As autoridades provinciais desafiam a população a reduzir número de filhos: recomendam quatro por família, no máximo, em vez de oito filhos. Pretendem assim combater a pobreza e a mortalidade infantil.
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Segundo as autoridades, a desnutrição, a mortalidade infantil e a pobreza são problemas que poderão ser reduzidos se houver uma diminuição do número de filhos.
Por isso, Hidayat Kassim, diretor Provincial de Saúde de Zambézia, lança o apelo: "As mulheres devem reduzir o número de filhos que têm. Nós sabemos que, em média, a taxa de fertilidade é de cerca de sete, oito filhos por mulher. É um numero muito elevado que aumenta o risco da mortalidade materna".
O fato de as famílias, particularmente na província da Zambézia, serem numerosas, constituídas por sete a dez membros dificulta o controlo da sanidade, acrescenta Hidayat Kassim.
"O objetivo que temos é de instruirmos as nossas famílias a terem menos filhos para reduzir a mortalidade e conseguirmos cuidar dos nossos filhos. Uma família que tem 10 filhos é diferente de uma família que tem quatro filhos. A família que tem menos filhos vai conseguir cuidar deles: vai fazer com que elas vão à escola, vai conseguir dar sustento a todos e isso vai contribuir para o bem estar da família", argumenta o diretor provincial de Saúde da Zambézia.
Segundo o último relatório do Índice de Desenvolvimento Humano, em 2015, por cada100 mil nascimentos registam-se em Moçambique quase 490 mortes maternas.
Reduzir o número de filhos será a solução?
A ativista comunitária Anifa Paz considera que para a melhoria das condições de vida e de saúde da população não basta reduzir o número de filhos. O Governo deve proporcionar melhores serviços à população, defende.
Além disso, outros fatores prejudicam o nível de vida das famílias. "Não há chuva, a chuva cai em pouca quantidade. Por isso, há muita pobreza. Antigamente, os nossos entes passados tinham muitos filhos. A prática da agricultura recompensava, porque não havia escassez de chuva como atualmente. As mudanças climáticas prejudicam-nos", afirma Anifa Paz.
Campanha de suplementação a bebés e crianças
Esta semana, mais de 600 mil bebés na Zambézia deverão receber suplementados de vitamina A e outras 550 mil crianças deverão ser administradas com medicamento antiparasitário.
Moçambique: Autoridades da Zambézia querem menos filhos
"Nós sabemos que a vitamina A é muito importante para a criança ter boa visão, para o seu crescimento, para o seu sistema imunológico ficar mais forte, a fim de combater as doenças. O objetivo da desparasitação é diminuir a incidência de parasitas intestinais", esclarece o diretor provincial de Saúde Hidayat Kassim.
Durante o lançamento da campanha, na segunda-feira (30.10), que deverá decorrer durante toda a semana, populares pediram às autoridades para disponibilizar medicamentos, uma vez que é muito frequente a falta de fármacos nas unidades de saúde, principalmente nos centros de saúde localizados longe das vilas.
Crianças moçambicanas: um olhar de Albino Moisés
As imagens do fotógrafo moçambicano Albino Moisés mostram crianças moçambicanas em vários momentos do dia – entre o divertimento e o trabalho infantil – e em várias regiões do país – de Maputo a Mocuba.
Foto: A.Moisés
O sorriso largo das crianças de Moçambique
No terminal dos transportes coletivos "chapas", na Junta em Maputo, uma jovem vende a um menino viajante fósforos para serem usados no abajur tradicional da casa dos avós. Os sorrisos largos estampados no rosto das crianças fazem parte do trabalho do fotógrafo moçambicano Albino Moisés. Em 2013, as suas fotografias foram expostas em Belo Horizonte, no Brasil.
Foto: A.Moisés
Ousadia na diversão
Mesmo em dias sem sol, jovens encontram oportunidade para se divertir com ousadia, como aqui na praia da Costa do Sol de Maputo. Com muita criatividade, jogos artísticos são feitos sem pensar no que pode acontecer.
Foto: A.Moisés
Trabalho infantil
Meninos ganham a vida empurrando a "txova", um carrinho de boi, com produtos de pequenos comerciantes na periferia de Maputo. Ao final do trabalho, ganham um refrigerante, que é dividido para todos do grupo. "Ato que vira uma festa", afirma o fotógrafo Albino Moisés.
Foto: A.Moisés
Concentração na brincadeira
Em meio a construções inacabadas, por falta de recursos, os pequenos abandonados se divertem como podem na areia das obras. Até desanimadas, as crianças, encontram força para brincar. A foto do Bairro Guava, na periferia da capital moçambicana Maputo, data de 2007.
Foto: A.Moisés
Pensando em dias melhores
O pai, portador de deficiência, com a cabeça baixa, pensativo, na companhia da sua filha. Os dois vendem cigarros na baixa da cidade de Maputo para sobreviver. É uma das fotos selecionadas por Rosália Diogo, a curadora brasileira da exposição em Belo Horizonte. Quando viveu em Maputo para escrever a sua tese de doutorado, ela se incomodou com as condições em que vivem as crianças moçambicanas.
Foto: A.Moisés
Trabalho infantil como um dever
A população de Mocuba tenta construir as suas próprias casas. As crianças também participam na fabricação de tijolos para erguer os seus lares, usando enxadas. A imagem é uma das várias fotografias que Albino Moisés tirou na província nortenha da Zambézia e também fez parte da exposição em Belo Horizonte intitulada "Mwana-Mwana: pérolas do Índico".
Foto: A.Moisés
A vida sempre em construção
Jovens ajudam na construção do teto da casa em Mocuba, na Zambézia. Mesmo com todas as dificuldades no dia-a-dia, especialmente pela desigualdade social, o tom da vida, em Moçambique, segundo o fotógrafo Albino Moisés é: "A nossa casa, nós construímos todos juntos".
Foto: A.Moisés
Um olhar distante, mas de esperança
A província de Zambézia tem maior tradição no uso de bicicletas em Moçambique. Aqui na cidade de Mocuba, "o menino já sonha em aprender, desde cedo, a montar uma bicicleta", diz o fotógrafo Albino Moisés. "O olhar da criança é sim incerto, mas de esperança", confirma.