Diretor e familiares detidos por corrupção em Nampula
17 de dezembro de 2024Em Moçambique, o Gabinete Provincial de Combate à Corrupção de Nampula (GPCCN) mandou prender Gil de Carvalho, antigo diretor dos Serviços Provinciais de Infraestruturas, a esposa e o cunhado, sob a acusação de alienação indevida de bens do Estado. Também o antigo chefe do Posto Provincial da Administração do Parque Imobiliário do Estado (APIE) na cidade de Nampulaestá entre os detidos.
Segundo Aristides Maezena, porta-voz do GPCCN, as detenções resultam de uma investigação desencadeada após uma denúncia. Maezena revelou que, entre 2022 e 2024, a alienação de imóveis do Estado nas cidades de Nampula, Nacala-Porto e Angoche resultou em prejuízos de milhares de euros para o erário público.
"Constatámos que três dos oito imóveis já tinham sido registados em nome de particulares. Da investigação, percebemos que eram familiares do então diretor dos Serviços Provinciais de Infraestruturas e do chefe Provincial do APIE”, afirmou.
Mais envolvidos
Maezena acrescentou que as investigações vão continuar e que há indícios de mais envolvidos, salientando que o caso também apresenta contornos de peculato e branqueamento de capitais.
"Olhando as características do crime, que envolve o de peculato, constatámos também situações de crimes de branqueamento de capitais. Portanto, há mais um trabalho de investigação que vamos realizar”, explicou.
Para Gamito dos Santos, analista e especialista em Direitos Humanos, estas detenções são um reflexo da captura do Estado por grupos que procuram apenas o benefício próprio. O especialista acredita que há outros casos semelhantes que permanecem fora do radar das autoridades.
"Se você vê casos deste género que são despoletados, não consegue imaginar quantos outros casos estão por trás e que não estão a ser investigados. É uma quadrilha que opera com alguns graúdos, mas acredito que este é um exemplo daqueles que quiseram ‘comer sozinhos' e acabaram por cair mal”, afirmou Gamito dos Santos.
Novo PGR
O caso surge num momento em que Américo Julião Letela foi recentemente empossado como novo Procurador-Geral da República (PGR), substituindo Beatriz Buchili, cujo mandato chegou ao fim. Letela enfrenta o desafio de combater vários crimes, incluindo a corrupção. Contudo, Gamito dos Santos descarta qualquer ligação entre a mudança na liderança da Procuradoria e as detenções.
"Este é um caso que já vinha sendo investigado e acredito que não tem relação direta com o novo PGR”, concluiu.