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Diretor e familiares detidos por corrupção em Nampula

Sitoi Lutxeque (Nampula)
17 de dezembro de 2024

O Gabinete de Combate à Corrupção de Nampula, em Moçambique, deteve Gil de Carvalho, diretor dos Serviços Provinciais de Infraestruturas, a esposa e o cunhado. Estão acusados de alienação indevida de bens públicos.

Centro de detenção em Nampula, Moçambique, numa foto de 2021
Centro de detenção em Nampula, MoçambiqueFoto: S. Lutxeque/DW

Em Moçambique, o Gabinete Provincial de Combate à Corrupção de Nampula (GPCCN) mandou prender Gil de Carvalho, antigo diretor dos Serviços Provinciais de Infraestruturas, a esposa e o cunhado, sob a acusação de alienação indevida de bens do Estado. Também o antigo chefe do Posto Provincial da Administração do Parque Imobiliário do Estado (APIE) na cidade de Nampulaestá entre os detidos.

Segundo Aristides Maezena, porta-voz do GPCCN, as detenções resultam de uma investigação desencadeada após uma denúncia. Maezena revelou que, entre 2022 e 2024, a alienação de imóveis do Estado nas cidades de Nampula, Nacala-Porto e Angoche resultou em prejuízos de milhares de euros para o erário público.

Gil de Carvalho, antigo diretor dos Serviços Provinciais de InfraestruturasFoto: Sitoi Lutxeque/DW

"Constatámos que três dos oito imóveis já tinham sido registados em nome de particulares. Da investigação, percebemos que eram familiares do então diretor dos Serviços Provinciais de Infraestruturas e do chefe Provincial do APIE”, afirmou.

Mais envolvidos

Maezena acrescentou que as investigações vão continuar e que há indícios de mais envolvidos, salientando que o caso também apresenta contornos de peculato e branqueamento de capitais.

"Olhando as características do crime, que envolve o de peculato, constatámos também situações de crimes de branqueamento de capitais. Portanto, há mais um trabalho de investigação que vamos realizar”, explicou.

Para Gamito dos Santos, analista e especialista em Direitos Humanos, estas detenções são um reflexo da captura do Estado por grupos que procuram apenas o benefício próprio. O especialista acredita que há outros casos semelhantes que permanecem fora do radar das autoridades.

Palácio da Justiça de Nampula, em MoçambiqueFoto: Sitoi Lutxeque/DW

"Se você vê casos deste género que são despoletados, não consegue imaginar quantos outros casos estão por trás e que não estão a ser investigados. É uma quadrilha que opera com alguns graúdos, mas acredito que este é um exemplo daqueles que quiseram ‘comer sozinhos' e acabaram por cair mal”, afirmou Gamito dos Santos.

Novo PGR

O caso surge num momento em que Américo Julião Letela foi recentemente empossado como novo Procurador-Geral da República (PGR), substituindo Beatriz Buchili, cujo mandato chegou ao fim. Letela enfrenta o desafio de combater vários crimes, incluindo a corrupção. Contudo, Gamito dos Santos descarta qualquer ligação entre a mudança na liderança da Procuradoria e as detenções.

"Este é um caso que já vinha sendo investigado e acredito que não tem relação direta com o novo PGR”, concluiu.

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