Boas perspetivas para a economia moçambicana até 2019
Leonel Matias (Maputo)
20 de novembro de 2018
Fundo Monetário Internacional (FMI) admite que a economia moçambicana poderá crescer acima dos 3,5% previstos para este ano, caso o país cumpra um conjunto de condições.
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que Moçambique regista uma recuperação gradual da economia. Uma apresentação feita nesta terça-feira (22.11.) pelo representante do FMI em Moçambique, Ari Aisen, prevê um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,5% no corrente ano, e entre 4 e 4,7% em 2019. A inflação poderá atingir 6.5% este ano e descer para 5.5% em 2019.
Ari Aisen, disse que a sua instituição acredita que o crescimento de 2019 poderá ser bastante mais elevado que este ano se for cumprido um conjunto de condições nomeadamente "o esforço contínuo na manutenção da paz, o influxo dos investimentos no gás, o relaxamento gradual da política monetária e das condições financeiras e a consolidação em forma fiscal".
Crescimento económico abrangente
A avaliação de 2018, indica que o crescimento económico tem sido abrangente, deixando de se limitar a indústria extrativa, a taxa de câmbio mantém-se estável e as reservas internacionais são suficientes para cobrir sete meses de exportações. Por outro lado, a conta corrente está a registar melhorias e os saldos comerciais são positivos.Ari Aisen destaca o que descreveu como êxito alcançado por Moçambique na redução da inflação.
"As políticas do Governo conseguiram deter um processo muito complexo inflacionário e de maneira diria bastante rápida. Esse seria até bom um estudo de caso para muitos países da região que têm uma inflação elevada".
Segundo o representante do FMI em Moçambique, este processo de desinflação bastante elevada/rápida abriu espaço para a política monetária ser menos restritiva. No entanto, o risco do crédito continua alto e o défice fiscal embora decrescente continua elevado e a divida pública elevada.
Aisen acrescentou que existem alguns riscos e incertezas como a volatilidade do preço das commodities, a tensão comercial e geopolítica entre as principais economias, a normalização da política monetária na América e o fortalecimento do dólar no mercado internacional assim como as eleições gerais e provinciais agendadas para 2019 e a consolidação fiscal.
FMI faz recomendações
Em termos de recomendações, o FMI considera que Moçambique deve prosseguir com a consolidação fiscal, a melhoria da governação, transparência e responsabilização, reformas estruturais para melhorar o ambiente de negócios e diversificar a economia e as exportações.
Convidado a comentar a apresentação do representante do FMI, o economista-chefe do Standart Bank em Moçambique, Fáusio Mussá, afirmou que a situação "é de facto de apertar o cinto até quase arrebentar. Essa é a imagem que fica. Espero que rapidamente o país entre num ritmo de crescimento e a gente possa aliviar um pouco".
Moçambique: Crescimento da economia pode aumentar até 4,7% em 2019
Fáusio Mussá disse que há questões concretas que pemitem ser otimistas como a exploração do gás natural mas deixou a seguinte questão:
"Será que as instituições em Moçambique estão capacitadas para lidar com este volume de investimento do ponto de vista de licenciamento, de mão de obra, dos vários sistemas que são necessários para isto fluir?"
Mussá questionou ainda que "neste ambiente em que os recursos são bastante escassos que tipo de capacidade é que está a ser criado para o país ser capaz de selecionar os projetos que de facto vão ajudar a transformar a economia?".
Nenhuma declaração pública
Uma missão do Fundo Monetario Internacional concluiu uma visita a Moçambique mas não foi feita qualquer declaração publica.
Uma fonte do escritório do FMI em Maputo disse que uma declaração sobre a visita será publicada nos próximos dias.
Recorde-se, que Moçambique anunciou no início do mês um acordo preliminar com parte dos credores da dívida pública estatal não declarada de 2.000 milhões de dólares e o FMI disse à imprensa em Maputo que está a reanalisar a sustentabilidade da dívida moçambicana à luz das novas condições.
Ari Aisen referiu esta terça-feira que ainda é cedo para saber se tal permitirá colocar os rácios de sustentabilidade da dívida em níveis que permitam ao FMI estabelecer um novo programa de apoio ao país num futuro próximo. As atenções estão centradas nas reformas necessárias ao país, concluiu.
O "boom económico" na cidade de Nampula
Com mais de 60 anos, a cidade de Nampula está em expansão: hotelaria, instituições públicas e melhores vias de comunicação são alguns dos exemplos. Mas há ainda muitos desafios para superar.
Foto: DW/S.Lutxeque
Cidade na rota do desenvolvimento
A cidade de Nampula completa 62 anos de elevação a cidade a 22 de agosto de 2018. Os últimos anos têm testemunhado uma constante em transformação. Novas infraestruturas, como hotéis, centros comerciais, edifícios de serviços públicos, estradas e vias férreas estão a fazer crescer a cidade.
