Moçambique e Alemanha juntos pelas energias renováveis
Lusa | rvp
31 de julho de 2019
A Agência Alemã de Cooperação Internacional vai apoiar Moçambique com um fundo de 3 milhões de euros para energias renováveis. Objetivo é ajudar famílias que ainda dependem do carvão e da lenha, por exemplo.
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Moçambique e Alemanha promovem esta quarta-feira (31.07) na cidade Maputo um novo fundo, com verbas a rondar os três milhões de euros, para que as populações mais desfavorecidas possam ter acesso a energias renováveis.
Esta iniciativa tem como principal objetivo "acelerar o acesso à energia para milhões de Moçambicanos", disse a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC) num comunicado. O projeto é desenvolvido juntamente com a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ).
Além do acesso à energia renovável, estas duas instituições pretendem que este fundo sirva também para promover o desenvolvimento e expansão do setor privado, encorajar o empreendedorismo feminino e prestar resposta rápida a situações de crise humanitária.
No comunicado divulgado à imprensa também foi salientado que esta iniciativa serve como "resposta à necessidade de propor alternativas para a redução da pobreza, encorajando o crescimento económico nas zonas rurais, urbanas e periurbanas do país".
Financiamento faseado
Este financiamento será disponibilizado em três janelas. A primeira, de "acesso", para promover soluções modernas de energia renovável às famílias que estejam fora da rede nacional, através de fogões melhorados e sistemas fotovoltaico.
A segunda janela, de "uso produtivo", pretende desenvolver soluções solares fotovoltaico e equipamentos de energia para empresas comerciais e agrícolas em áreas rurais, exclusivamente.
A terceira janela é "humanitária" e pretende disseminar fogões melhorados e soluções solares fotovoltaicas para famílias vulneráveis.
A previsão é de que os fundos iniciais da janela humanitária sejam aplicados apenas nas regiões mais afetadas pelo ciclone Idai, que atingiu as províncias de Manica e Sofala em março deste ano.
Fontes de energia
Em Moçambique a maioria das famílias ainda usa lenha e carvão como principias fontes de energia para cozinhar, aquecer e iluminar as suas casas. Isto faz com que haja ainda uma grande procura por estes dois tipos de combustível para uma casa se poder sustentar, mas faz com que seja umas das principais causas da degradação ambiental e florestal no país. Apenas 28% da população tem acesso à rede elétrica. Nas zonas rurais apenas 5% da população tem acesso à rede elétrica nacional.
Agricultura urbana em Maputo: um modelo a ser seguido
A atividade de horticultura na cintura verde da capital moçambicana garante a subsistência de milhares de pessoas. O cultivo de hortícolas, como beterraba, couve e espinafre, é um propulsor da economia local.
Foto: DW/R. da Silva
Cintura verde
O vale do Infulene é a principal cintura verde da capital moçambicana. A produção de hortícolas é intensa com os agricultores a aproveitar a baixa do rio Milauze, que separa as cidades de Maputo e Matola e a zona da Costa do Sol. A agricultura urbana é praticada por milhares de pessoas. Abnério Matusse, de 26 anos, consegue, assim, alimentar os seus dois filhos.
Foto: DW/R. da Silva
No meio da cidade
O modelo de agricultura urbana de Maputo é semelhante ao implementado em Havana devido à Revolução Cubana. As cinturas verdes na capital cubana foram fundamentais para a população sobreviver ao isolamento na guerra civil. Em Maputo e arredores, mais de dez mil agricultores de pequena escala promovem a agricultura dentro da cidade.
Foto: DW/R. da Silva
Terras férteis
A cintura verde do vale do Infulene é a zona de agricultura urbana mais extensa. Os pequenos agricultores aproveitam a fertilidade dos solos para juntarem a produção à beleza. Os jovens que aqui trabalham criaram uma paisagem agrícola para atrair mais clientes.
Foto: DW/R. da Silva
No quintal de casa
Nas zonas onde a terra é bastante fértil, as famílias aproveitam os espaços nos seus quintais para reduzir a dependência dos mercados. Dessa maneira, não gastam dinheiro, senão pouco apenas para a compra de mudas.
Foto: DW/R. da Silva
Banquinha
Famílias de baixa renda preferem ir comprar verduras e vendê-las em banquinhas em frente às suas casas. Os principais clientes são os vizinhos, que reduzem assim as distâncias para os mercados. Os canteiros de beterrabas, couve-acelga, cenouras, espinafres e muitas outras hortícolas servem como base para a alimentação da população de Maputo.
Foto: DW/R. da Silva
Mercados
Perto da praia da Costa do Sol, existe também uma cintura verde que permite a produção de hortícolas para os mercados suburbanos de Maputo. Daqui, saem produtos para o maior mercado informal de Maputo, o mercado de Xikelene, na Praça dos Combatentes.
Foto: DW/R. da Silva
Couve, a preferida
Nestes canteiros na cintura da Costa do Sol, a couve é das mais procuradas hortaliças. Por isso, os agricultores sempre as colocam à disposição dos seus clientes.
Foto: DW/R. da Silva
Subsistência de famílias
Muitas famílias dedicam-se à pratica da agricultura urbana para sobreviver. Por se tratar de produtos da época, os vendedores afirmam que são muitos os clientes que compram para o consumo de vários tipos de saladas.
Foto: DW/R. da Silva
Nas escolas
A prática da agricultura já é uma realidade nas escolas. As autoridades educacionais introduziram a disciplina de agropecuária, e o resultado é visível. Muitos alunos dedicam-se a esta prática. Com a orientação de seu professor, cada um abre o seu canteiro.
Foto: DW/R. da Silva
Vendedores locais
Senhoras como dona Helena tem o seu próprio canteiro. A cidadã colhe quantidade suficiente para vender. Dependendo da adesão dos clientes, ela garante que regressa ao canteiro para buscar mais hortaliças.
Foto: DW/R. da Silva
Água para a rega
Mesmo no tempo seco, a água está sempre disponível. Os produtores abrem pequenas valas para canalizar água que chegue para todos. É uma fonte que não seca, por isso, mesmo no tempo de muito calor, as hortícolas são sempre vendidas.
Foto: DW/R. da Silva
Pressão
Na zona da Costa do Sol, há muita produção, mas há também muita pressão dos grandes burgueses em Maputo que compram espaços a fim de construir casas luxuosas. Há algumas pessoas que acabaram deixando de praticar a agricultura para ceder o espaço aos endinheirados.