Governo moçambicano e operadoras ENI e Anadarko assinaram contratos de concessão do Terminal Marítimo de Gás Natural Liquefeito nas Áreas 1 e 4 da Bacia do Rovuma, no norte do país.
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Os acordos assinados esta quinta-feira permitem que se comece a construir as infraestruturas para extrair o Gás Natural Liquefeito (GNL) na Bacia do Rovuma. Incluem ainda licenças especiais que beneficiam as multinacionais ENI e Anadarko.
O Presidente do Conselho de Administração do Instituto Nacional de Hidrocarbonetos, Omar Mithá, avançou à DW África que a produção do GNL deverá começar em 2022, ao largo da costa moçambicana
Na Área 4, espera-se uma produção da ENI de "3,5 milhões de toneladas por ano apenas no barco flutuante, o offshore; o onshore será 10 milhões de toneladas por ano pela EXIOM, mas na Anadarko [Área 1] são 12 milhões de toneladas por ano", explicou.
A gestão das infraestruturas nas áreas 1 e 4 será feita de forma coordenada, segundo o representante da empresa petrolífera italiana ENI, Fabio Castiglioni: "Esta abordagem visa garantir a eficiência na gestão de custos e, ao mesmo tempo, promover sinergias nas operações", afirmou esta quinta-feira (10.08) durante a cerimónia de assinatura dos contratos.
Benefícios
Para a ministra moçambicana dos Recursos Minerais e Energia, Lectícia Klemens, os acordos assinados são um passo "importante" para o início da produção de gás natural liquefeito e para começar outros projetos que têm o gás como matéria-prima - incluindo a produção de fertilizantes e de eletricidade.
Os moçambicanos deverão beneficiar do gás natural: A ministra afirmou que o Governo se vai esforçar para garantir a "incorporação de um conteúdo local visível em todas as vertentes de desenvolvimento dos empreendimentos associados ao projecto de gás natural do Rovuma."
O vice-presidente da norte-americana Anadarko, John Grant, garantiu, por seu lado, que a empresa vai "trabalhar com o Governo de modo a maximizar as oportunidades que este projeto trará para a industrialização do norte de Moçambique."
Moçambique avança na exploração do gás natural
Reassentamento da população
Um dos problemas que têm sido levantados quando se implementam grandes projetos está relacionado com o reassentamento das populações.
O representante da ENI assegurou que a sua empresa tudo fará para que o projeto de reassentamento na área 4 aconteça "em estrita observância da lei, do plano aprovado e dos padrões internacionais aplicáveis, para esta seja igualmente uma oportunidade para a melhoria das condições sociais e económicas das famílias afetadas."
O processo de reassentamento deverá começar ainda este ano.
Pemba: degradação em tempos de boom
Apesar do crescimento económico causado pelas descobertas de gás no norte de Moçambique, os edifícios históricos de Pemba continuam degradados. Os investimentos vão à construção de novos edifícios e não à reabilitação.
Foto: DW/E. Silvestre
Casas históricas em ruínas
Apesar do crescimento económico causado pelas descobertas de gás no norte de Moçambique, os edifícios do centro histórico de Pemba continuam degradados. Os investimentos vão à construção de novos edifícios e não à reabilitação. A degradação não poupa prédios com elevado valor histórico como esta casa, que foi na era colonial e até 1979 a residência do governador da província de Cabo Delgado.
Foto: Eleutério Silvestre
Mercado central de Pemba
O mercado localiza-se na cidade baixa da cidade desde 1940. Foi uma atração turística de Pemba, que em tempos coloniais era chamada Porto Amélia. Os números e as letras na placa por cima da fachada da entrada, resistem as intempéries naturais e ainda testemunham o quanto foi importante o mercado para os colonos portugueses.
Foto: Eleutério Silvestre
Negócio parado: as bancas do mercado
Nestas bancas simples eram expostos cereais, leguminosas e outros produtos alimentares. Antes do total abandono nos anos 2000, o mercado era frequentado por cidadãos da classe média de diferentes bairros de Pemba, atraídos pelo nível de higiene que caraterizava na exposição dos produtos. Vendia-se o melhor peixe e a melhor carne da cidade de Pemba.
Foto: Eleutério Silvestre
Abandono total: o cinema de Pemba
O cinema de Pemba, localizado na periferia da cidade baixa, era o único da cidade. Até 1990, eram projetados filmes na sala: das 14 às 16 horas os filmes para menores e das 17 às 21 horas as longas metragens para maiores de 18 anos. O cinema era ponto de encontro de cidadãos de diferentes idades de Pemba. O edifício funcionou também como ginásio de 2008 a 2012.
Foto: Eleutério Silvestre
Novas construções na vizinhança
Em vez de renovar e adaptar edifícios históricos já existentes, constroem-se novos prédios em Pemba, a capital da província moçambicana de Cabo Delgado. Este projeto do anfiteatro de Pemba é fruto de uma parceria público privada, entre o Hotel Wimbe Sun e o Conselho Municipal de Pemba. Mais um exemplo de que os investimentos vão para a construção e não para a reabilitação.
Foto: DW/E. Silvestre
Construir de raiz em vez de reabilitar
Mesmo para escritórios, que facilmente poderiam ser instalados em prédios históricos renovados, a opção preferida é construir de raiz. Assim sendo, o "boom" económico causado pela descoberta de grandes quantidades de gás na Bacia do Rovuma na província de Cabo Delgado não beneficia o centro histórico da cidade de Pemba. Este edifício é destinado para albergar uma filial bancária.
Foto: DW/E. Silvestre
Antiga delegação da Cruz Vermelha
Esta casa localiza-se na principal via de acesso à cidade baixa de Pemba. Serviu em regime de arrendamento como primeira delegação da Cruz Vermelha na província. A partir deste edifício, a Cruz Vermelha desencadeou ações humanitárias durante a guerra civil de Moçambique. Em 1999, a Cruz Vermelha de Moçambique abandonou a casa e mudou para infraestruturas próprias modernas.
Foto: Eleutério Silvestre
Armazém histórico de Pemba
Este armazém na cidade baixa faz parte dos edifícios históricos abandonados. Durante a guerra civil, serviu para o armazenamento de alimentos. Foi aqui que os residentes do bairro mais antigo de Pemba, Paquitequete, compravam produtos de primeira necessidade. Teve um papel muito importante durante a emergência de fome que assolou a população de Pemba durante a guerra civil no ano de 1980.
Foto: Eleutério Silvestre
Porto de Pemba
Quando o centro histórico está em degradação, uma das zonas mais dinámicas de Pemba é o porto. Do lado direito, as antigas instalações, do lado esquerdo a zona de ampliação destinada a carga do material da exploração do gás. O cais flutuante foi construído pela empresa francesa Bolloré. A esperança é que o boom do gás ajuda a reabilitar para além do porto também os edifícios históricos de Pemba.