Aumentam casos de violação sexual e violência doméstica
Leonel Matias (Maputo)
4 de janeiro de 2017
O Ministério moçambicano da Saúde divulgou números preocupantes sobre o aumento de casos de violação sexual e de violência doméstica. E deixa um alerta: há um grande trabalho que deve ser feito daqui para a frente.
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Dados divulgados esta terça feira ( 03. 01.17 ) pelo Ministério moçambicano da da Saúde indicam que o número de casos de violação sexual aumentaram em 25% e de violência doméstica em 7% no período de 20 de dezembro a 02 de janeiro últimos comparativamente a igual período anterior.
Segundo o Diretor Nacional de Assistência Médica, Ussene Isse, mais de 60% dos casos de violação sexual tiveram como vítimas crianças com menos de 15 anos de idade. "Crianças dos zero aos 04 anos 11, crianças dos cinco aos 09 anos 25, crianças dos 10 aos 14 anos 44".
A explicação para este fenómeno pode ser encontrada no comportamento e atitude das pessoas, de acordo com o Gestor de Informação da ONG "Rede Criança", Rui António.
"No que, por exemplo, diz respeito a crianças menores de cinco anos há ainda a problemática de se acreditar que essas crianças ajudam a curar certas doenças, incluindo, por exemplo, o HIV/SIDA. Mas também para crianças mais crescidas dos cinco anos em diante há necessidade de reforçar os mecanismos de proteção ao nível da comunidade.”
Violência contra idososO Ministério da Saúde indicou que os casos de violação sexual de pessoas maiores de 15 anos, incluem pessoas idosas.
04.01.2017 Moçambique: Violencia - MP3-Mono
Para o Oficial de Advocacia do fórum da terceira Idade, Samuel Matusse, "a causa da violência contra a pessoa idosa é que a violência " naturalizou-se” no seio da sociedade, uma vez que durante muito tempo o nosso ordenamento jurídico não previa sanções específicas contra a pessoa idosa”.
O Diretor Nacional de Assistência Médica, Usse Isse, deixa um alerta. "Quando a gente vê violação sexual em crianças, violência em crianças é uma grande preocupação. Isto é um sinal de que há um grande trabalho que tem que ser feito daqui para frente".
Reforçar a sensibilização
Rui António, da Rede Criança, considera que o atual cenário remete para a necessidade de se reforçar o trabalho de sensibilização das comunidades com vista a mudança de comportamentos. Por outro lado, será necessário ver com o Governo como implementar as leis que existem e que já prevêm penas pesadas.
Samuel Matusse, do Forum da Terceira Idade defende, igualmente, a aplicação da lei de proteção do idoso em vigor desde 2014.
Crianças moçambicanas: um olhar de Albino Moisés
As imagens do fotógrafo moçambicano Albino Moisés mostram crianças moçambicanas em vários momentos do dia – entre o divertimento e o trabalho infantil – e em várias regiões do país – de Maputo a Mocuba.
Foto: A.Moisés
O sorriso largo das crianças de Moçambique
No terminal dos transportes coletivos "chapas", na Junta em Maputo, uma jovem vende a um menino viajante fósforos para serem usados no abajur tradicional da casa dos avós. Os sorrisos largos estampados no rosto das crianças fazem parte do trabalho do fotógrafo moçambicano Albino Moisés. Em 2013, as suas fotografias foram expostas em Belo Horizonte, no Brasil.
Foto: A.Moisés
Ousadia na diversão
Mesmo em dias sem sol, jovens encontram oportunidade para se divertir com ousadia, como aqui na praia da Costa do Sol de Maputo. Com muita criatividade, jogos artísticos são feitos sem pensar no que pode acontecer.
Foto: A.Moisés
Trabalho infantil
Meninos ganham a vida empurrando a "txova", um carrinho de boi, com produtos de pequenos comerciantes na periferia de Maputo. Ao final do trabalho, ganham um refrigerante, que é dividido para todos do grupo. "Ato que vira uma festa", afirma o fotógrafo Albino Moisés.
Foto: A.Moisés
Concentração na brincadeira
Em meio a construções inacabadas, por falta de recursos, os pequenos abandonados se divertem como podem na areia das obras. Até desanimadas, as crianças, encontram força para brincar. A foto do Bairro Guava, na periferia da capital moçambicana Maputo, data de 2007.
Foto: A.Moisés
Pensando em dias melhores
O pai, portador de deficiência, com a cabeça baixa, pensativo, na companhia da sua filha. Os dois vendem cigarros na baixa da cidade de Maputo para sobreviver. É uma das fotos selecionadas por Rosália Diogo, a curadora brasileira da exposição em Belo Horizonte. Quando viveu em Maputo para escrever a sua tese de doutorado, ela se incomodou com as condições em que vivem as crianças moçambicanas.
Foto: A.Moisés
Trabalho infantil como um dever
A população de Mocuba tenta construir as suas próprias casas. As crianças também participam na fabricação de tijolos para erguer os seus lares, usando enxadas. A imagem é uma das várias fotografias que Albino Moisés tirou na província nortenha da Zambézia e também fez parte da exposição em Belo Horizonte intitulada "Mwana-Mwana: pérolas do Índico".
Foto: A.Moisés
A vida sempre em construção
Jovens ajudam na construção do teto da casa em Mocuba, na Zambézia. Mesmo com todas as dificuldades no dia-a-dia, especialmente pela desigualdade social, o tom da vida, em Moçambique, segundo o fotógrafo Albino Moisés é: "A nossa casa, nós construímos todos juntos".
Foto: A.Moisés
Um olhar distante, mas de esperança
A província de Zambézia tem maior tradição no uso de bicicletas em Moçambique. Aqui na cidade de Mocuba, "o menino já sonha em aprender, desde cedo, a montar uma bicicleta", diz o fotógrafo Albino Moisés. "O olhar da criança é sim incerto, mas de esperança", confirma.