Foram anunciados esta quarta-feira os resultados definitivos das eleições autárquicas de 10 de outubro em Moçambique, que confirmam a vitória da FRELIMO em municípios cujos resultados são contestados pela RENAMO e MDM.
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A Comissão Nacional de Eleições (CNE) confirmou esta quarta-feira (24.10 ), numa cerimónia pública, a vitória da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) nas autárquicas. O partido no poder venceu em 44 municípios, enquanto o maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), saiu vencedora em oito e a terceira força política, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), em apenas um (Beira).
O maior partido da oposição reclama vitória noutras cinco autarquias, cujos resultados oficiais dão vitória à FRELIMO, nomeadamente Matola, Monapo, Alto Molocue, Moatize e Marromeu.
A RENAMO e o MDM recorreram junto dos tribunais distritais, mas todos os pedidos foram chumbados porque as reclamações não tinham sido apresentadas previamente nas mesas de voto ou ainda porque foram submetidos fora do prazo.
Divergências na CNE
O presidente da CNE, Abdul Carimo, reconheceu que durante o apuramento geral dos resultados registaram-se divergências de opinião entre os membros do órgão quanto ao tratamento da matéria, particularmente no que se refere às irregularidades de natureza administrativa e dos ilícitos eleitorais reportados.
Parte dos membros defendia que não obstante o processo estar a correr os seus trâmites em fórum judicial nada obsta que a CNE aprecie o mérito dos factos independentemente dos indeferimentos exarados pelos tribunais competentes.
Oposição fala em fraude e FRELIMO em democracia
A outra parte da CNE, que acabaria vencendo através do voto maioritário, entendeu que encontrando-se os casos em fase de contencioso eleitoral julgou pertinente deixar correr os trâmites legais, em virtude da incompetência material da CNE em matéria de contencioso eleitoral.
Abdul Carimo disse que o processo de centralização nacional e apuramento geral dos resultados eleitorais foi realizado com base nas atas e editais do apuramento intermédio e no mapa da centralização provincial. Considerou ainda que as eleições decorreram de forma positiva, com êxito e civismo, mas condenou os atos de violência registados.
"Lição de democracia" ou "grosseira fraude"?
Reagindo aos resultados anunciados pela CNE, o partido no poder afirmou que está satisfeito e sai seguramente reforçado. "Mais uma vez obrigado aos moçambicanos por estas lições, sobretudo por esta lição de democracia que demonstraram ao país e ao mundo", disse a mandatária da FRELIMO, Verónica Macamo. "Estamos satisfeitos, é evidente que gostaríamos de ganhar em todas as autarquias, mas nós respeitamos a vontade dos moçambicanos. Em democracia é assim", acrescentou.
Festa após vitória: RENAMO enche as ruas de Nampula
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Já o mandatário da RENAMO, André Magibire, afirmou que apesar de várias irregularidades e violência registadas, o seu partido saiu vencedor porque foi às eleições com apenas um município e obteve vitória num total de oito, para além de reclamar vitória noutras cinco autarquias. "O que acabamos de assistir é o anúncio de resultados resultantes de uma grosseira fraude", considerou.
Magibire antevê uma grande disputa na gestão de alguns municípios: "Mesmo nos municípios onde o partido FRELIMO sai vencedor em muitas autarquias, a diferença, se forem a reparar, é de dois ou três membros de Assembleia, o que significa que vai ser um trabalho muito renhido."
O mandatário do MDM, José de Sousa, disse que o seu partido está pronto para tudo aquilo que vier e que esteja inserido na prossecução da democracia em Moçambique. "Lamentamos profundamente as várias irregularidades que tiveram lugar durante o processo, iniciando pelo recenseamento, votação e antes disso a campanha eleitoral", destacou.
Autárquicas: Quem venceu nas principais cidades de Moçambique
Os resultados eleitorais das eleições autárquicas moçambicanas dão a vitória ao partido no poder em 44 municípios. A RENAMO, a principal força da oposição, venceu em sete autarquias. O MDM conquistou apenas a Beira.
Foto: DW/S. Lutxeque
Eneas Comiche, edil da capital entre 2004 e 2008, venceu em Maputo
Segundo o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e a Comissão Nacional de Eleições (CNE), a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) saiu como grande vencedora em Maputo com 56,95% dos votos, contra os 36,43% da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) foi a terceira força política mais votada com 5,13%.
