1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Dificuldades em apoiar vítimas do ciclone Idai são grandes

18 de março de 2019

INGC diz que corte de comunicações e eletricidade está a condicionar muito as suas ações. Mas ajuda externa já começa a chegar. Quanto à reação do Presidente Filipe Nyusi, há muitas críticas: considera-se que foi tardia.

Foto: Getty Images/AFP/A. Barbier

A previsão continua a ser de chuvas fortes e muito fortes para os próximos dias para o centro e sul de Moçambique e os rios Pungué e Buzi já transbordam. Isso poderá complicar mais a situação calamitosa criada pelo ciclone Idai, que atingiu as províncias centrais de Sofala, Zambézia e Manica na última quinta-feira (14.03).

Dar ajuda as milhares de pessoas desalojadas e em situação de perigo não está a ser tarefa fácil, como conta à DW África o porta-voz do INGC, Instituto Nacional de Gestão de Clamidades, Paulo Tomás: "Os nossos armazéns ficaram destruídos. Há necessidade de fazer a assistência alimentar via ponte aérea para alguns locais onde não há transitabilidade via terrestre. Há dificuldades também na comunicação com alguns pontos. Estas é que são as maiores dificuldades neste momento. E a cidade da Beira está sem energia, logo não há água disponível."

Segundo a Federação Internacional da Cruz Vermelha, o ciclone, que fustiga agora o Zimbabué e o Malawi, destruiu 90% da segunda maior cidade de Moçambique, a Beira, lugar mais afetado. E o INGC informa que até agora 84 pessoas morreram. Mas o Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF, prevê que o número venha a aumentar.

Ciclone Idai devasta cidade da Beira

01:12

This browser does not support the video element.

Falta domínio de toda a situação

Cem mil pessoas estão em risco de morte e, segundo relatos divulgados pela imprensa local, há pessoas penduradas em edificios há horas a necessitarem urgentemente de salvamento.

Sobre o pronto socorro aos grupos críticos, Paulo Tomás, do INGC, não conseguiu fornecer dado algum: "Em relação aos salvamentos, tendo em conta os que estão em sítios isolados, não posso precisar bem esses dados. As operações estão a acontecer na Beira. Só tenho números globais das pessoas afetadas - situavam-se em 8842 pessoas, o correspondente a 1797 famílias e destas grande parte [da] província de Sofala."

Presidente moçambicano, Filipe NyusiFoto: picture-alliance/dpa/A. Silva

Na cidade da Beira, há mais gente que não cruza os braços. O município gerido por Daviz Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a segunda maior força da oposição, está no terreno, junto das comunidades, a avaliar o impacto do ciclone.

Além disso, segundo o porta-voz do partido, Sande Carmona, "também está na luta para tentar repor o que depende do presidente do Conselho Municipal para viabilizar a vida dos munícipes", garante.

Críticas ao Presidente da República

O Presidente da República, Filipe Nyusi, interrompeu a sua visita a eSwatini  no sábado (16.03.) para acompanhar a situação de emergência de perto. No começo da sua visita, várias correntes de opinião criticaram-no por, no seu entender, ter abandonado as vítimas para uma visita que poderia ter sido dispensada.

"São um pouco mais de 500 mil pessoas que vivem na cidade da Beira e um chefe de Estado estar a passear... Consideramos isso de passeio, porque não há nada que esteja acima da vida de pessoas. Portanto, qualquer tipo de agenda podia ser adiada para atender a situação de vidas de pessoas", aponta Sande Carmona, do MDM.

Dificuldades em apoiar vítimas do ciclone Idai são grandes

This browser does not support the audio element.

"Só pelo facto de ser a Beira [nessa situação, explica-se tudo, quando se trata de um Governo da FRELIMO [Frente de Libertação de Moçambique] em relação a Beira", acrescenta.

Filipe Nyusi enviou a cidade da Beira membros do Conselho de Ministros para agilizarem um balanço que permita tomar decisões quanto ao apoio humanitário na reunião de terça-feira (19.03) do Conselho, que deverá acontecer excepcionalmente na Beira.

Enquanto isso, a ajuda humanitária internacional começa a chegar. Neste domingo (17.03), 20 toneladas de biscoitos energéticos chegaram a cidade da Beira, quatro das quais entregues esta segunda-feira em Nhamatanda, Sofala, informa a OCHA, o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários, no Twitter. E mais ajuda deve chegar nos próximos dias. 

Saltar a secção Mais sobre este tema