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Sindicato distancia-se da greve convocada por Mondlane

Lusa
18 de outubro de 2024

O candidato presidencial Venâncio Mondlane convocou uma greve geral para segunda-feira em Moçambique. Sindicato distancia-se e alerta para sanções aos funcionários que não comparecerem nos postos de trabalho.

Venâncio Mondlane, candidato presidencial independente apoiado pelo partido PODEMOS
Venâncio Mondlane convocou uma "greve nacional" para segunda-feira, nos setores público e privadoFoto: Nádia Issufo/DW

A Organização dos Trabalhadores de Moçambique – Central Sindical (OTM-CS) demarcou-se da paralisação de atividades anunciada para segunda-feira (21.10) pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane. O sindicato alerta para possíveis "prejuízos incalculáveis" e sanções aos funcionários. 

"É uma agenda dele que não tem nada a ver connosco. Nós não coordenámos com ele", afirmou Florêncio Quetane, chefe do gabinete do secretário-geral da OTM-CS. "Nós, os sindicatos, convocamos greve de trabalhadores nos termos da lei do trabalho [...] Agora, [quanto aos] políticos, nós não sabemos qual é a lei que usam para convocarem uma greve geral", disse em declarações à agência Lusa.

Em causa está uma paralisação convocada para segunda-feira por Venâncio Mondlane, que contesta os dados já anunciados pelas comissões distritais e provinciais de eleições sobre a votação de 9 de outubro, que dão vantagem à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, partido no poder) e ao candidato presidencial que o partido apoia, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos.

Sanções aos funcionários

O sindicato dos trabalhadores alertou para sanções aos funcionários que não comparecerem nos seus postos de trabalho, entre as quais está a marcação de faltas e consequentes descontos salariais e até processos disciplinares, a avaliar pelos prejuízos causados pela ausência.

Florêncio Quetane exortou os trabalhadores a comparecerem no seu posto de trabalho, para não incorrerem nas consequências previstas na lei laboral. "Nós não vamos conseguir defender os trabalhadores que terão faltado invocando uma greve que não tenha sido convocada por nós", avisou Quetane.

Dirigente sindical avisa que a paralisação de atividades poderá ainda causar "prejuízos incalculáveis" ao paísFoto: PODEMOS

Para o dirigente sindical, a paralisação de atividades poderá ainda causar "prejuízos incalculáveis" ao país, pelo que apelou, por isso, para o diálogo. "Nós aconselhamos que quem é de direito converse com o ofendido para que não haja greve", pediu o responsável do sindicato. "Ninguém quer greve, mas também se não se resolver o problema dele, ele vai fazer greve", disse Quetane.

Impacto económico da greve

A Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique, que congrega o setor privado, também criticou hoje a paralisação de atividades convocada pelo candidato presidencial, alertando para o impacto económico dos discursos políticos em períodos pós-eleitorais.

"Nós já estamos aflitos com a situação de divisas para fazer face às importações e, por várias vezes, temos alertado que a economia sofre muito com o excesso de feriados e tolerâncias de ponto", lembrou Agostinho Vuma, presidente da CTA. "Este tipo de discurso político só complica mais as coisas", disse.

Para Venâncio Mondlane, a paralisação seria "uma das janelas de contestação" aos resultados por ele descritos como "grosseiramente fraudulentos". Entretanto, segundo o candidato presidencial, trata-se de uma ação pacífica.

"Não é uma manifestação pública de ataque a instituições", sustentou Mondlane. "Se isso acontecer, está fora do padrão daquilo que nós queremos. É apenas paralisação das atividades. Apenas isso, não é mais nem menos do que isso", defendeu o político.

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