Moçambique: Edil de Nampula já formou o seu Governo
Sitoi Lutxeque (Nampula)
2 de maio de 2018
Presidente do Conselho Municipal de Nampula, Paulo Vahanle, exonerou todos os vereadores e chefes dos postos administrativos e já formou o seu governo, que deverá tomar posse amanhã (03.05).
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Paulo Vahanle, o edil da cidade nortenha de Nampula, já formou o seu governo que deverá tomar posse nesta quinta-feira (03.05) . No início da semana, contra todas as expectativas, o novo presidente do Conselho Municipal de Nampula exonerou todos os dez vereadores e os seis chefes dos Postos Administrativos do Município. Paulo Vahanle completa hoje (02.05) duas semanas após a sua investidura. O novo executivo municipal será composto por membros da RENAMO e do MDM.
Segundo várias fontes no município, a medida visa por um lado, dinamizar as atividades e por outro, o cumprimento célere do seu programa de governação até pouco mais de seis meses, data das eleições autárquicas. Tendo consciência desse curto período de tempo, Vahanle promete mais mexidas na sua administração.
‘‘Realmente haverá mexidas, como era de esperar, mas não de forma significativa. Os vereadores vamos mexer ,e os chefes dos postos também'', disse à DW.
Moçambique: Edil de Nampula já formou o seu Governo
Os dirigentes municipais afastados eram da confiança do ex-autarca, Mahamudo Amurane, assassinado em outubro do ano passado. Mas Paulo Vahanle fala de inclusão e é por isso que, além dos membros do seu partido, a RENAMO, também decidiu colocar no seu executivo membros de outros partidos.
‘‘O presidente [ do Município de Nampula] já convidou ao partido FRELIMO e o MDM para nos fornecerem nomes de alguns vereadores. O MDM respondeu favoravelmente e a FRELIMO agradeceu o gesto do Paulo Vahanle, mas disse que de momento não tinha disponibilidade para nos ceder um vereador. Como havia prometido, queria uma governação participativa [e inclusiva]'', destacou Vahanle.
Munícipes pedem trabalho e competência
Os cidadãos já começaram a elogiar a escolha de um novo governo municipal, mas esperam mais trabalho por parte dos novos dirigentes, com vista resgatar o que consideram ser a "beleza e desenvolvimento da autarquia".
Um deles é Celestino Reteva, que apela aos novos membros da edilidade que trabalhem para bem dos munícipes.
‘‘Nos últimos tempos, vivemos muitos e difíceis cenários no Município. Portanto, esperamos que esta nova equipa devolva a imagem da cidade aos seus munícipes'', disse.
Por seu lado, o padre diocesano, Cantifulas de Castro, pede aos novos dirigentes empossados para não olharem para os seus interesses pessoais ou das suas formações políticas, ignorando o povo, que almeja ser bem servido.
‘‘É preciso ter novas apostas com nova visão para que se possa concretizar aquilo que é o desejo do povo, que quer ser servido por aqueles que olhem não para o interesse próprio, mas para o bem comum. E a promoção disso é que vai ser a base do sucesso do novo governo da edilidade de Nampula'', explicou o pároco.
O analista Arlindo Muririua prevê uma nova dinâmica no trabalho e que a inclusão não poderá comprometer os programas do edil.
‘‘Desde que as pessoas sejam honestas e queiram trabalhar, independentemente de serem do mesmo partido, o que interessa é competência. Ele [edil] o que quer neste momento é competência do pessoal e, havendo competência, o trabalho vai andar muito bem. Não é nomear só por ser do partido dele, mas nomear pessoas competentes e isso já é muito bom'', disse.
É a primeira vez que o partido RENAMO, de Afonso Dhlakama, lidera o município da cidade de Nampula.
Eleições intercalares em Nampula
Já teve início em Nampula, norte de Moçambique, o ato eleitoral que elegerá o sucessor de Mahamudo Amurane. As eleições decorrem até às 18h00 e contam com cerca de 300 mil eleitores e cinco candidatos nos boletins.
Foto: DW/S. Lutxeque
Munícipes chegam cedo
Um pouco por toda a província, os munícipes responderam positivamente ao apelo da CNE para votarem o mais cedo possível e começaram a marcar lugar nas filas para as assembleias de voto duas horas e meia antes da abertura das urnas. As urnas estão abertas até às 18:00, com 296.590 eleitores inscritos e cinco candidatos nos boletins de votos.
Foto: DW/S. Lutxeque
Atrasos na abertura das urnas
Sete horas da manhã desta quarta-feira (24.01.) era o horário previsto para a abertura das 54 assembleias de voto, mas algumas só começaram a funcionar uma ou duas horas mais tarde. Os atrasos registaram-se nos postos de votação instalados nas escolas de Muthita, 12 de Outubro, Mpuecha, Namicopo e Nahene, entre outros.
Foto: DW/S. Lutxeque
Denúncia de ilegalidades
Durante a manhã, Mário Albino, candidato do movimento AMUSI, denunciou a presença "de novos eleitores que não constam nos cadernos eleitorais". As declarações foram feitas depois de ter ido votar. Mário Albino mostrou-se satisfeito e confiante na vitória. Para estas eleições, foram credenciados 1200 observadores nacionais e internacionais e cerca de 150 jornalistas nacionais.
Foto: DW/S. Lutxeque
CNE garante normalidade no processo
Daniel Ramos, presidente da Comissão Provincial de Eleições, negou as acusações. Segundo este responsável, o processo eleitoral está a decorrer sem problemas. Sobre o atraso na abertura de mesas da assembleia de voto, Daniel Ramos explica que ficou a dever-se às chuvas que caíram durante a noite de ontem e início desta manhã.
Foto: DW/S. Lutxeque
Falta de material
Também a plataforma de observadores eleitorais que acompanha o processo denunciou, à margem de uma conferência de imprensa, algumas irregularidades na abertura das eleições. Entre elas, a falta de material de votação. Segundo a organização, 57% das 401 assembleias de voto abriram à hora estipulada. As restantes abiriram com um atraso de cerca de uma/duas horas.
Foto: DW/S. Lutxeque
Assembleia de voto encerrada
A votação foi interrompida na Escola Comunitária de Malimusse. Membros do MDM paralisaram o processo devido a erros nos cadernos eleitorais. Luísa Morroviça (na foto), fiscal do MDM, afirma que o seu partido “não vai admitir brincadeiras do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral. A assembleia de voto em causa já admitiu o problema e confirma que a votação está interrompida desde manhã.
Foto: DW/S. Lutxeque
Cinco candidatos na corrida
Disputam o cargo de presidente do Município de Nampula Carlos Saíde do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Amisse Cololo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Paulo Vahanle da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Filomena Mutoropa do Partido Humanista de Moçambique (PAHUMO) e Mário Albino Muiquissince da Ação Movimento Unido Para Salvação Integral-Nampula (AMUSI).
Foto: DW/S. Lutxeque
Mandato curto
O MDM venceu as últimas eleições, em 2013, com 53,84% dos votos e a FRELIMO, que lidera o Governo em Moçambique, arrecadou 41,04%. Na altura, a RENAMO boicotou as autárquicas. Para além de contarem com mais candidatos, estas eleições diferenciam-se ainda pelo curto mandato que vão ditar, uma vez que as eleições autárquicas em Moçambique estão marcadas para 15 de outubro deste ano.