As autoridades de saúde pedem à população de Inhambane, no sul do país, para usarem corretamente as redes mosquiteiras e tratarem a doença até ao fim, para evitar mortes.
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O aumento dos casos de malária está a preocupar as autoridades moçambicanas. Só no mês passado, na província de Inhambane, no sul do país, foram diagnosticados mais de 59 mil casos, contra 43 mil em janeiro de 2017.
Ângela Joana, uma residente na cidade de Maxixe, disse à DW África que está preocupada, porque o filho começou a ficar com febre. Ela acha que é malária e conta: "Venho da escolinha do miúdo, fui buscá-lo porque está com sintomas de malária. Estou a levá-lo para o hospital para saber o diagnóstico."
Alzira Ernesto é outra citadina que calcula que tenha apanhado a doença por não ter usado devidamente a rede mosquiteira: "Costumo dormir às 20 ou 21 horas. Para não apanhar malária é preciso esticar a rede mosquiteira."
Redes mosquiteiras são a salvação
Dinis Luís, chefe do departamento de Saúde Pública em Inhambane, diz que é urgente que as populações usem corretamente as redes mosquiteiras, para prevenir a doença.
"Estamos no período chuvoso. Há muitos mosquitos, causadores de malária. Acreditamos que, neste momento, todas comunidades dispõem de meios de prevenção da malária - estamos a falar de redes mosquiteiras", alerta Dinis Luís.
Moçambique: Aumentam casos de malária
Em novembro, o Governo central e os parceiros distribuíram gratuitamente cerca de 875 mil redes mosquiteiras a todas famílias em Inhambane, uma das províncias moçambicanas mais afetadas pela doença.
Tratamento completo é importante
Dinis Luís, do departamento de Saúde Pública em Inhambane, apela às populações para estarem atentas, e recorrerem a não só um, mas a vários métodos de prevenção da malária. Por exemplo, usando corretamente as redes mosquiteiras ou vestindo roupa comprida à noite. Além disso, é preciso tratar a doença até ao fim.
"Há uma necessidade das comunidades fazerem combinações de métodos para a redução da transmissão da malária. Uma pessoa que faz o tratamento correto com dose certa até ficar curada constitui uma das estratégias para a prevenção da malária", garante Dinis Luís.
No ano passado, três pessoas morreram na província de Inhambane, vítimas de malária. Esta é uma das doenças que mais mata no país. Em 2016, quase 2.500 pessoas morreram com malária em Moçambique, num total de 7,5 milhões de diagnósticos.
A tendência em 2017 foi de aumento, de acordo com um relatório da Comunidade de Desenvolvimento de Países da África Austral (SADC). Só no primeiro semestre do ano passado foram registados quase seis milhões de casos de malária.
Carências do principal hospital de Bissau
O Hospital Nacional Simão Mendes é considerado a unidade hospitalar de referência na Guiné-Bissau. Mas falta quase tudo: pessoal especializado, medicamentos básicos, aparelhos de diagnóstico.
Foto: Gilberto Fontes
Crise política deixa hospital a meio gás
Com a instabilidade política agravaram-se as necessidades no principal hospital da Guiné-Bissau e caíram por terra as expectativas da equipa hospitalar que esperava mais atenção por parte das autoridades. A Cruz Vermelha e os Médicos Sem Fronteiras prestam apoio. Mas, mesmo assim, perdem-se muitas vidas por falta de condições básicas de assistência.
Foto: Gilberto Fontes
À espera da hemodiálise...
O país ainda não consegue tratar doentes com insuficiência renal. O hospital tem estas instalações novas para iniciar tratamentos. Só falta a máquina da hemodiálise. Curioso é que o equipamento está no hospital, fechado há anos numa sala, cuja chave está com o Ministério da Saúde, segundo fonte hospitalar. Um nefrologista e vários técnicos fizeram formação em diálise, que ainda não podem aplicar.
Foto: Gilberto Fontes
Enquanto isso a população sofre
Doentes, como esta senhora, só podem receber tratamentos de hemodiálise no Senegal. No entanto, cada sessão chega a custar 150 euros. O que é insustentável para muitos doentes que, normalmente, necessitam de várias sessões semanais. Quando a doença é detetada numa fase inicial, aciona-se a evacuação para Portugal. Mas o processo é moroso. Muitos doentes acabam por falecer por falta de tratamento.
Foto: Gilberto Fontes
Há equipamentos novos parados...
O técnico de radiologia Hécio Norberto Araújo lamenta que este aparelho novo de radiografias esteja praticamente parado. Só faz alguns exames, em casos de urgência. Também o equipamento de mamografia nunca funcionou devido à falta de acessórios, como o chassi e o aparelho de revelação. O hospital militar continua a ser o único no país a fazer mamografias e tomografias, que podem custar 100 euros.
Foto: Gilberto Fontes
E máquinas obsoletas em uso
Na falta de opções, este velho aparelho de raio x continua a ser muito requisitado. Ninguém sabe quantos anos tem o equipamento que funciona com arranjos improvisados de fita-cola. A pequena sala de diagnóstico está desprovida de qualquer proteção contra as radiações. O único avental de proteção está estragado. Os técnicos de radiologia estão diariamente expostos a radiações eletromagnéticas.
Foto: Gilberto Fontes
Sem mãos a medir na pediatria
Esta unidade costuma estar cheia, principalmente na época das chuvas, com o aumento de casos de malária ou paludismo e diarreia nas crianças. Neste serviço com 158 camas, há apenas nove médicos efetivos e quase 40 enfermeiros. Entre o pessoal médico, conta-se um único especializado em pediatria. A falta de um eletrocardiograma é responsável pelo diagnóstico tardio de cardiopatias entre os menores.
Foto: Gilberto Fontes
Nem medicamentos para emergências
Nos cuidados intensivos há apenas um cardiologista. A maioria do pessoal médico são clínicos gerais. Por vezes, em plena situação de paragem cardíaca, falta medicação de urgência que os familiares do doente têm de se apressar em providenciar. A equipa hospitalar quer mais investimento em formação e em condições de trabalho. Só assim pode salvar mais vidas e diminuir a evacuação para o exterior.
Foto: Gilberto Fontes
Faltam lençóis e comida
O Hospital Nacional Simão Mendes tem mais de 500 camas. Mas não tem lençóis que cheguem para fazer a cobertura de todas elas. Devido à falta de pijamas, muitos doentes ficam hospitalizados com a roupa que trazem no corpo. Além disso, não há como providenciar alimentação aos pacientes que, na maior parte das vezes, ficam dependentes da comida que os familiares conseguem fazer chegar.