Foto: DW/R. da Silva
Com margem estreita, Calisto Cossa conquista segundo mandato na Matola
No município da Matola, a FRELIMO foi considerada vencedora com 48,05% dos votos, contra os 47,28% da RENAMO, uma diferença inferior a um ponto percentual. A vitória da FRELIMO foi, no entanto, contestada pela oposição. Membros da Comissão Distrital de Eleições disseram mesmo que houve fraude eleitoral.
Foto: DW/Leonel Matias
Emídio Xavier, da FRELIMO, eleito pelo município de Xai-Xai
Na província de Gaza, concretamente na cidade de Xai-Xai, a FRELIMO venceu com 81,21% dos votos contra apenas 12,36% da RENAMO. Em 134 mesas, Xai-Xai registou 53,90% de votos válidos e uma abstenção de 43,86%.
Foto: DW/C. Matsinhe
Benedito Guimino, da FRELIMO, reeleito em Inhambane
Na cidade de Inhambane, capital provincial, a FRELIMO arrasou com 79,50% contra os 15,55% da RENAMO. Sobraram apenas 4,95% para o MDM. Inhambane contou com 65 mesas de voto e uma abstenção de 35,14%.
Foto: DW/L. da Conceição
Daviz Simango, líder do MDM, mantém-se na Beira
Na cidade da Beira, província de Sofala, o MDM conseguiu a única vitória neste sufrágio. A terceira força parlamentar arrecadou 45,77% dos votos. Em segundo lugar, ficou a FRELIMO com 29,26%. Em terceiro, surge a RENAMO com 24,57%. Neste município registou-se uma abstenção de 36,65%.
Foto: DW/A. Sebastiao
João Ferreira foi aposta da FRELIMO na cidade de Chimoio
Em Chimoio, província de Manica, a FRELIMO obteve maioria absoluta com 52,51% da votação. A RENAMO garantiu 44,51% dos votos válidos. Nesta cidade do centro do país havia 220 mesas e, curiosamente, não foram contabilizados quaisquer votos nulos ou brancos.
Foto: DW/M. Muéia
Manuel de Araújo reeleito em Quelimane - desta vez pela RENAMO
Na província da Zambézia, cidade de Quelimane, a RENAMO venceu com 59,17% da votação contra os 36,09% arrecados pelo partido no poder, a FRELIMO. Quelimane com 168 mesas de votos registou uma taxa de abstenção de 34,72%. Do total de votos, 61,39% foram considerados válidos.
Foto: picture-alliance/dpa
César de Carvalho volta à edilidade de Tete, que liderou entre 2004 e 2013
Na província de Tete, na cidade com o mesmo nome, a FRELIMO levou a melhor com 54,49% contra os 43,02% da RENAMO, num universo de 57,04% votos considerados válidos. Nesta província do Centro Norte de Moçambique havia 184 mesas de voto.
Foto: DW/A.Zacarias
RENAMO vence em Nampula com atual edil Paulo Vahanle
Em Nampula, a RENAMO obteve mais votos do que o partido no poder. 59,42% dos munícipes votaram no principal partido da oposição, contra os 32,20% que votaram na FRELIMO. O MDM surge em terceiro com 6,23%. Nesta cidade contabilizaram-se 196.230 votos válidos, o que corresponde a 57,30% do total da votação. Em Nampula havia 456 mesas de voto.
Foto: DW/S. Lutxeque
FRELIMO vence no município de Lichinga
Na cidade de Lichinga, na província do Niassa, a FRELIMO ganhou com 51,93% contra os 45,19% da RENAMO. O MDM garantiu o terceiro posto com apenas 2,88%. A abstenção situou-se nos 41,91%.
Foto: DW/M. David
Em Pemba, venceu Florete Simba Motarua da FRELIMO
Na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, a vitória foi alcançada pela FRELIMO que arrecadou 54,21% dos votos. A RENAMO não foi além dos 39,01%. Pemba com 134 mesas de votos contabilizou 56,23% de votos válidos. A taxa de abstenção nesta cidade nortenha foi de 40,87%.