1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
CriminalidadeMoçambique

Moçambique: Crime e raptos na origem de demissão de ministra

29 de agosto de 2023

Crime organizado, raptos e atraso no pagamento de salários aos polícias poderão ser as principais razões para a demissão da ministra do Interior de Moçambique, Arsénia Massingue, dizem analistas.

Mosambik | Immobilien und Institutionen, die mit dem Prozess der "versteckten Schulden" in Verbindung stehen.
Foto: Romeu da Silva/DW

Analistas ouvidos pela DW em Maputo não têm dúvidas: a demissão da ministra do Interior, Arsénia Massingue, estará relacionada com o fracasso no combate ao crime organizado, sobretudo os raptos.

Avançam ainda que o Ministério do Interior é dos mais difíceis de gerir, alegadamente porque dentro da instituição haverá criminosos de altas patentes que se dedicam sobretudo aos sequestros.

Dércio Alfazema, do Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD), sublinha que no combate aos raptos houve fraca capacidade institucional: "Quando os raptores entendem, cresce a onda. São raptos sequenciados. Quando entendem, eles próprios abrandam e a nossa capacidade de resposta em relação a isso é muito lenta", explica.

Arsénia Massingue fez mexidas significativas, mas não foram suficientes para combater o crime organizado, diz ainda o analista, considerando que a ministra "estava muito preocupada com questões administrativas e gestão, mas em termos de políticas e de ações para responder às preocupações levou muito tempo".

Polícia diz que deteve manifestante para o proteger

07:36

This browser does not support the video element.

O elo mais fraco

O analista Wilker Dias entende que a ministra terá encontrado no Ministério do Interior criminosos organizados de altas patentes que dificultaram o seu trabalho. "E quando é assim, a demissão acaba por ser uma consequência da inoperacionalidade face à tentativa de estancar aqueles que são os males existenciais dentro desses núcleos ali no Ministério", afirma.

Os polícias têm estado a enfrentar atrasos no pagamento de salários, mas Wilker Dias não culpa apenas o Ministério de Interior. A ministra, considera, "acabou por ser o elo mais fraco nessa jogada toda e cai por terra".

"Aqui há muitos fatores que podem servir de justificação", admite. "Pode até haver vontade da própria ministra de tentar resolver alguns assuntos, mas por não ser da sua alçada aí já pode ter que mudar de figura".

Foto de arquivo (2018): Esquadra da polícia, em NampulaFoto: DW/S. Lutxeque

Sucessor tem tarefa difícil pela frente

O Presidente Filipe Nyusi nomeou Pascoal Ronda para o cargo deixado por Arsénia Massingue. O analista Dércio Alfazema lembra que o antigo comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) conhece muito bem a área, por isso espera "que venha a ser uma resposta acertada".

"Em termos de mandato, que consiga pelo menos concluir o mandato que já está quase no fim", acrescenta.

O analista Wilker Dias diz que Pascoal Ronda tem a dura tarefa de desmantelar redes criminosas organizadas dentro da instituição: "Resta saber se terá capacidade de resolver o que já vem acontecendo, se não corre risco de ficar como a ministra que foi exonerada recentemente".

A ministra Arsénia Massingue esteve no cargo durante quase dois anos, tal como o seu antecessor, Amade Maquidade, demitido em novembro de 2021.

Moçambique: Empresários da Beira protestam contra raptos

03:07

This browser does not support the video element.

Saltar a secção Mais sobre este tema

Mais sobre este tema

Ver mais artigos