Moçambique: Clima empurra agricultores para novas apostas
16 de março de 2024
A cultura do algodão tem gerado rendimentos consideráveis nos últimos anos para os camponeses do centro de Moçambique. Luciano Lángton, produtor do distrito de Guro, a norte da província de Manica, revela como a sua vida está a mudar.
"Com o dinheiro do algodão, investi na escola das crianças e na compra de material escolar. Comprei duas bicicletas para mim e para a minha senhora", indica.
Antes de apostar nesta produção, Luciano produziu milho, tabaco e soja. Mas teve dificuldades. Agora, com os bons rendimentos da venda de algodão, o produtor rural pretende construir uma casa e não só.
"Outro plano também é de construir casa, construir latrina melhorada e outras coisas. Porque este algodão ajuda muito”, disse à DW. "Há uma organização que vem comprar duma só vez toda produção", acrescentou.
Isabel Sarez Gucinho é outra camponesa do distrito de Guro que também está a apostar em culturas de rendimento, após abandonar a produção de milho, feijões, amendoim e outros cereais.
"Estou a apostar na cultura de algodão porque é uma cultura de rendimento, porque atualmente está a dar dinheiro", frisa.
"Com o dinheiro da venda de algodão comprei a minha bicicleta que me leva para o hospital, machamba e outras atividades. Também ajudou os meus filhos para a compra de material escolar e outras necessidades. Não vou abandonar esta atividade porque tem mercado. Assim já lançámos a sementeira", contou.
Aposta em crescimento
O Instituto Nacional de Algodão e Oleaginosas de Moçambique em Manica prevê processar na presente campanha de comercialização mais de mil toneladas de algodão.
Neste momento, o instituto já recebeu dos pequenos produtores das três províncias centrais de Moçambique - Manica, Tete e Sofala - mais de seiscentas toneladas da matéria-prima, tendo já processado duzentas toneladas de fibra.
Para o delegado do Instituto Nacional de Algodão e Oleaginosas de Moçambique em Manica, Edson Vasconcelos, os números indicam uma tendência de aumento na produção.
"Os produtores continuam a apostar na produção de algodão, porque o algodão é uma cultura resistente à estiagem; e nestas regiões, por exemplo de Guro, Tete e Sofala, as precipitações nos últimos tempos têm-se reduzido e o algodão tem resistido", sublinhou.
Vasconcelos diz que o algodão produzido na região centro é de qualidade, razão pela qual é exportada para a Ásia, concretamente Singapura, China e Índia.
Ainda assim, Vasconcelos apela aos produtores para não apostarem apenas em culturas de rendimento, mas para priorizarem também as culturas alimentares, para não prejudicar a produção de alimentos na região.