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Maputo: Vendedores lamentam prejuízos após greve

28 de outubro de 2024

Vandalizações, saques, remoção de barricadas e limpeza das rodovias caracterizam os últimos dias na sequência das manifestações de quinta e sexta-feira convocadas por Venâncio Mondlane.

Vendedores em Maputo
Comerciantes pedem o fim dos protestosFoto: Romeu da Silva/DW

Nos terminais rodoviários da baixa de Maputo, Magoanine, Laulane e Praça dos Combatentes, vulgo "Xiqueleni", os serviços de transportes e vendedores tentam recuperar dos prejuízos após dois dias de paralisação.

Comerciantes pedem travão

Judite Alexandre vende hortícolas no passeio da avenida Julius Nyerere e pede o fim das manifestações. 

"Os ricos tem o que comer e nós os pobres não temos. O Venâncio (Mondlane) devia pensar em nós, a maioria é pobre. Vender é para comprar um quilo de arroz. Ficar dois dias em casa é para comer o quê? Não há nada, então ele devia pensar na vida do povo", afirmou.

Comerciantes lamentam efeitos dos protestosFoto: Romeu da Silva/DW

No bairro de Magoanine, mais a norte de Maputo, o comerciante Júlio Orlando aproveita a trégua para descarregar a mercadoria e voltar às vendas..

"Saímos, porque dependemos do pão do dia. Estando em casa tudo fica paralisado e cada um tenta fazer o possível", disse à DW.

Vandalização no meio da manifestação

Vários estabelecimentos comerciais foram saqueados durante as últimas manifestações nas cidades de Maputo e na Matola. Os populares levaram tudo o que podiam.

Um dos proprietários, que não quis ser identificado, lamenta a situação.

"Vandalizaram a loja, roubaram carnes diversificadas. Arrombaram as quatro portas", disse.

No bairro da Maxaquene, na fronteira entre a cidade de cimento e periferia, jovens que montaram barricadas aproveitaram para fazer negócio. Enquanto remove o tronco para deixar passar os automóveis, Hiláro Cossa justifica a sua ação..

"Temos muitas dificuldades no país e estamos a lutar pelos nossos direitos. Existem muitos crimes neste país e a população não está a gostar de facto", comentou.

Transportes registaram milhares em algumas horas de protestosFoto: Romeu da Silva/DW

Transportes com maiores prejuízos

Os transportadores semicoletivos de passageiros estão entre os que mais sofreram prejuízos, como confirmou à STV, parceira da DW, o presidente da Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários  (FEMATRO), Castigo Nhamane.

"Não posso avançar números sobre quanto dinheiro nós perdemos. Mas devo dizer que no primeiro dia, cerca de dois mil meios não saíram à rua. Tentaram 1500 nas primeiras horas, mas recolheram quando a situação piorou", disse.

FRELIMO: "Somos contra o vandalismo"

Neste sábado, a FRELIMO saiu à rua em várias cidades do país para celebrar a vitória do partido e do seu candidato presidencial, Daniel Chapo, nas eleições de 9 de outubro.

FRELIMO celebra nova vitória eleitoral Foto: Sitoi Lutxeque/DW

No entanto, em Maputo, membros e simpatizantes da FRELIMO deixaram a "marcha da vitória” de lado para se dedicarem à remoção de barricadas, e limpeza de ruas e avenidas.

O primeiro-secretário do partido, António Niquice, liderou a atividade.

"Queremos com este gesto dar indicação de que somos contra o vandalismo, somos a favor da convivência social e pacífica, os munícipes da cidade de Maputo já demonstraram isso que são cidadãos do bem", afirmou. 

António Niquice explica que "durante estes dias de greves ilegais", o país assistiu "aquilo que podemos chamar de perdas incomensuráveis".

Foto: Alfredo Zungia/AFP

Nesta segunda-feira (28.10), o político Venâncio Mondlane promete avançar detalhes da terceira etapa da manifestação geral e nacional. 

"Nesta [terceira] etapa vamos subir o escalão em que vamos envolver quatro milhões de moçambicanos. A partir da próxima semana vai ser muito mais dicífil, vai ser pesadíssimo. Vai ser uma etapa extremamente difícil de ser parada. O povo vai estar capacitado e autorizado para usar o seu direito de autodefesa. Se for atacado, também vai atacar", disse em direto para milhares de seguidores.

Através de um direto na sua página oficial do Facebook garantiu que será "muito mais dura e pesada". 

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