Há desconfianças quanto ao apuramento das companhias aéreas que deverão operar no mercado moçambicano. É que no final trata-se apenas de uma companhia: a Malawi Airlines está nas mãos da Ethiopian Airlines.
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O Instituto de Aviação Civil de Moçambique (IACM) apurou duas companhias aéreas internacionais para explorarem as rotas domésticas. São elas a Ethiopian Airlines e a Malawi Airlines. As companhias vão operar ao lado de outras cinco que já estão no mercado, entre elas a LAM, a companhia de bandeira nacional, que praticamente mantém o monopólio do mercado.
Para o Presidente do Conselho de Administração do IACM, "isto é a alteração do paradigma, é mostrar efetivamente que Moçambique tem um potencial muito grande e que as oportunidades estão cá e que elas têm de ser exploradas."
E Abreu prossegue: "Nós pensamos que a entrada ou a manifestação de interesse é boa para o utente, para o desenvolvimento do nosso turismo e é bom para que haja uma possibilidade de melhor escolha e para o alinhamento com as políticas da decisão de Yamoussoukro (Costa do Marfim)."
Desconfianças
Mas há quem olhe para este processo com alguma desconfiança. Alves Gomes é especialista em aviação civil e começa por lembrar que a Malawi Airlines é operada pela Ethiopian Airlines e que esta última tem a sua "hub" na região Austral em Bulantayo, Malawi. No final será apenas uma companhia nova a entrar no mercado moçambicano.
Para Gomes "apenas foram apuradas companhias, não significa que vão começar a operar amanhã, portanto é preciso aguardar para ver o que vai acontecer."
O entendido em aviação defende que é preciso "saber quais são os pequenos detalhes que a aviação civil vai exigir, porque por vezes faz exigências impossíveis por parte dos operadores. Até aqui eram exigências financeiras, agora não sei que exigências vão fazer porque a própria LAM é concorrente e financeiramente está de rastos."
Que futuro para a LAM?
De lembrar que a LAM, Linhas Aéreas de Moçambique, nos últimos anos tem prestado um mau serviço. Ela tem sido alvo de duras críticas por parte dos utilizadores. Encontrar uma solução para um dos maiores e mais antigos cancros do setor dos transportes em Moçambique não se tem mostrado tarefa fácil.
A entrada de um operador gigante como a Ethiopian Airlines, ums das mais conceituadas de África, pode ser ainda mais prejudicial para a LAM. Alves Gomes considera que "nas condições em que está a LAM, se entrar um ou dois concorrentes em competição direta, a LAM vai à falência num instante."
E ele mostra dúvidas quanto a uma solução: "Não sei como se resolve isso, depois porque há compromissos do Estado com centenas de trabalhadores."
A situação da LAM ainda vai continuar a ser a "batata quente" nas mãos dos Governo. Gomes lembra que "a ideia é encontrar um parceiro para a LAM, o que não nada fácil dada a situação financeira da LAM. Um parceiro para a LAM só se encontrará caso o Estado assuma todo o passivo da LAM, porque ninguém vai querer ficar com a empresa que não tem grande património."
06.09.17. Mercado Aereo Moc. - MP3-Mono
Porquê um novo concurso?
O concurso público para exploração das rotas aéreas domésticas, regionais e intercontinentais foi lançado em abril passado pelo IACM. Entretanto a participação foi baixa, contra as expetativas, como admitiu o próprio IACM. O elevado número de companhias aéreas a operarem no mercado moçambicano terá sido um desincentivo.
Mesmo assim o IACM vai lançar um novo concurso, como revela João Abreu: "Nós agora estamos a estimular o mercado moçambicano para o segmento do transporte aéreo. Por isso é que vamos lançar de novo um concurso, na fase dois, dentro de sessenta dias para estimular os outros operadores que provavelmente na altura não tiveram tempo nem condições de poderem concorrer."
Bicicletas táxi em Moçambique
Quem em Quelimane se quiser movimentar rapidamente, apanha uma bicicleta táxi. As ruas da cidade são muito más para os transportes convencionais. Para muitos, a bicicleta táxi é uma forma de poderem obter algum dinheiro.
