RENAMO acusa o STAE de estar a maquinar fraudes para alegadamente favorecer o partido no poder, a FRELIMO. O STAE nega a acusação lembrando que os quadros da RENAMO também fazem parte do órgão.
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Os preparativos das eleições intercalares no município de Nampula, no norte de Moçambique, já estão a criar polémica no seio de alguns partidos políticos da oposição. Um deles é a RENAMO que participa na corrida agendada para 24 de janeiro de 2018.
O secretário-geral do maior partido da oposição, RENAMO, Manuel Bissopo, anunciou, sem muitos detalhes, haver indícios de irregularidades que estão a ser preparadas pelos órgãos eleitorais para alegadamente favorecer o partido que governa o país, a FRELIMO.
‘‘Temos conhecimento através de fontes que ao nível do STAE, Secretariado Técnico da Administração Eleitoral, a FRELIMO tenta manipular os cadernos para introduzir lá os nomes que não constam nos cadernos de 2014 [últimas eleições], segundo a lei'', lamentou o secretário-geral da RENAMO.
Isenção, pede a RENAMO
Intercalares-Nampula - MP3-Mono
Manuel Bissopo disse que este fator vai somente prejudicar o povo e sugere que ‘‘tem de haver esforços para que a FRELIMO seja desencorajada de modo a que o STAE esteja isento de influências partidárias para beneficiar um partido e prejudicar milhares de pessoas, ao nível da cidade de Nampula, que não poderão votar."
E deixa ainda um conselho ao órgão da administração eleitoral: "O desejo é que abandonem essa prática, vamos as eleições com totalidade de liberdade e transparência porque os munícipes de Nampula não merecem isto [fraudes].''
O partido de Afonso Dhlakama, que boicotou as eleições municipais de 2013 como forma de reivindicar a revisão da lei eleitoral, garantiu que vai fiscalizar e avisa que nas eleições intercalares de janeiro próximo poderá protestar, caso haja irregularidades.
‘‘Claro que se roubarem [votos], vamos reclamar. A nossa expetativa é de que abandonem as práticas de fraudes e adotem mecanismos próprios de ganhar e se perderem, também, aceitarem que perderam'', alertou Bissopo.
STAE nega manobras de fraude
Entretanto, o STAE em Nampula, através do diretor-adjunto Luís Sande, diz que não discute a veracidade das acusações da RENAMO, que também faz parte da direção daquele órgão.
E Sande informou que não haverá espaços para qualquer manobra, esclarecendo que ‘‘ninguém sentir-se-á ameaçado, porque os cadernos vão ser publicados e as pessoas vão chegar a tempo de perceber quais são os cadernos."
E o diretor-adjunto do STAE recorda: "Todos participamos nas votações de 2013 e sabemos quantos [eleitores] são. Então, não há espaço para manobras porque os cadernos serão publicados dias antes e, se calhar, validados e depois avançámos.''
Fazem parte do STAE, alem de membros das organizações da sociedade civil, os três partidos com assento na Assembleia da República, nomeadamente a FRELIMO, RENAMO e o MDM.
Recorde-se que as eleições autárquicas intercalares de Nampula foram agendadas para janeiro na sequência do assassinato do presidente do município, Mahamudo Amurane, a 04 de outubro. O lugar foi ocupado interinamente por Manuel Tocova, que acabou por renunciar depois de ter sido condenado por posse ilegal de arma de fogo, sendo substituído por Américo da Costa Iemenle.
O município de Nampula é governado pelo MDM desde as eleições autárquicas de 2013 e o presidente que sair da votação intercalar só irá governar até 10 de outubro de 2018, data em que haverá eleições autárquicas em todo o país.
Moçambique: Eleições autárquicas de norte a sul
As eleições autárquicas em Moçambique tiveram lugar na quarta-feira (20.11). Em muitos lugares registou-se uma grande afluência às urnas e um ambiente calmo, apesar do clima de tensão político-militar vivido no país.
