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Moçambique: Desconfianças nas intercalares

Sitoi Lutxeque (Nampula)
27 de novembro de 2017

RENAMO acusa o STAE de estar a maquinar fraudes para alegadamente favorecer o partido no poder, a FRELIMO. O STAE nega a acusação lembrando que os quadros da RENAMO também fazem parte do órgão.

Manuel Bissopo, secretário-geral da RENAMO, o maior partido da oposição em MoçambiqueFoto: Nelson Carvalho

Os preparativos das eleições intercalares no município de Nampula, no norte de Moçambique, já estão a criar polémica no seio de alguns partidos políticos da oposição. Um deles é a RENAMO que participa na corrida agendada para 24 de janeiro de 2018.

O secretário-geral do maior partido da oposição, RENAMO, Manuel Bissopo, anunciou, sem muitos detalhes, haver indícios de irregularidades que estão a ser preparadas pelos órgãos eleitorais para alegadamente favorecer o partido que governa o país, a FRELIMO.

‘‘Temos conhecimento através de fontes que ao nível do STAE, Secretariado Técnico da Administração Eleitoral, a FRELIMO tenta manipular os cadernos para introduzir lá os nomes que não constam nos cadernos de 2014 [últimas eleições], segundo a lei'', lamentou o secretário-geral da RENAMO.

Isenção, pede a RENAMO

Intercalares-Nampula - MP3-Mono

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Manuel Bissopo disse que este fator vai somente prejudicar o povo e sugere que ‘‘tem de haver esforços para que a FRELIMO seja desencorajada de modo a que o STAE esteja isento de influências partidárias para beneficiar um partido e prejudicar milhares de pessoas, ao nível da cidade de Nampula, que não poderão votar."

E deixa ainda um conselho ao órgão da administração eleitoral: "O desejo é que abandonem essa prática, vamos as eleições com totalidade de liberdade e transparência porque os munícipes de Nampula não merecem isto [fraudes].''

O partido de Afonso Dhlakama, que boicotou as eleições municipais de 2013 como forma de reivindicar a revisão da lei eleitoral, garantiu que vai fiscalizar e avisa que nas eleições intercalares de janeiro próximo poderá protestar, caso haja irregularidades.

‘‘Claro que se roubarem [votos], vamos reclamar. A nossa expetativa é de que abandonem as práticas de fraudes e adotem mecanismos próprios de ganhar e se perderem, também, aceitarem que perderam'', alertou Bissopo.

STAE nega manobras de fraude

Eleições autárquicas de 2013 em NampulaFoto: DW/N. Carvalho

Entretanto, o STAE em Nampula, através do diretor-adjunto Luís Sande, diz que não discute a veracidade das acusações da RENAMO, que também faz parte da direção daquele órgão.

E Sande informou que não haverá espaços para qualquer manobra, esclarecendo que ‘‘ninguém sentir-se-á ameaçado, porque os cadernos vão ser publicados e as pessoas vão chegar a tempo de perceber quais são os cadernos."

E o diretor-adjunto do STAE recorda: "Todos participamos nas votações de 2013 e sabemos quantos [eleitores] são. Então, não há espaço para manobras porque os cadernos serão publicados dias antes e, se calhar, validados e depois avançámos.''

Fazem parte do STAE, alem de membros das organizações da sociedade civil, os três partidos com assento na Assembleia da República, nomeadamente a FRELIMO, RENAMO e o MDM.

Recorde-se que as eleições autárquicas intercalares de Nampula foram agendadas para janeiro na sequência do assassinato do presidente do município, Mahamudo Amurane, a 04 de outubro. O lugar foi ocupado interinamente por Manuel Tocova, que acabou por renunciar depois de ter sido condenado por posse ilegal de arma de fogo, sendo substituído por Américo da Costa Iemenle.

O município de Nampula é governado pelo MDM desde as eleições autárquicas de 2013 e o presidente que sair da votação intercalar só irá governar até 10 de outubro de 2018, data em que haverá eleições autárquicas em todo o país. 

 

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