Ressano Garcia, localizada na fronteira com a África do Sul, vai ter um centro de formação e laboratório de produção de "gelatos" de estilo italiano. Objetivo é criar oportunidades de trabalho para jovens desfavorecidos.
Foto: Fotolia/Thomas Perkins
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Uma organização social da pequena vila moçambicana Ressano Garcia vai monitorizar a criação de um centro de formação e laboratório de produção de gelato. Num país que tem um dos mais baixos produtos internos brutos (PIB) do mundo e altas taxas de desemprego jovem, o projeto quer ajudar jovens a terem emprego.
Três cidadãos de Moçambique viajaram até à cidade de Bolonha, no norte de Itália, para um curso intensivo na "Universidade de Gelato", da marca Carpigiani. José Maria é um deles. Nasceu em Maputo e tem 21 anos. A mãe, portadora de deficiência, morreu no dia em que ele fez 11 anos.
Descreve que a formação é "incrível" e deu-lhe a conhecer algo novo. "Não cresci a comer gelados. Era algo que vendiam na cadeia KFC [Kentucky Fried Chicken] e não era qualquer pessoa que podia ir lá", recorda.
Este estilo particular de gelado, o gelato italiano, tem vindo a ganhar popularidade por todo o mundo nos últimos anos. Além de ser mais cremoso e menos gordo que outros gelados, é mais saboroso e saudável.
Estudantes da "Universidade do Gelato", em BolonhaFoto: Carpigiani
A missionária Carla espera que este produto seja bem recebido pela comunidade. "Espero que seja um sucesso! É o nosso grande desejo: que o gelato se torne conhecido, saboreado e vendido", conta a missionária.
Quando voltar a Moçambique, Carla vai ensinar cinco órfãos e quatro jovens mães a fazerem gelato. Em Moçambique, cursos de formação profissional normalmente não estão acessíveis para os mais pobres.
Além do laboratório de produção e centro de formação, terão também uma pequena carrinha adaptada especialmente para o transporte de gelado.
Oportunidades de negócio
Os resorts moçambicanos junto à costa são muito populares entre turistas sul-africanos. Há filas constantes de carros que esperam para poderem passar a fronteira e vendedores ambulantes que vendem bebidas aos ocupantes dos veículos.
Moçambique: Combater o desemprego com gelados
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No pico do calor, Carla acha que o gelato seria uma boa opção para oferecer aos turistas e uma forma de expandir o negócio. "Vamos ter um carrinho pequeno para vender no local, na fronteira, vamos de empregar outros jovens vendedores ambulantes".
Quando deixou a escola, José Maria fazia biscates como mecânico. Arranjava camiões à beira da estrada. Quando voltar a Moçambique, será o responsável pelo equipamento. Agora, sente o que tem um futuro mais risonho, graças a esta "grande oportunidade". "É um sonho poder trabalhar com outros equipamentos mecânicos que não são carros. É um sonho que se tornou realidade", conta.
Além de fazer gelato, José Maria começou também a estudar engenharia do ambiente na universidade. Espera pode usar o conhecimento que tem adquirido para tornar o negócio do gelato mais produtivo e sustentável.
O moçambicano acredita no sucesso da iniciativa e quer que a passagem de conhecimentos seja um ciclo: as pessoas fazem formação, começam a trabalhar e depois dão formação aos outros. Está confiante no sucesso do gelato no seu país.
"Eu acho que no futuro as pessoas vão poder abrir os seus próprios negócios. Será uma forma do meu país desenvolver um novo mercado. O termo gelato vai ficar famoso", espera o jovem.
Fazer as unhas nas ruas de Moçambique
Em Inhambane, fazer as unhas às mulheres nas ruas já se tornou um negócio. Jovens sem emprego percorrem a província com tábuas de vernizes. Outros têm "salões" nos quais oferecem os serviços de manicure e pedicure.
Foto: DW/L. da Conceicao
Caminhar todos dias
O negócio de pintar unhas não é fácil para os jovens que realizam esta atividade, é preciso caminhar pelas ruas das cidades com uma tábua de vernizes, além de ser necessário conquistar a clientela. Valdimiro Chapuana conseguiu lobolar (ter um casamento tradicional) a sua esposa e tem dois filhos graças aos rendimentos deste negócio.
