Concluído desarmamento de membros da Junta Militar da RENAMO
Lusa
1 de dezembro de 2021
Os últimos 24 membros da Junta Militar da RENAMO foram desmobilizados em Murrupula. O anúncio foi feito, esta quarta-feira (01.12), pelo enviado pessoal do secretário-geral da ONU em Moçambique, Mirko Manzoni.
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O enviado pessoal do secretário-geral da ONU e presidente do grupo de contacto para negociações de paz em Moçambique anunciou, esta quarta-feira (01.12), a desmobilização dos últimos elementos do grupo dissidente da RENAMO responsável por ataques armados no centro do país.
"Hoje, temos o prazer de informar que os últimos membros da Junta Militar da RENAMO foram desmobilizados em Murrupula, na província de Nampula. Este último grupo de 24 membros da Junta Militar concluiu a desmobilização e juntou-se agora aos demais participantes das atividades de desarmamento, desmobilização e reintegração em curso a nível nacional em Moçambique", refere Mirko Manzoni, em nota distribuída à comunicação social.
A autoproclamada Junta Militar da RENAMO, um grupo dissidente da principal força política de oposição responsável por ataques armados no centro de Moçambique, perdeu o seu líder, Mariano Nhongo, a 11 de outubro, após 28 meses de contestação à liderança do principal partido de oposição e exigindo a renegociação do acordo de paz assinado em agosto de 2019.
Segundo o enviado pessoal do secretário-geral da ONU, no total, 85 membros daquele grupo entregaram as suas armas e juntaram-se ao processo de desarmamento, desmobilização e reintegração (DDR), no âmbito do acordo de paz.
"O processo continuará a decorrer em Murrupula [província de Nampula] até à sua conclusão em meados de dezembro, estando previsto que no final do ano cerca de 63% de todos os beneficiários do DDR acolham o novo ano em casa, com as suas famílias e nas suas comunidades", acrescenta a nota.
O grupo de Mariano Nhongo, antigo líder de guerrilha da RENAMO, discordava dos termos do processo de DDR decorrente do acordo de paz assinado em 06 de agosto de 2019 entre o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o atual líder da Renamo, Ossufo Momade.
O entendimento foi o terceiro entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e a RENAMO, tendo os três sido assinados na sequência de ciclos de violência armada entre as duas partes.
No âmbito do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, mais de metade dos cerca de cinco mil guerrilheiros da RENAMO já foram abrangidos pelo DDR, sendo que alguns foram incorporados nas Forças de Defesa e Segurança moçambicanas.
Acordo de Paz histórico em Moçambique
Em Moçambique, o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, formalizaram na quinta-feira (01.08) o fim das hostilidades militares no país. O acordo, já considerado histórico, é o terceiro em 25 anos.
Foto: DW/A. Sebastião
Acordo histórico
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, erguem o acordo de paz e fim das hostilidades, que foi assinado na Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país. O local é conhecido como bastião da RENAMO. O acordo tem como objetivo acabar com os confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
Foto: DW/A. Sebastião
Anos de hostilidade
"Estamos aqui em Gorongosa para dizer a todos moçambicanos e ao mundo inteiro que acabámos de dar mais um passo, que mostra que a marcha rumo à paz efetiva é mesmo irreversível", declarou Filipe Nyusi, referindo-se ao acordo assinado com a RENAMO. É o terceiro documento após anos de hostilidades. O primeiro foi assinado em 1992, em Itália - o chamado Acordo Geral de Paz de Roma.
Foto: DW/A. Sebastião
Virar a página
"Com esta assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares, queremos garantir ao nosso povo e ao mundo que enterramos a lógica da violência como forma de resolução das nossas diferenças", afirmou o líder da RENAMO, Ossufo Momade, ressaltando que "a convivência multipartidária será o apanágio de todos partidos políticos".
Foto: DW/A. Sebastião
Silenciar das armas
O pacto cala oficialmente as armas e prolonga de forma definitiva uma trégua que durava desde dezembro de 2016, depois de vários anos de confrontos armados entre as forças governamentais e o braço armado da RENAMO.
Foto: DW/A. Sebastião
Abraço da paz
Na cerimónia de assinatura do acordo, o Presidente de Moçambique Filipe Nyusi mostrou-se otimista em relação aos próximos anos, dizendo que "a incerteza deu ligar à esperança e o futuro de Moçambique é promissor".
Foto: DW/A. Sebastião
"Paz vai ser testada nas eleições"
Este novo acordo é um passo muito importante para Moçambique e também para todos os partidos. Daviz Simango, líder do MDM, esteve na cerimónia e alertou: "Temos que trabalhar muito neste processo eleitoral que se avizinha. Portanto, se o STAE nos proporcionar o teatro, que tem vindo a fazer de ciclo em ciclo eleitoral, pode proporcionar o retorno a essas situações de conflitos militares".
Foto: DW/A. Sebastião
Unidos pelo acordo
Horas depois da assinatura do acordo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse na Beira que o Governo e a RENAMO vão unir-se para debelar qualquer tentativa de prejudicar o acordo de cessação definitiva de hostilidades militares.