Agricultura, pescas, turismo, energia e infraestruturas são algumas das áreas incluídas num memorando de entendimento assinado entre os dois países à margem da Cimeira económica EUA-África que decorre em Maputo.
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Moçambique e os Estados Unidos da América assinaram na quarta feira (19.06), um memorando de entendimento para dinamizar a cooperação bilateral. O acordo foi rubricado no âmbito da 12ª cimeira EUA-África, que decorre na capital moçambicana até ao dia 21 de Junho.
Para Florizelle Liser do Corporate Council on Africa, entidade que lida com questões de comércio entre os Estados Unidos e África, trata-se de ampliar a cooperação bilateral: "Queremos que as empresas norte americanas, para além daquelas ligadas ao petróleo e gás, tenham oportunidades asseguradas aqui e no continente”.
No certame, a secretária adjunta norte-americana do Comércio, Karen Dun Kelly, destacou a importância de África como parceiro comercial, mas disse que este continente deve melhorar o ambiente de negócios: "Diversas empresas norte-americanas têm tido dificuldades em fazer negócios em África devido nomeadamente a questão de infraestrutura, riscos, limitações colocadas aos bancos, leis complicadas, falta de transparência e burocracia excessiva” , disse Dun Kelly.
Melhorar o ambiente de negócios
Moçambique e os EUA estreitam relações económicas
O presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique, CTA, Agostinho Vuma, concorda que o continente deve priorizar a aceleração das reformas ao ambiente de negócios. "Dos dez países aqui presentes representados pelos seus Chefes de Estado, apenas quatro situam-se entre as 100 melhores posições do "Doing Business”, disse Vuma numa referência ao índice do Banco Mundial do ambiente de negócios em 190 países.
Para ultrapassar os obstáculos ao ambiente de negócios, o porta-voz do Ministério Moçambicano dos Negócios Estrangeiros, Geraldo Saranga, aponta que o país deve "formar o nosso empresariado para saber utilizar as ferramentas de informação e comunicação, entender o mecanismo que é utilizado, muitas vezes, pelas organizações financeiras internacionais sobre o acesso e utilização dos fundos”. Saranga realçou que muitos empresários moçambicanos não só ainda necessitam de muito apoio financeiro, como até de assistência na formulação dos projetos empresariais.
Aumentar a qualidade da produção
Em 2000 os EUA promulgaram uma lei conhecida sob o acrónimo que facilita a países africanos o acesso ao mercado nacional. Os responsáveis afirmam que o continente não tem explorado devidamente as vantagens proporcionadas pela lei. No caso específico de Moçambique, do volume total de exportações para os EUA em 2018, estimado em perto de 88 milhões de euros, só beneficiaram deste instrumento cerca de um milhão de euros.
O Presidente da CTA, Agostinho Vuma, vê ainda a necessidade das empresas moçambicanas melhorarem a qualidade da produção, para que os produtos colocados no mercado global correspondam a padrões internacionalmente aceites. "Este é o desafio que estamos a resolver com as certificações, com as formações que estamos a promover”.
O adido económico da Embaixada Americana em Maputo, Damon Dubrid, considera que para além das exigências mencionadas, as empresas também querem "estabilidade e saber como é que funcionam as regras e os processos para criar uma empresa aqui em Moçambique”.
Durante os debates desta quarta-feira da cimeira, que conta com a participação de cerca de 1500 delegados de diversos países, foi sublinhada a necessidade da consolidação das comunidades regionais de desenvolvimento, de reformas económicas, da criação de infraestruturas, do financiamento do empresariado e da formação do capital humano.
Moçambique: As novas estradas do Niassa
Com a reabilitação das duas principais estradas do Niassa, a N13 e N14, vitais para o desenvolvimento da província, a ligação da região com o resto de Moçambique e países vizinhos torna-se mais rápida e segura.
