Moçambique: Base da guerrilha da RENAMO encerrada no Niassa
Lusa
14 de maio de 2022
Uma base da guerrilha da Renamo, principal partido da oposição moçambicana, foi desativada no distrito de Cuamba, província do Niassa, e 281 combatentes desmobilizados no âmbito do processo de DDR.
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O enviado pessoal do secretário-geral das Nações Unidas para Moçambique anunciou o encerramento de uma base da guerrilha da Renamo, principal partido da oposição, no norte do país, e a desmobilização de 281 combatentes.
Mirko Manzoni explicou, em comunicado, que a base foi desativada no distrito de Cuamba, província do Niassa, no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
"Esta é a primeira base a ser encerrada em 2022 e a 12.ª no total, desde junho de 2020. Os preparativos para o encerramento desta base foram particularmente desafiantes, em grande parte devido às condições meteorológicas adversas que dificultaram o acesso à base", disse Manzoni, na nota.
O enviado pessoal do secretário-geral das Nações Unidas para Moçambique felicitou a "paciência” dos guerrilheiros que se encontravam na base e "aguardavam ansiosamente pela desmobilização”.
Progressos no DDR
Mirko Manzoni também elogiou o empenho do Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e do líder da Renamo, nos progressos que o DDR têm vindo a registar.
"À medida que o país continua a sua jornada para a efetivação de uma paz definitiva, as Nações Unidas continuam empenhadas em apoiar o povo de Moçambique no caminho da reconciliação nacional”, refere a nota de imprensa.
O DDR é corolário do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado a 06 de agosto de 2019 por Filipe Nyusi e Ossufo Momade, para acabar com mais um ciclo de violência armada entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Renamo.
No quadro do referido entendimento, segundo dados oficiais, 63% dos cerca de cinco mil guerrilheiros da Renamo previstos já entregaram as armas e, das 16 bases daquela força política, 11 já foram desativadas.
O acordo foi o terceiro entre o Governo Frelimo e a Renamo, tendo os três últimos sido assinados após ciclos de violência armada, principalmente no centro do país.
Acordo de Paz histórico em Moçambique
Em Moçambique, o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, formalizaram na quinta-feira (01.08) o fim das hostilidades militares no país. O acordo, já considerado histórico, é o terceiro em 25 anos.
Foto: DW/A. Sebastião
Acordo histórico
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, erguem o acordo de paz e fim das hostilidades, que foi assinado na Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país. O local é conhecido como bastião da RENAMO. O acordo tem como objetivo acabar com os confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
Foto: DW/A. Sebastião
Anos de hostilidade
"Estamos aqui em Gorongosa para dizer a todos moçambicanos e ao mundo inteiro que acabámos de dar mais um passo, que mostra que a marcha rumo à paz efetiva é mesmo irreversível", declarou Filipe Nyusi, referindo-se ao acordo assinado com a RENAMO. É o terceiro documento após anos de hostilidades. O primeiro foi assinado em 1992, em Itália - o chamado Acordo Geral de Paz de Roma.
Foto: DW/A. Sebastião
Virar a página
"Com esta assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares, queremos garantir ao nosso povo e ao mundo que enterramos a lógica da violência como forma de resolução das nossas diferenças", afirmou o líder da RENAMO, Ossufo Momade, ressaltando que "a convivência multipartidária será o apanágio de todos partidos políticos".
Foto: DW/A. Sebastião
Silenciar das armas
O pacto cala oficialmente as armas e prolonga de forma definitiva uma trégua que durava desde dezembro de 2016, depois de vários anos de confrontos armados entre as forças governamentais e o braço armado da RENAMO.
Foto: DW/A. Sebastião
Abraço da paz
Na cerimónia de assinatura do acordo, o Presidente de Moçambique Filipe Nyusi mostrou-se otimista em relação aos próximos anos, dizendo que "a incerteza deu ligar à esperança e o futuro de Moçambique é promissor".
Foto: DW/A. Sebastião
"Paz vai ser testada nas eleições"
Este novo acordo é um passo muito importante para Moçambique e também para todos os partidos. Daviz Simango, líder do MDM, esteve na cerimónia e alertou: "Temos que trabalhar muito neste processo eleitoral que se avizinha. Portanto, se o STAE nos proporcionar o teatro, que tem vindo a fazer de ciclo em ciclo eleitoral, pode proporcionar o retorno a essas situações de conflitos militares".
Foto: DW/A. Sebastião
Unidos pelo acordo
Horas depois da assinatura do acordo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse na Beira que o Governo e a RENAMO vão unir-se para debelar qualquer tentativa de prejudicar o acordo de cessação definitiva de hostilidades militares.