Há cada vez mais casos de cataratas na província de Cabo Delgado. Até ao final do ano estão previstas cerca de 1200 operações só nesta região, onde a população idosa é a mais afetada e precisa de maiores cuidados.
Anastácia LidimbaFoto: DW/D. Anacleto
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As doenças oculares têm vindo a aumentar em Cabo Delgado, no norte de Moçambique. As cataratas e os tracomas são os mais comuns e frequentes. Estas requerem tratamento antecipado para evitar a cegueira. O setor da saúde já está a promover tratamentos para melhorar a saúde ocular da população.
Moçambique: cura para as cataratas chega a mais pessoas
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Apesar de não haver ainda qualquer estudo sobre a prevalência de cataratas em Cabo Delgado, o setor de saúde na província está preocupado com o número crescente de casos. Segundo fontes oficiais, todos os anos dão entrada nas unidades de saúde cerca de 2000 casos.
No entanto, os serviços de oftalmologia ainda não estão disponíveis em todos os 17 distritos da província. Para combater a cegueira provocada pela catarata, estão a ser feitas campanhas de operações gratuitas.
A intenção é melhorar a vida dos pacientes, de acordo com o responsável pela saúde ocular do Hospital Provincial de Pemba. Sérgio Mosse explica que o fator idade é a principal causa do aparecimento da catarata, mas há outras.
"Existem algumas cataratas que aparecem logo à nascença, catarata congénita, há aquelas cataratas que surgem por causa de um trauma. Também tem aquelas situações em que as cataratas aparecem com outras doenças sistémicas – diabetes, HIV/SIDA. Mas o mais importante é que esta catarata leva à cegueira e tem que ser feita uma operação para que se possa restaurar a visão”, explica Mosse.
A catarata é considerada a principal causa de cegueira no mundo, abrangendo sobretudo pessoas da terceira idade. Em Cabo Delgado, estão previstas 1200 operações até ao final do ano. A DW África acompanhou uma pequena incisão, nome pelo qual é conhecida a cirurgia de cataratas. Terezinha Selemane foi uma das pacientes que passou por esta cirurgia recentemente e falou sobre o seu caso.
"Não enxergava nada, mas agora já consigo. Quando voltar à comunidade irei mobilizar os outros que sofrem da doença para que venham ser operadas para voltar a ver bem", relata Terezinha Selemane.
Terezinha Selemane foi uma das pacientes tratadas recentementeFoto: DW/D. Anacleto
Talapa José é outro paciente que já tem problema de visão há muitos anos e só agora conseguiu ser operado. "Foi em 1974 que comecei a ter problemas de visão. Só agora consegui ser operado e sinto-me bem. Homens, mulheres e crianças vamos procurar tratamento de vista... a operação é gratuita."
Depois da operação, a higiene pessoal, especialmente facial, é crucial. Durante os seis meses de tratamento, comportamentos como tocar os olhos com as mãos sujas, toalhas ou outros objetos pode trazer riscos de saúde ocular maiores, adverte Sérgio Mosse.
"O doente pode ser bem operado, mas se não tem esses cuidados de higiene individual pode levar com que haja uma infeção e a infeção que surge durante o processo de cura de catarata... é muito dolorosa e pode fazer com que o olho se perca totalmente e haver necessidade de remoção", avisa Mosse.
Futuros tratamentos
Em Cabo Delgado iniciou recentemente também o tratamento do tracoma, outra doença ocular que pode levar à cegueira. Esta doença é diferente das cataratas, em que os pacientes são maioritariamente idosos, o grupo alvo do tratamento do tracoma é toda a família. A previsão é abranger perto de 94 mil pessoas de todas as idades.
Anastácia Lidimba é a diretora provincial da Saúde de Cabo Delgado e explica a atual situação na região. "Somos uma das províncias com maiores taxas de tracoma, que é uma doença da comunidade que requer um tratamento preventivo. Estaremos a fazer tratamento com antibióticos para adultos e pomadas oculares para crianças."
Mercados de Nampula são perigo à saúde pública
Mercados de Nampula são um perigo à saúde pública - alguns não possuem sanitários. Apesar dos esforços dos governantes em alguns locais, muitos vendedores enfrentam mau cheiro para garantir o seu sustento.
Foto: DW/S. Lutxeque
Hipotecar a saúde a favor da sobrevivência
Fátima Sualehe é vendedeira de hortícolas no mercado da Padaria Nampula. Ela desenvolve esta actividade há mais de dois anos, quando se separou do seu esposo. Aqui, ela enfrenta o cheiro ruim produzido pelas águas negras. Mas "é para garantir o sustento dos meus cinco filhos", disse a vendedeira de espinafre.