Foto: DW/ER. da Silva
Longas filas para votar
As eleições autárquicas em Moçambique tiveram lugar no dia 20 de novembro. Em muitos lugares registou-se uma grande afluência às urnas e um ambiente calmo, apesar do clima de tensão político-militar vivido no país. Esta assembleia de voto na Gorongosa, no centro do país, é o exemplo mais marcante. Pois, foi neste município que a RENAMO teve a sua base, que foi tomada pelas forças governamentais.
Foto: Reuters
À espera desde a madrugada
Eleitores fazem fila para votar em assembleia de voto em Pemba, Cabo Delgado. Em muitos lugares, formaram-se filas antes das 05h00. Em todo o país, alguma lentidão e realização de campanha junto às filas são alguns dos incidentes registados. No escrutínio participam 18 partidos, grupos de cidadãos e associações, para a eleição de edis e membros das assembleias municipais.
Foto: DW/E. Silvestre
Identificação à entrada
Funcionário eleitoral confere listas à entrada de uma assembleia de voto em Maputo, a capital moçambicana. Em alguns locais, houve problemas nos livros de registo de algumas assembleias de voto, onde os números não correspondiam exactamente aos nomes das listas.
Foto: picture-alliance/dpa
CNE garante condições do sufrágio
Biombo com o símbolo da Comissão Nacional de Eleições (CNE) protege a privacidade dos eleitores nesta escola em Pemba, Cabo Delgado. De acordo com a CNE, a afluência da população às eleições municipais é "muito grande". Nas últimas eleições, em 2008, a taxa de abstenção foi de 53,6%. Na altura, participaram apenas 43 municípios. Este ano, as eleições abrangem mais dez municípios (um total de 53).
Foto: DW/E. Silvestre
Como votar?
Funcionário eleitoral mostra o boletim de voto a um eleitor numa assembleia, em Maputo. Na cidade de Nampula, registou-se uma irregularidade: Filomena Mutoropa, candidata a presidente do município pelo Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO), foi deixada de fora do boletim de voto.
Foto: picture-alliance/dpa
Guebuza vota e apela ao voto
Um dos primeiros votantes foi o Presidente da República de Moçambique. Armando Guebuza votou na escola secundária Josina Machel, no centro da capital moçambicana. Guebuza exortou todos os moçambicanos a votaram nas eleições municipais, apelando ao eleitorado para exercer o seu direito da "melhor forma". A FRELIMO, o partido do Governo de Guebuza, tem sido o partido dominante nos últimos pleitos.
Foto: picture-alliance/dpa
Oposição tenta aumentar número de autarquias
Nas últimas eleições de 2008, a FRELIMO ganhou 42 dos 43 municípios. O MDM – Movimento Democrático de Moçambique ganhou na cidade da Beira. Depois da renúncia do edil da cidade de Quelimane, houve eleições intercalares em 2011, que acabaram com a vitória de Manuel de Araújo do MDM (na foto). Ele conquistou a segunda autarquia para o MDM e tenta defender a sua maioria nas eleições de 2013.
Foto: picture-alliance/dpa
O receio de votar num dos bastiões da RENAMO
Um eleitor vota na Gorongosa, um dos focos de tensão da crise político-militar moçambicana. À tarde, homens armados, alegadamente da RENAMO, atacaram a vila de Gorongosa, em Sofala, centro de Moçambique, "sem criar distúrbios" aos eleitores, de acordo com uma fonte do governo. O receio de ir votar é significativo, nesta região que tem sido palco de confrontos entre FRELIMO e RENAMO.
Foto: Reuters
Fraca participação em Metangula
Secretária de uma mesa de voto em Metangula, na província do Niassa no norte de Moçambique, espera por eleitores à entrada da assembleia de voto. Nesta região a afluência às urnas era baixa depois do pico das primeiras horas da manhã. A maior parte das assembleias de voto estão vazias, chegando a registar-se períodos de 10 a 15 minutos sem que um eleitor apareça.
Foto: DW/E. Saul
Ambiente de calma um pouco por todo o país
Um eleitor posa para a fotografia numa assembleia de voto da capital moçambicana. O ambiente de tranquilidade contrasta com o atual clima de tensão político-militar que se vive em Moçambique. Estas são as quartas eleições do género na história do país, ensombradas pelo boicote da RENAMO, o principal partido da oposição em Moçambique.