Moçambique e Brasil: Prioridades da ONU no combate à lepra
Lusa | mjp
28 de janeiro de 2018
No Dia Mundial da Lepra, organização vinca preocupação sobre a situação nos dois países e frisa que é preciso agir para combater os casos reportados e a discriminação.
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Brasil e Moçambique estão entre os países que a ONU considera prioritário intervir, para combater a lepra, uma doença infecciosa que afeta a pele e os nervos, com mais de 200 mil novos casos registados por ano no mundo.
A relatora especial para a eliminação da lepra, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Alice Cruz, vincou preocupação sobre a situação em Brasil e Moçambique, nos quais disse que é necessário agir para combater os casos reportados (o número está a ser reunido) e "a discriminação contra as pessoas afetadas pela lepra".
Em outros países, como Índia, Indonésia, Bangladesh, República Democrática do Congo, Madagáscar, Myanmar, Nepal, Filipinas, Etiópia e Nigéria, a lepra, uma doença curável, assume também uma dimensão preocupante.
A Organização Mundial de Saúde registou 214.783 casos de lepra, reportados em 2016, incluindo 12.437 pessoas com um grau sério de deficiência.
Lepra "leva a violações dos direitos humanos”
A responsável da ONU assumiu em novembro de 2017, depois da Resolução 65/215 das Nações Unidas que conferiu o mandato à docente universitária portuguesa no Equador, a missão de trabalhar para a ser a "voz ativa" das pessoas afetadas", para as quais reclama "o direito de participar em todos os processos de tomada de decisão, bem como na elaboração, execução, monitorização e avaliação de políticas públicas que as envolvam".
"Muitas pessoas com lepra permanecem presas num ciclo interminável de discriminação e deficiência", disse, aludindo ao "estigma" que sofre um doente, um "equívoco" a combater "com informação e educação".
Alice Cruz denuncia que a lepra "leva a violações de direitos humanos e a segregação de pessoas atingidas pela doença".
"A realidade é que a doença continua a afetar pessoas, o que mostra que há atrasos no diagnóstico e falta de acesso a tratamento de alta qualidade. As crianças estão entre aqueles que sofrem desnecessariamente", disse a relatora das Nações Unidas.
Alice Cruz acentuou que "os países onde a lepra é endémica associa-se às desigualdades sociais e afeta principalmente as comunidades mais pobres".
"Em outros países, surgem novos desafios, tais como o aumento de casos entre pessoas nascidas no exterior", afirmou, acrescentando que as nações "devem agir em cumprimento das obrigações com os direitos humanos, eliminando leis discriminatórias e de segregação".
O Dia Mundial da Lepra, instituído após votação unânime da Assembleia Geral das Nações Unidas, é assinalado este sábado (28.01) em todo o mundo, com ações que visam alertar para a doença e a exclusão social que provoca.
A Federação Internacional das Associações Anti Lepra está a desenvolver este ano um conjunto de iniciativas focadas na eliminação da deficiência em crianças que contraem a doença.
Ébola: luta contra o vírus mortal
Apesar das medidas preventivas, algumas pessoas já se contaminaram com o vírus na Europa e Estados Unidos. Cuidadores utilizam trajes para prevenir a propagação, mas na África a proteção ainda deixa a desejar.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Traje de proteção
Na luta contra o ebola, roupas de proteção adequadas para médicos e enfermeiros são essenciais. Toda a pele deve ser coberta com material impenetrável pelo vírus. Mas trajes apenas não bastam, também é necessário seguir corretamente as prescrições de segurança.
Trabalho em conjunto
Os profissionais de saúde devem treinar a colocação correta dos trajes protetores. Como aqui, na unidade especial de isolamento de Düsseldorf. Novos trajes são utilizados a cada vez, para que não haja risco de contaminação no processo. Dessa forma, cuidadores sem proteção também podem ajudar os colegas a se vestir.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Isolamento total
Os quartos dos pacientes na unidade de isolamento em Düsseldorf são completamente protegidos do mundo exterior. O ar é filtrado e as águas residuais são tratadas separadamente. As vestes de proteção, que os cuidadores trajam permanentemente, são pressurizadas. Essas medidas de segurança vão além do necessário: o ebola pode ser transmitido por objetos contaminados, mas não pelo ar.
Após o tratamento dos pacientes, todo o traje é aspergido por fora com desinfetante, a fim de eliminar potenciais contaminações viróticas. Somente após essa ducha as vestimentas podem ser removidas, cuidadosamente.
Foto: picture-alliance/dpa/Sebastian Kahnert
Ajuda externa
Durante a remoção dos trajes protetores, os profissionais de saúde devem ser extremamente cautelosos. Luvas de proteção permanentemente instaladas nas aberturas da câmara permitem ajuda externa sem contato direto com o traje. Após o uso, estes são imediatamente descartados e incinerados.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Enfermeiras contaminadas
Apesar dos altos padrões de segurança, , na Espanha e Estados Unidos três enfermeiras contraíram a doença. As circunstâncias da contaminação ainda não foram esclarecidas. As residências das profissionais (na foto, Texas) foram isoladas e desinfetadas após a descoberta do contágio.
Foto: Reuters/City of Dallas
Proteção em África
Agora, médicos e enfermeiros na África Ocidental também foram equipados com trajes protetores. No entanto, estes nem sempre obedecem as normas para uma proteção efetiva. Por vezes, pequenas áreas da pele ficam descobertas ou o material usado é permeável. Além disso, colocar e retirar o traje pode ser arriscado.
Foto: picture alliance/AP Photo
Isolando os mortos
Os funerais das vítimas do ebola também requerem cuidados extremos. Na África Ocidental, a tradição de os familiares de lavarem os corpos dos mortos resultou em numerosas novas infecções. Para família e amigos, costuma ser difícil compreender e acatar as rigorosas medidas de isolamento.
Foto: Reuters/James Giahyue
Isolamento em barracas
Numa região onde os cuidados médicos são extremamente precários, uma epidemia das atuais proporções representa um enorme desafio. Os infectados são tratados em barracas improvisadas, como se vê na foto feita na Libéria. No entanto, até mesmo um país como a Alemanha ficaria sobrecarregado nessas circunstâncias. No momento, há apenas 50 leitos nas unidades de isolamento alemãs.
Foto: Zoom Dosso/AFP/Getty Images
Incineração em vez de sol
Em algumas regiões afetadas na África Ocidental, os trajes contaminados são pendurados para secar ao sol, numa tentativa de desinfetá-los para reutilização. No entanto, é muito mais seguro as roupas serem imediatamente incineradas após o uso, como ocorre na Guiné. Escassez e altos custos dos trajes dificultam essa medida: as roupas de proteção custam entre 30 e 200 euros.
Foto: Cellou Binania/AFP/Getty Images
Controles nos aeroportos
As viagens aéreas são a maior ameaça na transmissão de longa distância do vírus. Por esse motivo, a temperatura dos passageiros está sendo monitorada em alguns aeroportos. Entretanto, o método não oferece garantia absoluta, já que o período de incubação do ebola é de 21 dias.