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Autoridades de Macomia afirmam desconhecer rapto de crianças

26 de junho de 2025

O administrador do distrito de Macomia, um dos alvos de ataques rebeldes na província moçambicana de Cabo Delgado, disse hoje desconhecer casos de raptos e recrutamento pelos grupos extremistas que ali operam desde 2017.

Crianças deslocadas de Cabo Delgado por causa do terrorismo
Moçambique foi o segundo país com o maior aumento percentual de violações graves contra crianças em conflitos armados em 2024, segundo a ONU (foto ilustrativa) Foto: Roberto Paquete/DW

"Não, nós como governo do distrito não temos essa informação de raptos de crianças, talvez a ONU [Organização das Nações Unidas] tem as suas fontes (...). Mas nós, como governo, não temos essa informação de rapto de crianças", disse o administrador do distrito de Macomia, Tomás Badae, em declarações aos jornalistas.

A Human Rights Watch (HRW) alertou na terça-feira para o aumento do número de crianças raptadas pelos grupos terroristas, usadas em trabalhos forçados, pedindo ações do Governo.

"O aumento dos sequestros de crianças em Cabo Delgado agrava os horrores do conflito em Moçambique (...). A Al-Shebab precisa poupar as crianças do conflito e libertar imediatamente as que foram sequestradas", disse a diretora-adjunta para a África da HRW, Ashwanee Budoo-Scholtz, citada no comunicado daquela Organização Não-Governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos.

No comunicado, a HRW indica que as crianças são raptadas pelos rebeldes ligados ao grupo Estado Islâmico e usadas para "transportar bens saqueados, realizar trabalhos forçados, casamentos forçados e participar em conflitos".

A organização de defesa de direitos humanos refere também que dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apontam que algumas crianças sequestradas, após serem libertadas, enfrentam dificuldades para se reintegrar nas comunidades.

A violência terrorista contra crianças em Cabo Delgado

02:28

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Aumentam violações graves contra crianças

Moçambique foi o segundo país com o maior aumento percentual (525%) de violações graves contra crianças em conflitos armados em 2024, apenas atrás do Líbano, segundo um novo relatório da ONU.

Os dados constam no relatório do secretário-geral da ONU sobre crianças e conflitos armados de 2024,no qual se indica que os maiores aumentos percentuais foram verificados no Líbano (545%), Moçambique (525%), Haiti (490%), Etiópia (235%) e Ucrânia (105%).

Num capítulo dedicado ao conflito na província moçambicana de Cabo Delgado, no relatório indica-se que a ONU verificou 954 violações graves contra 507 crianças (402 meninos, 105 meninas), além de uma violação grave ocorrida em 2023, mas só passível de verificação no ano passado.

Foi verificado o recrutamento e o uso de 403 crianças por grupos armados e a detenção de 51 crianças pela Polícia da República de Moçambique (49) e pelas Forças de Defesa do Ruanda (2) por alegada associação a grupos armados.

A ONU conseguiu verificar o assassínio (32) e a mutilação (12) de 44 crianças por perpetradores não identificados (22), grupos armados (15) e pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (7), incluindo baixas causadas por engenhos explosivos (17).

Ainda no ano passado, a ONU verificou neste conflito o rapto de 468 crianças por grupos armados, incluindo para recrutamento. Onze menores foram libertados.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos na província, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.

Lusa Agência de notícias