Moçambique: Polícia baleou jovem por não usar máscara
Conceição Matende
19 de julho de 2021
Agente da polícia que disparou sobre jovem que não usava máscara de proteção contra a Covid-19, na província do Niassa, foi detido e será presente a um juiz. Autoridades assumem custos do tratamento hospitalar da vítima.
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Celestino Castiel foi baleado no dia 12 de julho em Mitomone, no distrito de Majune, província do Niassa, por um agente da Polícia da República de Moçambique (PRM), quando estava na companhia dos seus amigos sem máscara de proteção contra a Covid-19.
"A polícia bateu-me, fez-me uma rasteira... Quando caí, balearam-me na perna", relatou a vítima à DW África.
António Castiel, irmão da vítima, sente-se indignado com o ocorrido e lamentou o facto de a polícia ter agido dessa maneira: "Estamos aqui no hospital com meu irmão. O que a polícia fez não é bom, eles estão aqui para nos proteger, mas em vez de nos proteger estão a nos bater. Eu simplesmente estou triste com comportamento deles".
Polícia partiu para a violência
Segundo a fonte militar, o agente da autoridade encontrou os jovens a conversar sem a máscara de proteção contra a Covid-19, acabando por algemar um dos constituintes do grupo.
"O membro da PRM entrou na casa e consultou os jovens sobre o porquê de não ostentarem a máscara. Minutos depois o membro da PRM algemou o jovem e de seguida partiu para violência, agredindo o jovem. Segundos depois efetuou dois disparos sendo que um dos disparos atingiu a vítima na perna esquerda, causando-lhe ferimentos graves", descreveu o chefe das Relações Públicas do Comando da PRM no Niassa, Alves Mate .
Por seu truno, Sérgio Rafael, jurista em Lichinga, condena veementemente a atuação do agente da polícia. "Não é um comportamento saudável de um polícia", frisou.
"Para começar, o polícia é uma pessoa que protege o cidadão. O facto de [o cidadão] não ter máscara é motivo para sensibilizar. Não havia necessidade de excesso de zelo. O polícia é o homem que mantém a ordem e tranquilidade", acrescentou.
Agente será investigado
Segundo as autoridades, a PRM está a cobrir todas as despesas hospitalares relacionadas com o caso do jovem baleado.
O membro da PRM, que acabou detido, será agora alvo de um processo criminal.
Covid-19 em Maputo: os sítios em que menos se cumpre o distanciamento social
Com o aumento dos casos positivos de Covid-19 em Maputo, crescem também as críticas aos espaços onde as medidas restritivas para conter a pandemia, como são o distanciamento social e regras de higiene, não são cumpridas.
Foto: Romeu da Silva/DW
Mercados, maiores focos
A propagação do novo coronavírus na cidade de Maputo está aumentar. Na capital moçambicana, os locais onde há menos distanciamento social são apontados como os maiores focos de propagação do vírus. Os mercados são um destes lugares, como podemos ver nesta imagem do mercado informal de "Xikeleni".
Foto: Romeu da Silva/DW
Filas nos bancos
O mesmo acontece nos bancos. O Presidente da República Filipe Nyusi criticou, na sua comunicação à nação, o atendimento neste serviço. Como mostra esta imagem, continua a ser comum as filas à porta dos bancos. As pessoas aglomeram-se não cumprindo o distanciamento de dois metros determinado pelo governo.
Foto: Romeu da Silva/DW
Cidadãos cansados
Também nas ATM o distanciamento social não é cumprido, algo que pode ser justificado com o desgaste dos cidadãos em ficar muito tempo na fila à espera da sua vez para levantar o dinheiro. Aqui, não é só o distanciamento que preocupa. Não existe também sabão para a lavagem ou desinfeção das mãos após a utilização da máquina.
Foto: Romeu da Silva/DW
Escolas
Também nas escolas, é difícil falar em distanciamento, apesar de chefe de Estado ter elogiado a postura destes estabelecimentos no combate à pandemia. No entanto, nos intervalos, as crianças continuam aos abraços, muitas vezes sem máscaras ou viseiras, o que pode propiciar a propagação do vírus.
Foto: Romeu da Silva/DW
Transportes coletivos
Diversos círculos sociais criticam os operadores dos transportes semicoletivos a quem acusam de estar a violar as orientações do governo, segundo as quais, em cada banco devem sentar-se apenas três pessoas. No entanto, e por causa da receita, alguns "chapeiros" violam a regra. A polícia municipal, ao que tudo indica, não está a conseguir controlar a situação.
Foto: Romeu da Silva/DW
Número de passageiros mantém-se
A mesma crítica estende-se aos chamados "Smart kikas" que continuam a transportar mais de cem pessoas, quando deviam reduzir para metade. Em Maputo, estes sãos os meios de transporte preferidos porque levam pessoas desde o centro da cidade até à periferia. Nas horas de ponta, o cenário de aglomeração é arrepiante. Não há desinfeção das mãos à entrada, nem mesmo do próprio autocarro.
Foto: Romeu da Silva/DW
Paragens sem distanciamento
Outro cenário muito comum na capital moçambicana são as filas, sem distanciamento, nas paragens de transporte semi-coletivo. O cenário piora quando chega o transporte, pois há "guerra" pelo assento, ninguém quer viajar de pé.
Foto: Romeu da Silva/DW
Terminais de autocarros
Os terminais são tidos também como focos de propagação do coronavírus. Nestes locais, desaguam diariamente vários "chapas" provenientes de quase toda a periferia. Ao já acentuado movimento de passageiros, juntam-se os vendedores informais, o que dificulta ainda mais o cumprimento do distanciamento social.
Foto: Romeu da Silva/DW
Fila numa padaria
Observamos também alguma falta de distanciamento nas filas para a compra de pão em algumas padarias de Maputo. No interior dos estabelecimentos, o controlo é eficaz, pois entra apenas um cliente de cada vez. Mas no exterior, a realidade é diferente como se pode ver nesta fotografia tirada no bairro da Malhangalene, fronteira entre a cidade de cimento e os bairros periféricos.
Foto: Romeu da Silva/DW
Difícil mas não impossível
Os supermercados são também estabelecimentos com muita procura. Para além do entra e sai, muitos dos clientes mexem nos produtos sem desinfetar as mãos. O distanciamento social é também um problema, no entanto, tem vindo a melhorar em muitos dos espaços. Aos fins de semana, os gestores preferem deixar alguns cliente de fora do estabelecimento para evitar aglomerados no interior.
Foto: Romeu da Silva/DW
Serviços públicos
Diariamente, são muitas as pessoas que precisam de se dirigir aos serviços públicos para tratar de assuntos variados. Às repartições de registo criminal, por exemplo, acorrem todos os dias muitos candidatos que procuram empregos nas instituições do estado. Apesar da afluência, a rapidez no atendimento acaba por minimizar o risco, e aumentar o distanciamento social.
Foto: Romeu da Silva/DW
Tradição inimiga da prevenção
As cerimónias familiares, por exemplo funerais, estão limitadas, atualmente, a 20 pessoas. No entanto, e porque culturalmente este tipo de eventos costuma ter muito mais gente, continuam a existir funerais com o dobro do número permitido.