Foto: DW/M. David
Mãos à obra
A província de Niassa, a mais extensa de Moçambique, é potencialmente rica em agropecuária, turismo, conservação, extração mineira, entre outras atividades. No entanto, o estado das vias de acesso constitui o principal entrave no desenvolvimento económico da província. Mas esse cenário já começou a mudar com as obras de reabilitação de várias vias.
Foto: DW/M. David
Estrada N13
Finalmente arrancou a construção da N13, estrada nacional que liga as províncias de Nampula e Zambézia, através da via do Cuamba. Também tem ligação com o vizinho Malawi, passando pelo distrito de Mandimba. A reabilitação está dividida em três partes: nas ligações de Lichinga-Massangulo, Massangulo-Muita e Muita-Cuamba. Estes são troços mais complexos devido às pontes que devem ser construídas.
Foto: DW/M. David
De Moçambique ao Malawi
Devido a relação de proximidade entre os dois povos, a estrada Mandimba-Malawi foi igualmente contemplada pelo projeto de asfaltagem. Neste momento, a estrada esta totalmente planada, faltando apenas o seu revestimento para permitir uma ligação mais efetiva entre os dois países vizinhos. O antigo troço dificultava a circulação de pessoas e bens praticamente em todas as épocas do ano.
Foto: DW/M. David
Estrada Montepuez-Balama
As obras de reabilitação e asfaltagem de cerca de 130 km de estradas decorrem a todo gás para que este troço esteja pronto até fevereiro de 2020. Trata-se de uma via que liga a cidade de Montepeuez, em Cabo Delgado, até Balama, no Niassa. O objetivo é assegurar a ligação entre as duas províncias nortenhas, sobretudo do Niassa ao porto de Pemba, dinamizando as trocas comerciais.
Foto: DW/M. David
Limite entre o Niassa e Cabo Delgado
Marrupa é o distrito do Niassa que faz fronteira com a província de Cabo Delgado através do distrito de Balama, separadao pelo rio Ruança. Do lado do Niassa a estrada está totalmente asfaltada. Mas o mesmo não se pode dizer sobre a estrada em Balama, como mostra a foto.
Foto: DW/M. David
Vias alternativas com problemas
No intuito de acelerar as obras de reabilitação da estrada N13 sem criar grandes transtornos na mobilidade das pessoas e bens, as empresas encarregues do projeto de asfaltagem criaram desvios através de vias alternativas. Mas estas vias não estão em condições de transitabilidade e dificultam, principalmente, a circulação de viaturas de grande porte.
Foto: DW/M. David
Travessia mais segura
A ponte inaugurada em dezembro de 2018 pelo Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, sobre o rio Lunho, no distrito turístico do Lago Niassa, é um alívio para a população local. Antes todos atravessavam o rio através de pirogas com risco de serem atacados por crocodilos. A ponte liga as zonas de Chuanga e Messumba, no distrito do Lago.
Foto: DW/M. David
Estrada N14 reabilitada
Com 455 km, a N14 liga a província do Niassa com a vizinha Cabo Delgado. Trata-se de uma estrada totalmente asfaltada e sinalizada e já aliviou muitos niassenses que passam por aquela via diariamente. A estrada conta com duas faixas de rodagem.
Foto: DW/M. David
"Desenvolvimento acelerado"
A reabilitação das estradas no Niassa já anima a população local. Euclides Tavares, que mora na capital provincial, acredita que estas obras poderão trazer um "desenvolvimento acelerado" para a região. "Acho que o Niassa vai mudar, porque o a província só está mais atrasada devido à degradação das estradas", diz o residente, que comemora o fim das obras na N14 - que liga Lichinga a Cabo Delgado.
Foto: DW/M. David
Impacto no futuro
Maria Orlando, também residente no Niassa, também comemora a conclusão das obras em algumas estradas. Para ela, estas vias "estão a trazer uma nova cara ao Niassa" e os seus impactos poderão se refletir no futuro da vida dos niassenses.