O encontro entre os chefes de Estado de Portugal e Moçambique serviu para discutir nomeadamente a questão dos vistos e celebrar novos acordos entre os dois países.
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O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, quer uma maior flexibilidade na política de vistos, como um dos instrumentos para o aprofundamento das relações bilaterais com Portugal. O chefe de Estado moçambicano, que em Portugal efetua a sua terceira visita de Estado pede mais facilidade na circulação de pessoas ao abrigo da questão da mobilidade, que está a ser discutida no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Nyusi fez o apelo no final da IV Cimeira Portugal-Moçambique, que teve lugar esta manhã (03.06.) no Palácio Foz, em Lisboa.
A questão já tinha sido aflorada antes no Fórum de Negócios entre os dois países, realizado na manhã desta quarta-feira (03.06.) e sobre a qual Filipe Nyusi se pronunciou.
"Parecia que Moçambique pode ser obstáculo. Eu disse que se depender de Moçambique é ontem. Nós já estabelecemos a facilitação (de vistos) com Angola. O movimento com Angola já está a ser muito fluido e gostaríamos que isso acontecesse muito rapidamente a nível da CPLP. Talvez possamos resolver esse problema porque isso vai facilitar esse movimento dessa equipa toda (de pessoas) que estão a viajar de um lado para outro. Podemos ver (quais podem ser os mecanismos) de facilitação”.
Empresários querem maior mobilidade
Já no encontro da terça-feira (02.06.) com o seu anfitrião Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, o Presidente moçambicano enfatizara a necessidade de se facilitar a mobilidade entre os pares lusófonos. Abordado pela DW, Fernando Azevedo Mendes, da empresa Innovation Markets, com presença em Moçambique há cerca de quatro anos, diz que a facilitação de vistos varia ao longo do tempo. "Nos últimos anos", acrescenta, "houve melhorias".
Filipe Nyusi em Portugal
"Diminuíram inclusive as filas imensas que havia aqui no Consulado (de Moçambique) para tirar os vistos. As coisas estão mais fáceis, mas ainda não estão óptimas. Mas já não se sente tanto isso, com a possibilidade de se tirar os vistos de fronteira para quem é turista. A nível das empresas, uma pessoa continua a ter que ir ao Consulado porque os vistos de fronteira são limitados. Vistos de três meses, de múltiplas entradas, aí o processo é mais complicado e tem que ser feito sempre no Consulado cá”.
Este é um dos constrangimentos de que fala o empresário português, tendo em conta o quadro económico de Moçambique, que referiu não ser muito favorável. No entanto, fonte diplomática abordada pela DW África considera que são maiores as dificuldades, de ordem diversa, para se obter vistos de Moçambique para Portugal.
A propósito dos vistos e da necessidade de melhor mobilidade, Teresa Ribeiro, secretária de Estado portuguesa dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, esclarece. "O que nós queremos é encontrar a forma mais ágil, mais permanente, para que haja essa mobilidade. Isso é matéria que está a ser discutida na CPLP. Porque a partir do momento em que, para efeitos da mobilidade ou no quadro da mobilidade, é atribuído o visto de residência a questão da atribuição de vistos fica muitíssimo mais flexibilizada, neste caso concreto com efeitos também na mobilidade de moçambicanos e portugueses”.
Novos acordos
Entretanto, as relações bilaterais entre Portugal e Moçambique saem mais reforçadas com a assinatura de 13 novos instrumentos de cooperação em várias áreas. Um dos acordos destina-se a apoiar a reconstrução e a recuperação, depois das recentes tragédias naturais que atingiram Moçambique, conforme sublinhou o primeiro-ministro português, António Costa.
"Ainda hoje de manhã, na intervenção que fiz na abertura do seminário económico, tive a oportunidade de referir que o fundo seria constituído com um valor inicial de 1,2 milhões de euros. A manhã correu bem e acabou por já ser constituído com 1,5 milhões de euros. Creio que ao final do dia poderemos ter melhores notícias ainda sobre a dinâmica de reforço desse fundo”.
Ao todo, os instrumentos de apoio ao investimento e atividades económicas em Moçambique rondam os 90 milhões de euros – reforça António Costa.
"Para poder apoiar empresas moçambicanas, as empresas portuguesas, a exportação e as relações económicas entre os nossos países. E isso significa criação de condições, o que correspondem àquilo que é a ambição efetiva das nossas comunidades e dos nossos agentes económicos”.
De referir que o Presidente moçambicano, que se faz acompanhar de uma importante delegação governamental, participa esta quinta-feira (04.06.) no Fórum Europa-África, que tem lugar em Carcavelos, arredores de Lisboa.
Ciclone Idai: solidariedade portuguesa chega a Moçambique
Várias iniciativas portuguesas chegaram-se à frente para ajudar as vítimas do ciclone Idai. Existem vários tipos de eventos e os portugueses continuam a contribuir em larga escala.
