Moçambique e África do Sul querem reforçar laços económicos
Lusa | kg
17 de março de 2018
Filipe Nyusi e Cyril Ramaphosa se comprometem a intensificar cooperação e a promover a competitividade das duas economias. "É preciso maximizar vantagens", diz chefe de Estado moçambicano.
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Os chefes de Estado de Moçambique e África do Sul comprometeram-se este sábado (17.03) em Maputo em reforçar a cooperação entre os dois países, dando a prioridade ao setor económico.
"As trocas comerciais entre os nossos países têm uma contribuição importante no nosso crescimento económico e, assim, sentimos que há necessidade de maximizarmos as nossas vantagens de forma que consigamos promover a competitividade das nossas economias", declarou o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.
Para Filipe Nyusi, além do setor económico, é urgente que os dois governos encontrem mecanismos que "possibilitem maior fluidez" noutros setores de cooperação.
A aprovação de um memorando de entendimento sobre a cooperação económica entre os dois Estados deve ser prioridade, afirmou o Presidente moçambicano. A realização da 3.ª Sessão da Comissão Binacional Moçambique-África do Sul, a decorrer no próximo ano em território sul-africano, pode servir para discussão detalhada deste documento.
Objetivos comuns
Por sua vez, o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, sublinhou que as duas nações devem perceber que têm as mesmas raízes.
"Nós estamos aqui para fortificar as relações entre Moçambique e África do Sul, consolidando as suas bases e fundações", observou Cyril Ramaphosa, que fez uma visita de trabalho de um dia em Moçambique. "Há vários objetivos comuns que podem levar os dois países a prosperidade a nível económico."
Moçambique e África do Sul partilham uma extensa linha de fronteira e são importantes parceiros comerciais e económicos. Cerca de dois milhões de moçambicanos residem na África do Sul, onde trabalham nas minas e campos agrícolas e um número significativo opera no setor informal da economia sul-africana.
Cyril Ramaphosa, que é também presidente em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), tomou posse em fevereiro e realizou a 02 de março a sua primeira visita de Estado em Angola. Este sábado, o Presidente sul-africano seguiu para o Zimbabué, onde manterá encontro com o seu homólogo naquele país, Emmerson Mnangagwa.
Moçambique: O que foi feito ao dinheiro destas obras?
É a pergunta de vários cidadãos de Massinga, província moçambicana de Inhambane. Cada vez há mais obras na vila, que nunca chegam ao fim.
Foto: DW/L. da Conceição
Obras atrasadas
As obras arrastam-se no município de Massinga, sul de Moçambique, e os cidadãos querem saber porquê. Os empreiteiros ganham obras de construção civil na região, mas muitas são abandonadas após ser pago 50% do dinheiro para a sua execução, segundo o Conselho Municipal. A Justiça já notificou alguns empreiteiros para explicarem os atrasos, mas as estradas e avenidas continuam em péssimas condições.
Foto: DW/L. da Conceição
Mercado por construir
A União Europeia e a Suécia financiaram a construção de um mercado grossista em Massinga. Segundo a placa de identificação, as obras começaram a 28 de setembro de 2017 e deviam ter terminado a 28 de janeiro, mas até agora estão assim. O município remete as responsabilidades para o empreiteiro; contactada pela DW, a empresa negou explicar o motivo do atraso nas obras.
Foto: DW/L. da Conceição
Jardim perdido
O Conselho Municipal de Massinga gastou mais de 1,5 milhões de meticais (20.000 euros) para construir aqui um jardim etnobotânico - um projeto com a participação do Governo central e da Universidade Eduardo Mondlane. Mas as plantas colocadas aqui desapareceram e o terreno está abandonado. O Município promete que o jardim voltará a funcionar em breve, embora falte água para regar as plantas.
Foto: DW/L. da Conceição
Estrada sem fim à vista
Os trabalhos neste troço de cinco quilómetros duram há mais de três anos. O município de Massinga culpa o empreiteiro pela demora; a DW tentou contactar a empresa, sem sucesso. Segundo o município, aos 4,8 milhões de meticais (63 mil euros) pagos inicialmente ao empreiteiro foram acrescentados outros 3,9 milhões (51 mil euros) para continuar as obras, que deviam ter terminado em outubro.
Foto: DW/L. da Conceição
Estrada acabada?
25 de setembro de 2017 era a data de "entrega" desta estrada, segundo a placa de identificação. Mas a via, que parte da EN1 até ao povoado de Mangonha, continua em estado crítico. A obra está orçada em cerca de 1,9 milhões de meticais (quase 25 mil euros). Tanto a Administração Nacional de Estradas, delegação de Inhambane, como o Conselho Municipal recusaram comentar este assunto.
Foto: DW/L. da Conceição
Mais obras por acabar
Os trabalhos da pavimentação desta avenida também já deviam ter terminado, mas as obras continuam. O custo: cerca de 3,9 milhões de meticais (cerca de 51 mil euros). Mas a avenida continua por pavimentar. A DW tentou perguntar o motivo da demora à empresa Garmutti, Lda, responsável pela execução da obra, sem sucesso.
Foto: DW/L. da Conceição
Falta transparência
Segundo o regulamento de contratação de empreitadas de obras públicas, nos locais de construção devem constar as datas de início e do término dos trabalhos. Mas não é isso que acontece aqui. Segundo um relatório do governo local, um ano depois desta obra começar, só 30% dos trabalhos foram concluídos. O empreiteiro está incontactável; a empresa não tem escritório em Inhambane.
Foto: DW/L. da Conceição
Fatura sobre fatura
O orçamento inicial para os trabalhos de reabilitação no Hospital Distrital de Massinga rondava os dois milhões de meticais (cerca de 26 mil euros), mas, meses depois, o custo aumentou 600 mil meticais (8.000 euros).
Foto: DW/L. da Conceição
Edifício milionário
Este edifício custou à edilidade mais de 40 milhões de meticais (acima de 500 mil euros), sem contar com os equipamentos novos - cadeiras, secretárias ou computadores. Alguns empreiteiros acham estranho que tenha custado tanto dinheiro, porque o material de construção foi adquirido na região. Em resposta, o município justifica os custos com a necessidade de garantir o conforto dos funcionários.
Foto: DW/L. da Conceição
Adjudicações continuam
O município de Massinga continua a adjudicar novas empreitadas apesar de muitas obras não terem terminado. Vários residentes dizem-se enganados pelo edil, Clemente Boca, por não cumprir as promessas eleitorais.
Foto: DW/L. da Conceição
Campo por melhorar
Todos os anos, a Assembleia Municipal de Massinga aprova dinheiro para melhorar este campo de futebol, mas o campo continua a degradar-se. Segundo membros da assembleia, o dinheiro "sai" dos cofres públicos, mas nada muda e os jogadores "sempre reclamam". Em cinco anos, terão sido gastos 30 mil meticais (cerca de 400 euros). Nem o edil, nem os gestores do campo dizem o que foi feito ao dinheiro.
Foto: DW/L. da Conceição
"Fazemos sozinhos"
Devido à demora na construção de mercados e bancas, os residentes da vila de Massinga têm feito melhorias por conta própria, para manterem os seus produtos em boas condições. Questionados pela DW, os vendedores disseram que preferem "fazer sozinhos", porque se esperarem pelo município nunca sairão "do sol, da chuva e da poeira".