Chimoio: Autarcas dão metade do salário devido à pandemia
Lusa
10 de abril de 2020
Corte no salário do Executivo da capital de Manica, centro de Moçambique, deve durar por três meses e vai financiar ações de prevenção. Número de infeções pelo novo coronavírus chega a 20 no país.
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O autarca João Ferreira, oito vereadores e dois assessores do Conselho Autárquico de Chimoio vão doar, de forma voluntária, metade do salário até junho para a compra de bombas de pulverização, máscaras, luvas e cloro. A decisão foi anunciada esta sexta-feira (10.04).
"Vimos que há carência de alguns produtos para pulverização. De maneira nenhuma podemos parar" justificou João Ferreira em declarações à Lusa sobre a decisão do coletivo.
Covid-19: Edil de Chimoio dá exemplo e pulveriza viaturas
01:20
A cidade, encostada ao Zimbabué, e atravessada pelo principal corredor rodoviário que liga o porto da Beira, no oceano Índico, aos países africanos do interior - todos com casos positivos -, espera angariar com a iniciativa mais de 400 mil meticais (quase 5.500 euros) que serão canalizados para ações de prevenção da Covid-19.
"Devemos fazer com que o impacto negativo seja mínimo" caso a doença chegue à cidade, frisou João Ferreira.
O município de Chimoio iniciou na semana passada uma pulverização das principais entradas da cidade, abrangendo todas as viaturas, incluindo motas e bicicletas, além de submeter a lavagem de mãos todos os passageiros de transportes coletivos.
Dados das autoridades de saúde, em Manica, indicam que 1.200 pessoas, na sua maioria camionistas moçambicanos provenientes do Zimbabué e mineiros, da África do Sul, estão em quarentena domiciliar na província por prevenção.
Mais três casos no país
Moçambique regista 20 casos de infeção pelo novo coronavírus, sem mortes. O número foi atualizado esta sexta-feira (10.04) pelo Ministério da Saúde.
"Dos 54 casos suspeitos testados nas últimas 24 horas, 51 revelaram-se negativos para a Covid-19 e três foram positivos. Portanto, temos um total de 20 casos positivos", disse Rosa Marlene, diretora nacional de Saúde Pública, falando durante a conferência de imprensa de atualização de dados no Ministério da Saúde em Maputo.
Segundo o Ministério da Saúde, do total de 20 casos registados desde o primeiro caso no país, a 11 de março, 12 são de transmissão local e oito são importados.
A pandemia de Covid-19, causada pelo novo coronavírus, já provocou mais de 96 mil mortos e infetou quase 1,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Em África, há registo de 630 mortos num universo de mais de 12.219 casos em 52 países.
Onde se podem esconder os coronavírus
Vírus por toda parte: nos alimentos, no pacote do correio, até no próprio cão de estimação? O Departamento de Avaliação de Risco da Alemanha esclarece o que se sabe sobre o coronavírus.
Foto: picture-alliance/dpa/Jagadeesh Nv
Animais silvestres são tabu
Há fortes indícios de o coronavírus ter sido transmitido inicialmente aos seres humanos por um morcego. O animal, porém, não teve qualquer culpa: ele foi possivelmente servido como iguaria. E agora os seres humanos amargam a "maldição do morcego que virou sopa"... Um efeito positivo do surto de covid-19 é a China ter proibido o consumo de carne de animais selvagens.
Foto: picture-alliance/Photoshot/H. Huan
Maçanetas contaminadas
Os coronavírus conhecidos permanecem infecciosos em superfícies como maçanetas por quatro a cinco dias, em média. Os especialistas partem do princípio que os conhecimentos sobre as variedades já estudadas se aplicam ao novo coronavírus. Assim, como todas as infecções por gotículas, também este novo coronavírus Sars-CoV-2 muito provavelmente propaga-se por mãos e superfícies tocadas com frequência.
Em princípio, os coronavírus contaminam pratos ou talheres se alguém infectado espirra ou tosse diretamente neles. Por isso é necessário certo cuidado durante o almoço no refeitório do trabalho. No entanto, o Departamento Federal alemão de Avaliação de Riscos (Bundesinstitut für Risikobewertung - BfR) enfatiza que "até agora não se sabe de infecções com o Sars-CoV-2 por esse meio de transmissão".
Foto: picture-alliance/dpa/Jagadeesh Nv
Medo de produtos importados?
Até o momento não há nenhum caso em que o coronvírus foi transmitido através de produtos importados. Os estudos sugerem que o novo coronavírus seja relativamente instável em termos ambientais: os patógenos permaneceriam infecciosos durante vários dias sobretudo a temperaturas baixas e alta humidade atmosférica. Mas segundo o BfR, pais não precisam temer contágio através de brinquedos importados.
Foto: Ivivse/Karin Banduhn
Vírus pelo correio?
Em geral, os coronavírus humanos não são especialmente resistentes sobre superfícies secas. Como a sua estabilidade fora do organismo humano depende de diversos fatores ambientais, como temperatura e humidade, o BfR considera "improvável" um contágio por encomendas de correio – embora ressalvando ainda não haver dados mais precisos sobre o Sars-CoV-2.
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Legumes e frutas do mercado
Igualmente improvável é a transmissão do coronavírus Sars-CoV-2 através de alimentos contaminados, na avaliação do BfR. Não são conhecidos casos comprovados. Mas lavar cuidadosamente as mãos antes de preparar a refeição é mandatório nos tempos da covid-19. Como os vírus são sensíveis ao calor, aquecer os alimentos pode reduzir ainda mais o risco de contágio.
Foto: DW/M. Mueia
Longa vida no gelo
Embora os coronavírus conhecidos até ao presente reajam mal ao calor, eles são bastantes resistentes ao frio, permanecendo infecciosos a -20 ºC por até dois anos. Também aqui, contudo, não há qualquer indício de cadeias infecciosas do Sars-CoV-2 por meio do consumo de alimentos, mesmo supercongelados.
Foto: DW/J. Beck
Pingue-pongue entre cães e os donos?
Também o risco de contaminação de animais domésticos é considerado muito baixo pelos especialistas, embora não o descartem. Os próprios animais não apresentam sintomas patológicos. Caso infectados, contudo, é possível transmitirem o coronavírus pelas vias respiratórias ou excrementos.