Foto: Gerald Henzinger
Bicicletas em alternativa aos carros
Quelimane é uma cidade na costa de Moçambique. Quem por aqui se quiser movimentar rapidamente, apanha uma bicicleta táxi. As ruas da cidade são muito más para os convencionais táxis e autocarro. Além disso, para muitas pessoas, a bicicleta táxi é uma das poucas formas de poderem obter algum dinheiro.
Foto: Gerald Henzinger
Estradas intransitáveis para carros
Quelimane é a capital da província moçambicana da Zambézia. No entanto, as estradas estão em estado deplorável. As pistas de terra estão cheias de buracos. Quando chove, enchem-se de água e tornam as estradas intransitáveis para os carros e para os miniautocarros. As bicicletas táxi, porém, podem contornar as poças de água.
Foto: Gerald Henzinger
Viajar de bicicleta táxi
Dependendo da distância, uma viagem de bicicleta táxi pode custar entre 5 e 20 meticais (aproximadamente entre 15 e 60 cêntimos de euro). Primeiro, o preço é negociado com o motorista. Depois, ocupa-se o lugar almofadado, que é feito especialmente por medida.
Foto: Gerald Henzinger
A bicicleta como alternativa ao desemprego
Em vez estarem desempregados, muitos moradores de Quelimane preferem conduzir uma bicicleta táxi. No entanto, o mercado está saturado com os vários milhares de bicicletas táxi que existem. Lutam todos por clientes entre os cerca de 200 mil habitantes. Isso faz baixar os preços e, por isso, as bicicletas táxi são um negócio difícil.
Foto: Gerald Henzinger
Samuel, taxista de bicicleta
Quando Samuel não está a trabalhar como motorista de serviço, está a estudar. Quando era criança só frequentou a escola até ao sexto ano. Os seus pais não tinham dinheiro e não podiam continuar a pagar os seus estudos. Agora, o jovem de 27 anos tenta obter o diploma do ensino secundário. “Se não o terminar, não vou conseguir um trabalho decente”, diz.
Foto: Gerald Henzinger
Francis, mecânico de bicicletas
Parafusos soltos e pneus lisos estão entre as preocupações quotidianas de um taxista de bicicleta. Francis arranja bicicletas no Mercado Central de Quelimane. Por cada tubo que remenda recebe cinco meticais (cerca de 20 cêntimos). Ganha cerca de 85 euros por mês. Desta forma, consegue alimentar a sua família.
Foto: Gerald Henzinger
Licença controversa
A Câmara Municipal de Quelimane quer reduzir o número de taxistas de bicicleta nas suas estradas. Por isso, no início de 2010, criou uma espécie de licença para estes condutores. Oficialmente, deveria custar cerca de 12 euros, mas os motoristas protestaram. A Câmara Municipal cedeu e suspendeu a licença.
Foto: Gerald Henzinger
Andar de bicicleta para cumprir um sonho
Para o jovem Francisco Manuel, de 19 anos, a bicicleta táxi é uma forma de financiar a sua formação. O seu trabalho de sonho é ser polícia. “Eu não quero roubar para sobreviver”, diz. Assim, optou pela bicicleta táxi. Com os 2,50 euros que ganha diariamente, consegue manter-se a si e ao seu filho.
Foto: Gerald Henzinger
Uma bicicleta táxi para toda a família
Na sua última viagem, Armando só conseguiu ganhar 80 meticais (cerca de três euros). “Foi um bom turno nocturno”, afirma, em jeito de balanço. Desde que o seu pai morreu, tem de ganhar dinheiro para toda a família com a bicicleta táxi. Armando não aprendeu a ler e a escrever, já que abandonou a escola por causa de uma deficiência visual após a terceira classe.
Foto: Gerald Henzinger
Pouco dinheiro para sobreviver
As bicicletas táxi ajudam muitas pessoas sem formação a obter algum dinheiro de forma legal. No entanto, depois de deduzidos os custos, muitas vezes sobram apenas um ou dois euros por dia. E quando estes taxistas ficam doentes, já não entra mais dinheiro em caixa.