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Beira, "um eldorado" que todos os partidos querem alcançar"?

Arcénio Sebastião (Beira)
27 de novembro de 2022

As autárquicas moçambicanas estão previstas para 2023. A FRELIMO e RENAMO já estão com as atenções voltadas para a recuperação da Beira, uma cidade que em tempos governaram. Mas o MDM já avisou que é uma ilusão.

Mosambik Beira | Municipal Assembly
Foto: Arcénio Sebastião/DW

A Beira é a segunda maior cidade moçambicana depois de Maputo e uma das cidades governadas pelo terceiro maior partido de oposição, Movimento Democrático de Moçambique (MDM).

Os dois maiores partidos em Moçambique dizem que a palavra de ordem é recuperar o que lhes pertence: a Beira, cidade que prometem governar melhor.

A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) já esteve no poder na segunda maior cidade moçambicana. Mas perdeu nas eleições de 1999, ganhas pela RENAMO, o maior e mais antigo na oposição moçambicana.

Agora, a luta é pela recuperação, diz o membro do comité central da FRELIMO, Manuel Tomé. "Uma das nossas atividades principais vai ser recuperar a cidade da Beira e isso não é assim facilmente".

O partido do batuque e da maçaroca conta com o apoio da ala juvenil, nesta missão de voltar a tomar o poder autárquico, como frisou recentemente na Beira o secretário-geral da Organização da Juventude Moçambicana (OJM), Silva Livone.

RENAMO de olhos na Beira

Livone diz que as pessoas da Beira alegam que a edilidade não tem interesse relativamente à vida das comunidades: "não visita os bairros, não resolve problemas dos munícipes. Há problemas sérios de iluminação pública nos bairros de recolha de lixo, portanto são estas e outras questões que os jovens da cidade da Beira acham que devem mudar", disse o secretário-geral da Organização da Juventude Moçambicana.

Entre 2004 a 2009, a RENAMO, o maior partido de oposição, esteve na liderança desta autarquia na costa do oceano Índico, mas também perdeu, quando o candidato independente era Daviz Simango, na altura expulso daquele partido.

O delegado político provincial da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Horácio Calavete, diz que é altura de retomar as rédeas de um barco que há anos dirigiu.

Principais partidos prometem desenvolver a Beira Foto: Amós Zacarias/DW

"Temos de devolver a autarquia aos donos, como bem sabem isto era governado pela RENAMO e ganha o MDM, então é a altura de devolver aos donos. Na própria província de Sofala, como sabem, já tivemos 45 membros na assembleia provincial, hoje são doze, vamos devolver aos donos os 45 ou 50 membros da assembleia provincial e limpar todos os distritos", afirmou Horácio Calavete.

MDM confiante na vitória eleitoral

Não é só a autarquia da Beira que está na mira da RENAMO, também a presidência da República, diz ainda Horácio Calavete. "O povo decide por eles próprios que nós vamos ganhar todas eleições, todos os pleitos eleitorais a partir de 2023 e 2024."

O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), atualmente no poder na Beira, já avisou que não vai ser possível entregar a Beira a partidos que antes tinham a faca e o queijo na mão, mas não souberam gerir melhor a cidade. Ismael Nhacucue, porta-voz do MDM, acredita que não há espaço para a derrota eleitoral.

"Eu acho que é uma ilusão falar de MDM perder a cidade da Beira. É preciso ir ver e ir viver aquilo que está a acontecer na Beira, as mudanças estruturantes promovidas pelo saudoso presidente Daviz Simango que agora continuam com o membro de comissão politica, edil Albano Carige. Estão criadas condições mais do que suficientes para o MDM voltar a ganhar a cidade da beira, esse é um debate que nem se coloca."

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