Os transportes semicoletivos estão mais caros em Maputo. A tarifa aumentou 0,04 euros. Os utentes temem que com este aumento, e outros que têm sido anunciados, a vida fique ainda mais complicada.
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No maior mercado informal de Maputo, na Praça dos Combatentes, os utentes dos transportes semicoletivos, os chamados "chapas", estão insatisfeitos por terem de pagar mais caro a partir desta segunda-feira (05.03.). A tarifa de distâncias entre 10 a 20 quilómetros passou de 9 para 12 meticais. Este aumento de 3 meticais (ou 0,04 euros) corresponde a 33%.
De manhã, o ambiente era calmo com os transportadores a fazerem o seu trabalho. A polícia de choque foi mobilizada para o local a fim de evitar eventuais desacatos.
Descontentamento
João Raivoso está à espera do "chapa". Para ele, as notícias sobre os aumentos dos produtos, e agora dos transportes, já estão a fartar, diz ele.
"A vida está muito complicada e pior agora que temos a nova tarifa dos transportes. Estamos a lutar todos os dias para conseguirmos viver mas nada anda”, desabafa João Raivoso.
Edmundo Matusse apressa-se para apanhar o "chapa". Ele vive no bairro das Mahotas, a 15 quilómetros da baixa de Maputo. Com a nova tarifa, as coisas ficam mais complicadas: "A vida será mais difícil. Esta nova tarifa não ajuda ao munícipe. Pelo contrário, vai piorar. A tarifa foi agravada mas acredito que o encurtamento vai prevalecer."
Matusse acredita que os motoristas continuarão a dar voltas pela cidade à procura de passageiros, em vez de irem diretamente para o destino final, porque a nova tarifa ainda não compensa.
Encurtamento de rotas
Armando Chiconela é motorista de "Chapa" e faz as rotas mais curtas da capital. Ele admite que os "encurtamentos" das rotas podem continuar.
Aumento do preço dos "chapas" causa descontentamento
"O que faz os motoristas encurtarem a rota é por causa do preço, que não compensa. Eles fazem essas manobras todas para conseguirem fechar a receita”, revela Chiconela.
Para que compensasse, segundo Chiconela, os preços dos transportes teriam de aumentar ainda mais. Mas Castigo Nhamane, o presidente da Federação Moçambicana dos Transportes Rodoviários (FEMATRO), diz que este foi o aumento possível: "Nós entendemos, porque somos moçambicanos, a situação financeira afeta também o setor dos transportes.”
O presidente da FEMATRO promete melhorias num futuro próximo: "Esforços estão a ser feitos junto com o Governo, no âmbito do memorando que assinámos para adquirir trezentos autocarros, mas até agora só recebemos noventa. Ainda há um défice, mas nos próximos meses vamos receber e poderemos mudar o cenário dos transportes."
Bicicletas táxi em Moçambique
Quem em Quelimane se quiser movimentar rapidamente, apanha uma bicicleta táxi. As ruas da cidade são muito más para os transportes convencionais. Para muitos, a bicicleta táxi é uma forma de poderem obter algum dinheiro.
Foto: Gerald Henzinger
Bicicletas em alternativa aos carros
Quelimane é uma cidade na costa de Moçambique. Quem por aqui se quiser movimentar rapidamente, apanha uma bicicleta táxi. As ruas da cidade são muito más para os convencionais táxis e autocarro. Além disso, para muitas pessoas, a bicicleta táxi é uma das poucas formas de poderem obter algum dinheiro.
Foto: Gerald Henzinger
Estradas intransitáveis para carros
Quelimane é a capital da província moçambicana da Zambézia. No entanto, as estradas estão em estado deplorável. As pistas de terra estão cheias de buracos. Quando chove, enchem-se de água e tornam as estradas intransitáveis para os carros e para os miniautocarros. As bicicletas táxi, porém, podem contornar as poças de água.
Foto: Gerald Henzinger
Viajar de bicicleta táxi
Dependendo da distância, uma viagem de bicicleta táxi pode custar entre 5 e 20 meticais (aproximadamente entre 15 e 60 cêntimos de euro). Primeiro, o preço é negociado com o motorista. Depois, ocupa-se o lugar almofadado, que é feito especialmente por medida.
Foto: Gerald Henzinger
A bicicleta como alternativa ao desemprego
Em vez estarem desempregados, muitos moradores de Quelimane preferem conduzir uma bicicleta táxi. No entanto, o mercado está saturado com os vários milhares de bicicletas táxi que existem. Lutam todos por clientes entre os cerca de 200 mil habitantes. Isso faz baixar os preços e, por isso, as bicicletas táxi são um negócio difícil.
Foto: Gerald Henzinger
Samuel, taxista de bicicleta
Quando Samuel não está a trabalhar como motorista de serviço, está a estudar. Quando era criança só frequentou a escola até ao sexto ano. Os seus pais não tinham dinheiro e não podiam continuar a pagar os seus estudos. Agora, o jovem de 27 anos tenta obter o diploma do ensino secundário. “Se não o terminar, não vou conseguir um trabalho decente”, diz.
Foto: Gerald Henzinger
Francis, mecânico de bicicletas
Parafusos soltos e pneus lisos estão entre as preocupações quotidianas de um taxista de bicicleta. Francis arranja bicicletas no Mercado Central de Quelimane. Por cada tubo que remenda recebe cinco meticais (cerca de 20 cêntimos). Ganha cerca de 85 euros por mês. Desta forma, consegue alimentar a sua família.
Foto: Gerald Henzinger
Licença controversa
A Câmara Municipal de Quelimane quer reduzir o número de taxistas de bicicleta nas suas estradas. Por isso, no início de 2010, criou uma espécie de licença para estes condutores. Oficialmente, deveria custar cerca de 12 euros, mas os motoristas protestaram. A Câmara Municipal cedeu e suspendeu a licença.
Foto: Gerald Henzinger
Andar de bicicleta para cumprir um sonho
Para o jovem Francisco Manuel, de 19 anos, a bicicleta táxi é uma forma de financiar a sua formação. O seu trabalho de sonho é ser polícia. “Eu não quero roubar para sobreviver”, diz. Assim, optou pela bicicleta táxi. Com os 2,50 euros que ganha diariamente, consegue manter-se a si e ao seu filho.
Foto: Gerald Henzinger
Uma bicicleta táxi para toda a família
Na sua última viagem, Armando só conseguiu ganhar 80 meticais (cerca de três euros). “Foi um bom turno nocturno”, afirma, em jeito de balanço. Desde que o seu pai morreu, tem de ganhar dinheiro para toda a família com a bicicleta táxi. Armando não aprendeu a ler e a escrever, já que abandonou a escola por causa de uma deficiência visual após a terceira classe.
Foto: Gerald Henzinger
Pouco dinheiro para sobreviver
As bicicletas táxi ajudam muitas pessoas sem formação a obter algum dinheiro de forma legal. No entanto, depois de deduzidos os custos, muitas vezes sobram apenas um ou dois euros por dia. E quando estes taxistas ficam doentes, já não entra mais dinheiro em caixa.
Foto: Gerald Henzinger
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Nota: uma versão anterior do artigo falou de um aumento de 0,04 céntimos de euro. Pedimos desculpas pelo erro de calculo.