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Moçambique: Banco central "mais proativo e eficiente"

Leonel Matias (Maputo)
12 de abril de 2017

O governador do Banco Central moçambicano diz que o sistema financeiro se mantém estável e dá nota positiva à evolução de outros pontos. Economista alerta que não se pode pensar que são reflexo de recuperação.

Rogério Zandamela, governador do Banco de MoçambiqueFoto: DW/R. da Silva

O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, disse esta segunda-feira (10.04), à saída de um encontro do Comité de Política Monetária que, embora subsistam alguns riscos, a inflação projetada e a taxa de câmbio estão a evoluir favoravelmente.

A moeda nacional, o metical, registou uma apreciação acumulada em relação às principais moedas internacionais. Por exemplo, a apreciação em relação ao euro foi de 4.12%.

Tendência crescente registam, igualmente, as reservas internacionais líquidas do Banco de Moçambique, que passam a cobrir cerca de 5.3 meses de importações de bens e serviços não fatoriais, excluíndo os grandes projetos.

O rácio de solvabilidade médio do sistema bancário continua acima do mínimo exigido de 8% apesar de ter caído para 9% em Janeiro contra 16.5% em igual período do ano passado.

Rogério Zandamela reconheceu, no entanto, que ainda persistem riscos e incertezas associados ao processo de ajustamento dos preços de alguns produtos administrativos, bem como os relacionados com a retoma da ajuda externa ao orçamento do Estado e com o agravamento das condições de liquidez do sistema bancário.

Metical, moeda moçambicanaFoto: DW/M. Sampaio

Bons sinais 

O governador do Banco de Moçambique anunciou igualmente novas medidas de política monetária que incluem a redução da taxa de juro de facilidade permanente de cedência de liquidez, a introdução de uma taxa de juro de política monetária e a manutenção do juro de facilidade permanente de depósitos e o coeficiente de reservas obrigatórias para os passivos em moeda nacional e estrangeira.

Ouvido pela DW África, o economista António Francisco considerou que a evolução positiva dos principais indicadores macroeconómicos reflete não tanto um melhor comportamento da economia, mas uma intervenção "mais proativa e efetiva" do Banco de Moçambique.

"Talvez o aspeto mais positivo que está a acontecer nesta crise é o facto do Banco de Moçambique ter assumido uma atitude mais construtiva em relação ao mercado limpando um conjunto de comportamentos tóxicos e negativos que estavam a existir, eliminou um banco e está a tentar gerir outro que é o Mozabanco. Nesse sentido acho que a economia está a comportar-se bem, mas isso não reflete uma reanimação da economia porque a economia está parada.”

Para António Francisco, que é igualmente investigador do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), se não tivesse havido essa intervenção provavelmente os indicadores económicos seriam desastrosos face a situação muito crítica em que a economia mergulhou.

O Banco de Moçambique tem vindo a levar a cabo uma série de medidas de política monetária na sequência da nomeação do novo governador, em meados de 2016.

Elogios a Rogério Zandamela 

Convidado a avaliar a prestação do novo governador do Banco Central, o economista António Francisco afirma que Rogério Zandamela "é o primeiro governador realmente de um Banco de Moçambique desde a independência que se comporta com competência, com conhecimento de causa". Todos os restantes, argumenta, "eram basicamente comissários políticos, eram intervenientes políticos. Provavelmente poderia ser melhor mas aqui há um certo divórcio entre a política monetária e a política fiscal."

O FMI cortou financiamento ao Executivo moçambicano depois da descoberta de dívidas ocultasFoto: Reuters/K. Kyung-Hoon

António Francisco disse que a ação do novo governador do Banco Central tem sido no sentido de ver se cria uma melhor articulação com a política fiscal e considerou que esse vai ser o calcanhar de Aquiles do país.

Recordou que Rogério Zandamela indicou já uma série de reformas que é preciso levar a cabo no setor público. Para o economista António Francisco, o papel do novo governador do Banco Central tem sido muito salutar e é uma boa situação para que depois se possa tentar articular com o Fundo Monetário Internacional, o FMI, e os credores.

E quanto a pespetivas de melhores momentos para os cidadãos, o economista acredita que é preciso esperar um pouco: "Eu acho que não tão breve e este é um ano de certo modo perdido e só não será perdido se até ao fim do ano conseguirmos sair deste pântano tanto político como financeiro. Acho que a situação ainda vai provavelmente se agravar. Está a ficar claro que os preços vao ter que se ajustar. Até ao fim do ano pode ser um ano bom se for para criar condições para a retoma [da economia] no próximo ano.

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