Por semana, pelo menos sete jovens são submetidas à cirurgia no Hospital Distrital de Maganja da Costa. Segundo a única cirurgiã do local, cesarianas evitam que as mães contraiam doenças do útero.
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Há três anos que Ana Meque trabalha sozinha como médica cirurgiã no hospital do maior distrito de Maganja da Costa, na província da Zambézia, no centro de Moçambique. Ela diz que todos os dias muitas adolescentes grávidas procuram os serviços de partos hospitalares. Em média, ao menos sete partos de cesariana são realizados toda semana naquele hospital.
Realizar cesarianas ao invés de partos normais é o principal desafio, segundo a médica. "Temos muitas parturientes a precisar de cuidados cirúrgicos. Para ajudarmos as mulheres a fazerem o seu parto, estamos a fazer cesarianas para não corrermos o risco de perdermos a mulher por causa da ruptura uterina. Fazendo a cesariana estamos a garantir a vida da mulher e a do bebé".
O número de mães adolescentes que fazem cesarianas está a crescer na Zambézia, segundo Ana Meque, que estima que seja "um parto por dia só de adolescentes".
"Além de adolescentes, temos também casos de mulheres adultas que já engravidaram muitas vezes e o útero já não está preparado, porque já teve o seu percurso de parto", acrescenta.
Os partos por cesariana podem ser uma alternativa aos partos tradicionais, mas também têm desvantagens, afirma uma cidadã residente na Zambézia que prefere manter o anonimato. "Não é bom ter parto por cesariana. Como se trata de uma alternativa, temos que admitir: o parto a cesariana causa vários problemas nas mulheres, muitas vezes dores constantes quando não é bem sucedido".
Reconhecimento e apelo
Moçambique: Cresce o número de cesarianas em adolescentes na Zambézia
Na semana passada, Ana Meque recebeu um certificado de reconhecimento pelo seu trabalho com as parturientes. Uma distinção que a incentiva a fazer ainda mais para melhorar a saúde das mulheres.
"Mesmo que eu esteja sozinha na especialidade de cirurgia, a qualquer momento que aparecer uma paciente estou disponível para garantir a saúde da mulher".
A cirurgiã faz ainda um apelo a outros profissionais da saúde: "A todos os colegas, encorajo que com dedicação, vontade e coragem nós podemos melhorar a saúde da Zambézia, podemos cuidar dos doentes com mais qualidade e humanismo".
Direção promete mais profissionais
Em entrevista à DW África, o diretor provincial de Saúde da Zambézia, Hidayat Kassim, promete que vai contratar mais um cirurgião para ajudar Ana Meque no Hospital de Maganja da Costa e mais médicos para novos blocos operatórios da província.
"Vamos aumentar os recursos humanos para garantir que os hospitais com blocos operatórios possam operar de forma adequada. Temos uma lista de espera de 2000 pacientes que esperam ser operados na província".
Moçambique: O que foi feito ao dinheiro destas obras?
É a pergunta de vários cidadãos de Massinga, província moçambicana de Inhambane. Cada vez há mais obras na vila, que nunca chegam ao fim.
Foto: DW/L. da Conceição
Obras atrasadas
As obras arrastam-se no município de Massinga, sul de Moçambique, e os cidadãos querem saber porquê. Os empreiteiros ganham obras de construção civil na região, mas muitas são abandonadas após ser pago 50% do dinheiro para a sua execução, segundo o Conselho Municipal. A Justiça já notificou alguns empreiteiros para explicarem os atrasos, mas as estradas e avenidas continuam em péssimas condições.
Foto: DW/L. da Conceição
Mercado por construir
A União Europeia e a Suécia financiaram a construção de um mercado grossista em Massinga. Segundo a placa de identificação, as obras começaram a 28 de setembro de 2017 e deviam ter terminado a 28 de janeiro, mas até agora estão assim. O município remete as responsabilidades para o empreiteiro; contactada pela DW, a empresa negou explicar o motivo do atraso nas obras.
