A Comissão Nacional dos Direitos Humanos propõe a purificação das fileiras nas Forças de Defesa e Segurança para evitar que os agentes facilitem ou encubram crimes de raptos.
Publicidade
Os crimes de rapto voltam a inquietar os empresários moçambicanos e estes denunciam o envolvimento da polícia, recusando gravar estas denúncias. Por isso, a Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) refere que há necessidade de purificar as fileiras nas Forças de Defesa e Segurança (FDS). A ideia, segundo o presidente da CNDH, Luís Bitone, é evitar que a polícia possa facilitar ou encobrir os crimes de rapto, "porque, se isso acontecer, teremos esta situação a alastrar-se".
"É importante a responsabilização daqueles que são encontrados. Tivemos situações em que as vítimas foram encontradas e indicam os raptores e aqui é preciso que a Procuradoria Geral da República e os tribunais façam o trabalho de fundo", sublinha.
Desde que o fenómeno dos raptos de empresários começou, em 2012, a polícia tem vindo a criticar as vítimas por não denunciarem os criminosos. Aos olhos da CNDH, no entanto, o medo dos empresários de denunciarem os raptores resulta da falta de confiança nas instituições que deviam zelar pela sua segurança.
"Isso chama a atenção para que fortifiquemos as nossas instituições de administração da justiça, para que as pessoas tenham liberdade", diz Luís Bitone. "Também temos uma lei de proteção das testemunhas e denunciantes, mas a aplicação desta lei está aquém da nossa expetativa", acrescenta.
Trailer de "Resgate"
00:39
Raptos afetam investimentos
O recrudescimento dos raptos está a deixar os empresários desesperados e, segundo o empresário Gulam Hussene, do conselho empresarial da Confederação das Associações Económicas (CTA), já há retração nos investimentos. "Os problemas dos raptos afetam todo o setor empresarial do país e o impacto está a ser negativo", afirma. O empresário destaca o setor do Turismo que, "além das dificuldades que encontra na Covid-19, sofrerá, com certeza, mais".
"Os empresários internacionais que investem em Moçambique acabam por se retrair também", considera.
O porta-voz do Serviço de Investigação Criminal (SERNIC), Elino Paguana, revelou que a polícia investigou e neutralizou recentemente uma quadrilha na qual foi identificado um indivíduo que alugava armas aos sequestradores. "Vem na prossecução das investigações, desde o sequestro do cidadão, onde conseguimos neutralizar a pessoa que portava as duas armas e alugou-as. Nesta neutralização dessas armas, fomos capazes de ter informações, segundos fontes, que a mesma quadrilha pretendia fazer um assalto na zona da Ponta do Ouro. E, assim, pusemos as nossas forças operativas em ação e conseguimos neutralizá-los nessas viaturas", descreve.
A nova onda de raptos traz igualmente novas modalidades de pagamento de resgates, em que os criminosos obrigam as suas vítimas a transferirem o dinheiro para contas no estrangeiro para despistar a investigação da polícia.
Maputo tenta reorganizar comércio informal
As autoridades da capital moçambicana e da província de Maputo estão a remover os vendedores ambulantes dos passeios e a instalar o comércio informal nos mercados. Mas muitos resistem.
Foto: DW/R. da Silva
Vendedores informais são retirados das ruas
Na cidade de Maputo e nas sedes distritais da província, muitos vendedores informais foram colocados dentro dos mercados. O comércio nos passeios está a diminuir. Algumas avenidas na baixa Maputo costumavam ser tomadas pelo comércio informal, o que inviabilizava a circulação. Mas, com a ação da polícia, os carros agora ocupam os passeios.
Foto: DW/R. da Silva
Comércio local é reorganizado
Alguns locais da cidade de Maputo ainda continuam sob a alçada dos informais. O município de Maputo tenta reorganizar o comércio informal na tentativa de evitar que estes produzam mais lixo, joguem água no asfalto, entre outras práticas. Nesta imagem, uma mulher está a lavar os seus pertences jogando água suja no chão.