Foto: DW/L. da Conceicao
“Estou feliz com o meu trabalho”
Lourenço Zacarias concluiu o nível médio na escola secundária e não teve oportunidade para entrar na faculdade nem conseguir emprego. Pediu dinheiro ao irmão mais velho para começar o negócio e abriu uma banca de pintar unhas em frente à escola que frequentou na cidade de Maxixe. “Estou feliz com o meu trabalho”, diz.
Foto: DW/L. da Conceicao
Colocar e pintar unhas para lobolar
Antunes Costa e a noiva, que estão a preparar-se para lobolar (casamento tradicional), decidiram tratar das unhas por uma questão de elegância e beleza. Recorreram a uma banca onde colocam e pintam unhas. Questionados sobre a escolha deste local, disseram que o trabalho é de qualidade e os preços razoáveis.
Foto: DW/L. da Conceicao
Salões de unhas nas ruas
Os salões que pintam unhas estão espalhados pelas cidades e vilas da província de Inhambane. O negócio começou a fazer sucesso na África do Sul e em Maputo, de onde vieram empreendedores que passaram os seus conhecimentos aos jovens locais. Nos últimos três anos, o negócio ganhou espaço nas ruas da província. Muitas mulheres que procuram realçar a sua beleza recorrem estes locais.
Foto: DW/L. da Conceicao
Detalhe da pedicure
A manicure e a pedicure podem ser realizadas nas ruas, nos locais de trabalho ou nas residências das clientes. Os jovens que exercem a atividade deixam o seu contacto com os clientes. A clientela acredita no trabalho de qualidade. O preço varia entre 100 e 450 meticais (um e seis euros).
Foto: DW/L. da Conceicao
Perigos para a saúde
Esta atividade requer cuidados com a saúde, tanto para quem faz o trabalho, como para as clientes. Nem todos usam proteção, como luvas e máscaras, e o material nem sempre é esterilizado. Muitas vezes os equipamentos são conservados em condições precárias.
Foto: DW/L. da Conceicao
Trabalho infantil
Matias Pedro é um adolescente de 15 anos que abandonou a família no distrito de Funhalouro e veio para a cidade de Maxixe em busca de melhores condições de vida. Não teve escolha quando lhe ofereceram este trabalho para pintar unhas nas ruas. Ganha cerca de 1.500 meticais (20 euros).
Foto: DW/L. da Conceicao
“Faço o trabalho há 15 anos”
Nido Zaqueu conseguiu empregar-se depois de aprender a atividade na África do Sul em 2003. Seis anos depois, voltou a Moçambique e começou a fazer negócio na cidade de Maputo. Devido à procura de novos mercados, fixou-se na cidade de Maxixe. É casado e pai de três filhos. Diz que o negócio vale a pena e emprega temporariamente três jovens, entre eles o irmão.
Foto: DW/L. da Conceicao
Cliente satisfeita
O trabalho requer muita atenção, pois um pequeno erro pode estragar a beleza das unhas. Ainda assim, os jovens pouco experientes conseguem deixar as suas clientes satisfeitas. Os modelos disponíveis encontram-se nos cartazes. “Cada mulher quer um modelo diferente e que combine com o seu vestuário, mas também com a época do ano”, explicam os jovens.
Foto: DW/L. da Conceicao
Quem procura este serviço?
Mulheres trabalhadoras, estudantes universitárias e turistas estão entre os grupos que procuram este serviço. Muitas delas contam que não têm material nas suas casas ou não sabem fazer melhor. Falta de tempo, paciência e criatividade são outros motivos que as levam a pagar por serviços de manicure e pedicure.
Foto: DW/L. da Conceicao
À espera de melhores oportunidades
Delercio Arnaldo, adolescente natural do distrito de Massinga, conseguiu emprego a pintar unhas em Inhambane. Conta que deixou a família e abandonou os estudos por falta de condições há cerca de dois anos. Espera um dia ter outras oportunidades na sua vida.
Foto: DW/L. da Conceicao
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O serviço de pintar unhas tem publicidade espalhada em todas as avenidas. Os panfletos incluem o nome de quem pratica a atividade e os contactos. Algumas mulheres recorrem aos salões ou mesmo a jovens na rua por terem confiança neles. Outras solicitam serviços ao domicílio. “Às vezes viajamos para outras províncias, distritos ou mesmo residências aqui dentro da cidade”, dizem muitos jovens.