Foto: dpa
Cruz Vermelha Portuguesa: Recolhe vários donativos
Em todas as suas plataformas a Cruz Vermelha tem apelado à doação de dinheiro. No dia 1 de abril já tinham conseguido angariar 1,2 milhões de euros, ainda com outros donativos em espera. Estes contributos vieram principalmente dos fundos de emergência dos principais bancos portugueses como a Caixa Geral de Depósitos, o BPI, o Millennium BCP, entre outros.
Foto: Reuters/Red Cross Red Crescent Climate Centre/D. Onyodi
Embaixada de Israel em Portugal: Apoio à Caritas
A Embaixada de Israel em Portugal transferiu 50 mil euros para a Caritas Portugal. A recolha de donativos foi feita em conjunto com a Comunidade Judaica de Portugal. O embaixador de Israel em Portugal, Raphael Gamzou, disse ao presidente da Cáritas Portugal, Eugénio Fonseca, que, “apesar dos desafios que o seu país atravessa, não se pode desviar nunca do imperativo de ser solidário com os outros”.
Foto: embassies.gov.il
Benfica e Sporting em jogo solidário
Rivalidade entre Benfica e Sporting, serviu de mote para realizar um jogo solidário no estádio do Restelo (30.03.) entre as duas equipas femininas dos dois clubes. Só a bilheteira conseguiu angariar 38 mil euros. No intervalo os patrocinadores dos dois clubes doaram 5 mil euros à Cruz Vermelha Portuguesa. Este foi o jogo de futebol feminino com maior assistência de sempre, com 15 mil espetadores.
Foto: imago sportfotodienst
Fundação Galp: Empresa apela aos colaboradores para ajudar
A Fundação Galp enviou ajuda para Cruz Vermelha, ao todo foram angariados 150 mil euros em comida e bens de primeira necessidade. Os colaboradores da empresa Portuguesa foram chamados a ajudar também na recolha de alimentos. A Galp está presente em Moçambique há cerca de 60 anos e garantiu o funcionamento dos seus postos nas zonas mais afetadas.
Foto: DW/J. Carlos
CTT: Caixas solidárias
Os CTT também lançaram uma campanha em parceria com os Correios de Moçambique. Qualquer pessoa em Portugal podia dirigir-se a partir do dia 25 de março a qualquer loja dos CTT para levar uma caixa e posteriormente entregar com roupa. A campanha teve um enorme sucesso e as 200 mil caixas disponíveis esgotaram logo nos primeiros dias.
Foto: ctt.pt
Oikos: Ajuda alimentar
O principal objetivo da Oikos é distribuir alimentos. Durante 3 meses a Oikos estará nos distritos de Dondo e Nhamatanda (Sofala) a distribuir alimentos em centros de acolhimento e pretende que esta ajuda chegue a 79 mil pessoas. Além deste esforço no terreno a Oikos tem ainda uma conta aberta para receber os donativos.
Foto: oikos.pt
Mão dada a Moçambique: Concerto solidário
O concerto solidário “Mão dada a Moçambique” promovido pela cantora moçambicana Selma Uamusse, que decorreu no dia 2 de abril no Capitólio em Lisboa, conseguiu angariar cerca de 300 mil euros. O concerto decorreu durante quatro horas, contou com mais de 40 artistas, como Salvador Sobral, Ana Moura ou Dino Santiago, e foi transmitido pela RTP em direto.
Foto: Vera Marmelo
Benfica: Recolha de alimentos
O Benfica promoveu uma recolha de alimentos enlatados e angariou cerca de 138 toneladas. Entre os dias 27 e 31 de março, qualquer adepto do Benfica (e dos outros clubes) podia entregar comida enlatada no Estádio da Luz, em Lisboa, ou nas filiais do clube espalhadas por todo o país.
Foto: Getty Images/AFP/P. de Melo Moreira
Sociedade Francisco Manuel dos Santos: freta avião com ajuda
A Sociedade Francisco Manuel dos Santos dona de um dos maiores grupos de retalho em Portugal, o Pingo Doce, fretou um avião com cerca de 33 toneladas de bens médicos, roupa e alimentos para ajudar a operação da Cruz Vermelha Portuguesa nos subúrbios da cidade da Beira. Toda a gestão dos bens doados ficará à responsabilidade da Cruz Vermelha que tem um Posto Médico Avançado nesta cidade.
Foto: picture-alliance/ZB/T. Scholz
Fundacão Inatel: Estreia solidária
O Teatro da Trindade Inatel em Lisboa vai estrear no próximo dia 17 de abril a peça “Romeu e Julieta” encenado por João Mota. Toda a bilheteira do dia da estreia reverterá a favor do Hospital Geral de Machava em Moçambique. Cada bilhete terá um preço único de 18 euros. Esta é uma ação conjunta da Fundação Inatel, o Teatro da Trindade e o Teatro da Comuna.
Foto: inatel.pt
Liga Portuguesa de Surf: Surfistas solidários
Durante a segunda etapa da Liga Portuguesa de Surf que decorreu na Figueira da Foz entre os dias 29 e 31 de março foram recolhidos 266 kg de roupa, 195 kg de águas e 44 kg de alimentos. Os surfistas aderiram em massa ao apelo feito pela liga de surf, que vai entregar estes donativos à Cruz Vermelha Portuguesa.