais estão a exercer a sua atividade sem riscos.
Foto: DW/R. da Silva
Comércio reorganiza-se
Este é o mercado da vila sede do distrito de Marracuene, a 30 quilómetros de Maputo. Dentro do mercado, estão alguns informais que foram retirados da EN1, que liga o sul ao norte de Moçambique, para reorganizar o comércio na vila.