Foto: DW/R. da Silva
Os vendedores ambulantes resistem
Na saga da edilidade para retirar os informais das ruas da capital moçambicana e arredores, os ambulantes ainda resistem por causa da natureza do seu negócio. Os vendedores continuam a exercer as suas atividades nas ruas e escondem o produto, tirando apenas quando querem mostrar ao cliente.
Foto: DW/R. da Silva
Os vendedores ambulantes resistem
Na saga da edilidade para retirar os informais das ruas da capital moçambicana e arredores, os ambulantes ainda resistem por causa da natureza do seu negócio. Os vendedores continuam a exercer as suas atividades nas ruas e escondem o produto, tirando apenas quando querem mostrar ao cliente.
Foto: DW/R. da Silva
Falta de espaço nos mercados
As mulheres ocupam o todo do comércio informal na capital Maputo. Com a ordem de deixarem os passeios, as vendedoras afirmam que a medida é boa, mas queixam-se da falta de outros espaços nos mercados. "Quando o município nos tirar daqui para o mercado, haverá confusão, porque não vamos caber", queixam-se estas três mulheres.
Foto: DW/R. da Silva
A caça pelos clientes
Muitos informais preferem estar fora do mercado para encontrar mais clientes, numa corrida em que os que perdem são aqueles que estão dentro dos mercados. É por isso mesmo que todos querem os passeios, porque são nestes locais de muito movimento de pessoas que procuram vender os seus produtos.
Foto: DW/R. da Silva
"Prefiro estar aqui no passeio"
Gilda Mário diz que já esteve a vender no interior do mercado de Polana Caniço, mas a diferença está na avalanche de clientes. "Os meus produtos chegaram a apodrecer por falta de clientes. Mesmo agora que as pessoas estão em casa por causa da Covid-19 eu faço algum dinheiro para poder dar de comer às crianças", afirma.
Foto: DW/R. da Silva
Informais querem espaços adequados
Rita e Celeste dizem-se felizes por venderem no passeio da avenida Julius Nyerere, no mercado informal de Xikeleni. Estas moçambicanas consideram a atitude do município injusta, porque não mostra os locais onde podem caber todos os informais. "Enquanto todos estivermos aqui, dificilmente alguns irão aos mercados. Tem de ser todos e num único espaço", afirmam.
Foto: DW/R. da Silva
Barracas vazias
Estas barracas construídas para os informais pelo município de Maputo estão abandonadas, porque os vendedores preferem ir à rua para estar perto dos clientes. Estas bancas só voltam a ser ocupadas quando a polícia municipal atua de forma severa.
Foto: DW/R. da Silva
Perdidos na periferia
São muitos os mercados nos bairros na periferia de Maputo, que estão vazios. Este espaço em Laulane, a 7 quilómetros da capital, está reservado para os informais que ocupavam os passeios da baixa de Maputo. Muitos vendedores saem destes bairros para exercer o comércio na baixa. Por isso, quase todos os bairros têm mercados que podem evitar deslocações de informais para longe da sua jurisdição.
Foto: DW/R. da Silva
Praia sem vendedores informais
Esta é a zona da praia da Costa do Sol. Devido à pandemia, o Governo proibiu a venda informal nesta zona para evitar aglomerados. O município de Maputo está a ser criticado pela forma como está a tratar os informais. Mas a ideia é encontrar novas formas para dar uma outra beleza à praia da Costa do Sol. Os informais desta zona da praia vão ser colocados ao lado do mercado do Peixe.
Foto: DW/R. da Silva
Ruas livres
Na sede distrital de Magude, a 160 quilómetros do centro de Maputo, os informais estão a obedecer as ordens das autoridades. Os vendedores livraram os passeios e todos foram ao mercado. Os táxis que tinham que disputar os espaços com os informais estão a exercer a sua atividade sem riscos.
Foto: DW/R. da Silva
Comércio reorganiza-se
Este é o mercado da vila sede do distrito de Marracuene, a 30 quilómetros de Maputo. Dentro do mercado, estão alguns informais que foram retirados da EN1, que liga o sul ao norte de Moçambique, para reorganizar o comércio na vila.