Naufrágio: Decretado luto e criação de comissão de inquérito
9 de abril de 2024"O Conselho de Ministros da República de Moçambique decidiu decretar luto nacional de três dias, a partir das 00:00 do dia 10 de abril de 2024 até às 24 horas do dia 12 de abril de 2024", disse esta terça-feira (09.04) o porta-voz do Governo, Filimão Suaze, em conferência de imprensa.
"Durante o período de luto nacional, a bandeira nacional e o pavilhão presidencial serão içados a meia haste, em todo o território nacional e nas missões diplomáticas e consulares da República de Moçambique", acrescentou.
O Conselho de Ministros decidiu ainda criar uma comissão de inquérito para aprofundar as circunstâncias, causas e responsabilidades em relação ao acidente e submeter recomendações ao Governo, avançou.
Em relação à desinformação sobre a cólera que levou a uma fuga das pessoas vítimas do naufrágio - com destino à Ilha de Moçambique -, o porta-voz do Governo defendeu a "intensificação" das campanhas de educação e sensibilização das comunidades sobre as causas e tratamento da doença.
Apoio da ONU
Entretanto, as Nações Unidas enviaram uma equipa para apoiar as autoridades moçambicanas e prestar ajuda aos sobreviventes e famílias das vítimas.
"Uma equipa que inclui representantes das Nações Unidas foi enviada para a área, para apoiar os esforços de resposta das autoridades nacionais e para prestar apoio aos sobreviventes e às famílias afetadas por esta tragédia", disse a coordenadora residente das Nações Unidas e coordenadora humanitária para Moçambique, Catherine Sozi, em comunicado divulgado hoje.
Responsabilização?
O dono e um responsável pela embarcação estão detidos, disse a porta-voz da polícia em Nampula, Rosa Chaúque.
O acidente matou 98 pessoas, incluindo 55 crianças, 34 mulheres e nove homens, havendo registo de 16 sobreviventes entre as cerca de 130 pessoas que seguiam a bordo.
De acordo com as autoridades marítimas, a embarcação de pesca não estava autorizada a transportar passageiros nem tinha condições para o efeito e as pessoas que transportava fugiam a um surto de cólera no continente, com destino à Ilha de Moçambique, tendo o naufrágio acontecido a cerca de 100 metros da costa.
O barco saía do posto administrativo de Lungo, no distrito de Mossuril, com destino a Nacala, tendo a bordo 130 pessoas.
Os políticos
O Presidente moçambicano enviou uma delegação governamental, liderada pelo ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, para prestar "ajuda aos sobreviventes, e seu encaminhamento, assim como para a investigação, a fim de se aferir as razões que deram origem a esta tragédia", anunciou na sua página do Facebook.
Magala anunciou na segunda-feira (08.04), num encontro multissetorial em Nampula para analisar este incidente, que as autoridades estão a fazer uma "reflexão" sobre este naufrágio, para "que isto nunca volte a acontecer".
O presidente da RENAMO, maior partido da oposição, Ossufo Momade, também se mostrou "profundamente consternado" com o naufrágio e pediu luto nacional.
"Exigimos que o Governo decrete luto nacional e que este momento seja reconhecido pelas autoridades como mais um sinal de negligência e falta de segurança públicas", escreveu Ossufo Momade, na sua conta oficial na rede social Facebook.