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Moçambique: Cheias desalojam milhares de famílias em Gaza

9 de fevereiro de 2021

O ciclone Eloise desalojou cerca de 43 mil famílias e inundou milhares de hectares de terra. O nível das águas continua alto no rio Limpopo, mas o INGD diz que a situação está controlada.

Inundações causadas pelo transbordo do rio Limpopo em Gaza, Moçambique - Fotografia de arquivoFoto: Johannes Myburgh/AFP/Getty Images

As fortes chuvas que se abateram sobre os países vizinhos de Moçambique, nos últimos dias, contribuíram para as enchentes na província de Gaza.

Não há registo de vítimas mortais. Ainda assim, dezenas de milhares de pessoas ficaram desalojadas e vastas superfícies de terras agrícolas estão alagadas.

A DW África entrevistou o delegado provincial do Instituto Nacional de Gestão do Risco de Desastres (INGD) na província de Gaza, Manuel Machaieie. 

DW África: Qual é o cenário em Gaza? A situação é crítica?

Manuel Machaieie (MM): Começámos a ter um aumento dos caudais e abrandou um pouco. Mas depois da passagem do ciclone tropical Eloise, que atingiu com chuvas o Botswana, o Zimbabué e a África do Sul, começaram a aumentar os caudais e os escoamentos ao longo do rio Limpopo e dos afluentes que nascem nesses países vizinhos. Isso provocou transbordo, de facto, do rio Limpopo. Neste momento, os níveis hidrométricos ao longo do rio Limpopo estão acima do nível de alerta, particularmente em Pafuri, Congomune, Chokwé e Chicacate.

DW África: Já se conhecem os danos causados pela subida das águas? Há planos de evacuação da população?

MM: 32 mil hectares de culturas alimentares diversas ficaram afetados. Em termos de vidas humanas, perto de 43 mil agregados familiares ficaram afetados. Também tivemos as zonas habitadas mais baixas de Chokwé, Chibuto e Guijá que ficaram inundadas. Entretanto, houve ações muito concretas do ponto de vista de evacuação ou retirada voluntária das famílias. No Chokwé, o primeiro barco veio com 248 famílias, em Guijá com 15 famílias, em Chibuto foram perto de 5 mil pessoas que tiveram de ser retiradas das zonas de risco.

Foto de arquivo, 2017Foto: DW/C. Matsinhe

DW África: Vão continuar a proteger a população tendo em conta que se avizinha mau tempo?

MM: Este trabalho continua a ser feito, tanto mais que, nos locais onde as famílias já saíram, agora o desafio é impedir que retornem às machambas para que elas não fiquem sitiadas e depois precisem de ser resgatadas. Essa realidade ocorreu nos distritos de Chongoene e Limpopo. Há uma particularidade no trabalho que o Governo tem estado a fazer desde as cheias de 2000, de sensibilizar as famílias para que tenham duas casas, uma na zona de risco onde praticam agricultura e pecuária e outra na zona segura, onde colocam os seus bens valiosos. É isso que temos estado a fazer e estamos felizes porque não temos necessidade de criar centros de acomodação, porque as famílias cumpriram as recomendações.

DW África: Felizmente, para já, não há mortos nem feridos?

MM: Não temos situações [dessas]. É verdade que, do ponto de vista de mortes diretas, não temos. Mas não podemos descurar que, às vezes, as crianças morrem afogadas no rio, tivemos uma ou duas dessas situações. Neste momento não temos situação de alarme.

Sede do INGC em GazaFoto: DW/C. Matsinhe

DW África: Circulam imagens de uma ponte que ruiu. Confirma?

MM: Do ponto de vista de vias de acesso, por conta do transbordo do rio, temos de fazer referência ao troço Caniçado-Chinhacanine, no distrito de Guijá, em que neste momento a travessia é feita de barco a motor.

DW África: A atual situação na África do Sul pode prejudicar ainda mais Moçambique?

MM: Até este momento não temos indicações de haver escoamento nos próximos dias. Mas na situação em que se encontra o rio Limpopo, havendo outros escoamentos, isso alargaria mais as áreas que agora se encontram inundadas.

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