Foto: DW/S. Lutxeque
Espaço dos CFM transformados em mercado
Nos 18 bairros que a cidade de Nampula tem a apetência de vender, aliada ao desemprego, acarreta no aumento da actividade comercial. Isso faz com que mesmo lugares impróprios sejam ocupados pelos vendedores. Um desses lugares é o recinto dos "Caminhos de Ferro de Moçambique", onde está instalado o famoso "Mercado da Padaria Nampula".
Foto: DW/S. Lutxeque
Nas ruas da cidade
A cidade de Nampula está a ficar praticamente sem ruas e passeios. Nestes locais, vendedores encontram maior atrativo para a prática comercial. "Nos mercados não há muitos clientes, por isso a aproveitamos esses locais para vender nossos produtos e ganhar dinheiro", justificam quase todos os vendedores "assaltantes das ruas".
Foto: DW/S. Lutxeque
"Reciclar" consumíveis e vender
Todas as manhãs, mulheres e crianças escalam o mercado grossista do Waresta, o maior estabelecimento comercial de venda a grosso e a retalho. Nem todos vão para vender, muito menos comprar os produtos. Aproveitam-se da chegada e descarregamento dos camiões de grande tonelagem, transportando produtos, para selecionar os que não estão em decomposição e postereriormente colocá-los nas bancas.
Foto: DW/S. Lutxeque
Lixo e locomotivas
A luta pela sobrevivência de milhares dos moçambicanos, sobretudo os residentes na província mais populosas do país, já está a causar prejuízos e acidentes ferroviários. Os vendedores acumulam lixo e até chegam a embaraçar as locomotivas. As autoridades municipais falam em transferência dos vendedores, enquanto as empresas ferroviárias não param de sensibilizar os vendedores para o abandono.
Foto: DW/S. Lutxeque
Insuficiência de sanitários públicos
Muitos mercados da cidade de Nampula não tem sanitários públicos. Um dos maiores mercados é o da Padaria Nampula, no centro da cidade. Para atender as necessidades biológicas, os vendedores que ficam quase todo o dia a praticar a actividade comercial fazem as necessidades ao relento, mesmo no recinto dos estabelecimentos comerciais.
Foto: DW/S. Lutxeque
Sanitários em abandono
Enquanto muitos estabelecimentos comerciais não possuem sanitários públicos, no mercado grossista do Waresta existem dois desses melhorados, construídos pelas autoridades. Mas, de acordo com os gestores dos mesmos, os vendedores preferem fazer suas necessidades biológicas ao relento, distanciando de pagar uma taxa de 10 meticais por cada vez que necessitam.
Foto: DW/S. Lutxeque
Mercados a céu aberto
Apesar dos esforços da edilidade, reconhecido pelos munícipes, a cidade, que ainda ostenta o título da terceira maior de Moçambique, tem alguns dos seus mercados com aspetos rurais. Há muitos mercados e bancas a céu aberto, e outros de construção precária. Em tempos chuvosos, os vendedores vivem à deriva.
Foto: DW/S. Lutxeque
Partidarização dos mercados
Os partidos políticos na cidade de Nampula também procuram ganhar protagonismo através de propagandas baratas. Em quase todos os mercados da periferia existem bandeiras dos três partidos políticos com assento parlamentar (RENAMO, FRELIMO e MDM). A situação agudizou-se no período das campanhas eleitorais, mas até agora nenhum partido removeu os seus materiais de propaganda.
Foto: DW/S. Lutxeque
Esforços da Edilidade
O Conselho Municipal de Nampula, liderado por Paulo Vahanle, tem, apesar das dificuldades financeiras que herdou do antigo Governo (quando assumiu o poder depois das eleições intercalares) se esforçado para melhorar os mercados. Um deles é o mercado do Waresta, o maior da cidade, que está a beneficiar-se das obras de reabilitação.
Foto: DW/S. Lutxeque
Mercado Novo
O Mercado Novo, localizado no centro da cidade, é o primeiro e mais organizado. Aqui não existe lixo no chão, muito menos degradação. Há lojas organizadas e com sistema de escoamento de águas negras. Está localizado a pouco mais de 200 metros do edifício da edilidade, e a menos de cem metros do Mercado Central. Foi criado no Governo de Mahamudo Amurane, edil já falecido.