Foto: DW/S.Lutxeque
Mais oferta hoteleira
Nos últimos anos, o setor da hotelaria e turismo é um dos que mais se tem notabilizado, em crescimento e expansão das atividades na cidade de Nampula. Só nos últimos cinco anos, abriram dois grandes hotéis que dão emprego a milhares de moçambicanos. Na foto vê-se o Grand Plaza Hotel, totalmente de capitais moçambicanos e inaugurado em junho passado pelo Presidente da República.
Foto: DW/S.Lutxeque
Novo Palácio da Justiça em Nampula
A cidade recebeu um dos maiores empreendimentos do setor judiciário que acolhe várias instituições, nomeadamente, a Procuradoria, o Serviço Nacional de Investigação Criminal, o Tribunal Judicial, o Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica, e a Administração do próprio Palácio da Justiça. O empreendimento foi construído de raiz e ocupa uma área de mais de dois quilómetros quadrados.
Foto: DW/S.Lutxeque
Centros comerciais desenvolvem economia
Com a descoberta e exploração de vários recursos minerais e naturais na província, muitas empresas, na sua maioria de origem estrangeira, fixam-se em Nampula. Muitas arrendam escritórios em centros comerciais. Um dos exemplos é o Milénio Center, construído nos últimos anos. Fornece serviços de aluguer de escritórios, lojas, cafetarias, estabelecimentos bancários entre outros.
Foto: DW/S.Lutxeque
Proliferação de quiosques "take-away"
Não são só as grandes empresas que contribuem para desenvolver a cidade. Também há um aumento de quiosques que confecionam e vendem produtos na via pública. Desde 2016, só na cidade de Nampula, as autoridades já municipais já licenciaram centenas destes estabelecimentos para o exercício de atividades. Em quase todas ruas existem quiosques, vulgarmente conhecidos por "take-away".
Foto: DW/S.Lutxeque
Mais e melhores estradas na cidade
A reabilitação e construção de estradas, em vários pontos do centro da cidade foi um dos marcos dos últimos cinco anos. Boas estradas são uma necessidade para responder ao aumento do parque automóvel que se vem registando desde a independência do país, sobretudo nos últimos anos.
Foto: DW/S.Lutxeque
Grande investimento em ferrovias
A cidade de Nampula, está localizada ao longo do Corredor de Nacala, considerado o "pulmão" económico da província. É atravessada por uma linha férrea que liga ao distrito de Nacala-a-Velha a Moatize, com passagem pelo vizinho Malawi, numa extensão aproximada de 900 quilómetros. A linha representa um investimento de quase 4 mil milhões de euros.
Foto: DW/S.Lutxeque
Filial do Banco de Moçambique
Na foto vê-se a filial do banco de Moçambique em Nampula. O Banco Central investiu cerca de 240 milhões de dólares nas obras de construção da sua nova sede em Maputo e nas filiais de Nampula e Xai-Xai, bem como na reabilitação e ampliação das filiais de Chimoio e Beira.
Foto: DW/S.Lutxeque
Casas modernas em construção
"Modern Town-Nampula" é um grande projeto de construção que se prevê que resulte em 1800 casas construídas de raiz, no bairro de Mutauanha, numa zona de expansão. Este projeto projeto do Governo moçambicano, através do Fundo de Fomento de Habitação foi lançado em setembro do ano passado e prevê atribuir habitação aos jovens a título de crédito.
Foto: DW/S.Lutxeque
Mercado Municipal também mais moderno
O Mercado Municipal, vulgarmente conhecido por Mercado Central, é um dos mais antigos estabelecimentos comerciais que sobrevive até aos dias de hoje. Esta infraestrutura já passou por reabilitações e vai sobrevivendo aos maiores e atuais estabelecimentos comerciais. Antigamente, eram vendidos vestuários e diversos eletrodomésticos. Agora, limita-se a produtos de primeira necessidade.
Foto: DW/S.Lutxeque
Construção da estrada Nampula-Nametil
A estrada que liga a cidade de Nampula a Nametil, sede do distrito de Mogovolas, já está em construção. São mais de 70 quilómetros. Os cidadãos consideram que vai alavancar a economia, pois vai ligar, e assim, aproximar, uma zona de produção à cidade.
Foto: DW/S.Lutxeque
Bairros periféricos excluídos do "boom"
A cidade de Nampula conta com mais de um milhão de habitantes e dispõe de cerca de 18 bairros. Começam também a surgir zonas de expansão, onde muitos não beneficiam, na sua totalidade, do "boom" económico que a cidade ultrapassa. A degradação de estradas ou mesmo falta de vias de acesso, bem como a falta de corrente elétrica, água potável e lixo abundante são alguns dos problemas.