Foto: DW/L. da Conceição
Jardim perdido
O Conselho Municipal de Massinga gastou mais de 1,5 milhões de meticais (20.000 euros) para construir aqui um jardim etnobotânico - um projeto com a participação do Governo central e da Universidade Eduardo Mondlane. Mas as plantas colocadas aqui desapareceram e o terreno está abandonado. O Município promete que o jardim voltará a funcionar em breve, embora falte água para regar as plantas.
Foto: DW/L. da Conceição
Estrada sem fim à vista
Os trabalhos neste troço de cinco quilómetros duram há mais de três anos. O município de Massinga culpa o empreiteiro pela demora; a DW tentou contactar a empresa, sem sucesso. Segundo o município, aos 4,8 milhões de meticais (63 mil euros) pagos inicialmente ao empreiteiro foram acrescentados outros 3,9 milhões (51 mil euros) para continuar as obras, que deviam ter terminado em outubro.
Foto: DW/L. da Conceição
Estrada acabada?
25 de setembro de 2017 era a data de "entrega" desta estrada, segundo a placa de identificação. Mas a via, que parte da EN1 até ao povoado de Mangonha, continua em estado crítico. A obra está orçada em cerca de 1,9 milhões de meticais (quase 25 mil euros). Tanto a Administração Nacional de Estradas, delegação de Inhambane, como o Conselho Municipal recusaram comentar este assunto.
Foto: DW/L. da Conceição
Mais obras por acabar
Os trabalhos da pavimentação desta avenida também já deviam ter terminado, mas as obras continuam. O custo: cerca de 3,9 milhões de meticais (cerca de 51 mil euros). Mas a avenida continua por pavimentar. A DW tentou perguntar o motivo da demora à empresa Garmutti, Lda, responsável pela execução da obra, sem sucesso.
Foto: DW/L. da Conceição
Falta transparência
Segundo o regulamento de contratação de empreitadas de obras públicas, nos locais de construção devem constar as datas de início e do término dos trabalhos. Mas não é isso que acontece aqui. Segundo um relatório do governo local, um ano depois desta obra começar, só 30% dos trabalhos foram concluídos. O empreiteiro está incontactável; a empresa não tem escritório em Inhambane.
Foto: DW/L. da Conceição
Fatura sobre fatura
O orçamento inicial para os trabalhos de reabilitação no Hospital Distrital de Massinga rondava os dois milhões de meticais (cerca de 26 mil euros), mas, meses depois, o custo aumentou 600 mil meticais (8.000 euros).
Foto: DW/L. da Conceição
Edifício milionário
Este edifício custou à edilidade mais de 40 milhões de meticais (acima de 500 mil euros), sem contar com os equipamentos novos - cadeiras, secretárias ou computadores. Alguns empreiteiros acham estranho que tenha custado tanto dinheiro, porque o material de construção foi adquirido na região. Em resposta, o município justifica os custos com a necessidade de garantir o conforto dos funcionários.
Foto: DW/L. da Conceição
Adjudicações continuam
O município de Massinga continua a adjudicar novas empreitadas apesar de muitas obras não terem terminado. Vários residentes dizem-se enganados pelo edil, Clemente Boca, por não cumprir as promessas eleitorais.
Foto: DW/L. da Conceição
Campo por melhorar
Todos os anos, a Assembleia Municipal de Massinga aprova dinheiro para melhorar este campo de futebol, mas o campo continua a degradar-se. Segundo membros da assembleia, o dinheiro "sai" dos cofres públicos, mas nada muda e os jogadores "sempre reclamam". Em cinco anos, terão sido gastos 30 mil meticais (cerca de 400 euros). Nem o edil, nem os gestores do campo dizem o que foi feito ao dinheiro.
Foto: DW/L. da Conceição
"Fazemos sozinhos"
Devido à demora na construção de mercados e bancas, os residentes da vila de Massinga têm feito melhorias por conta própria, para manterem os seus produtos em boas condições. Questionados pela DW, os vendedores disseram que preferem "fazer sozinhos", porque se esperarem pelo município nunca sairão "do sol, da chuva e da poeira".