Muitas salas de aula ainda não foram reabilitadas desde a passagem do ciclone Dineo, há um ano. Encarregados de educação tiveram de ajudar nos trabalhos de reabilitação para que as crianças não tenham aulas ao relento.
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O ano letivo começa na sexta-feira (02.02) com muitas salas de aula destruídas e com os alunos a terem de estudar em salas sem teto ou debaixo de árvores.
Há um ano, o ciclone Dineo deixou um rasto de destruição na província de Inhambane, no sul. 2.000 salas de aulas ficaram sem teto, segundo o governador provincial, Daniel Chapo.
"Nós conseguimos fazer uma reabilitação provisória, mas não resolve a situação. O que nós precisamos é fazer salas que possam ser resistentes aos ventos e outras calamidades. Já construímos neste momento cerca de 40% a 50% [das salas de aulas] através dos nossos parceiros de cooperação, mas ainda falta a reconstrução de tantas outras", assegura Daniel Chapo.
Pais chamados a ajudar na reconstrução
Algumas das salas foram reabilitadas com a ajuda de pais e encarregados de educação, que puseram mãos à obra cobrindo as salas de aula com chapas de zinco.
É o caso de Venâncio Muando, um dos pais que ajudaram nos trabalhos de reconstrução: "Os diretores é que falaram connosco para irmos cobrir [as salas de aulas]. Eles é que procuravam todo o material. Na nossa escola cobrimos entre 10 a 11 salas."
Benedito Manuel, diretor da escola de Nhambanda, na cidade de Maxixe, disse à DW África que tem esperança que, até maio, os alunos possam voltar a ter aulas em salas cobertas.
"Reabilitamos 5 salas e fizemos uma tenda agora, só faltam algumas salas que ficaram destruídas com [ciclone] Dineo. Esperamos concluir o nosso trabalho até maio."
Ainda falta apoio
Moçambique: Efeitos do ciclone Dineo ainda afetam alunos em Inhambane
Simão Rafael, presidente do Conselho Municipal de Maxixe, assegura que está a par dos problemas na cidade – um dos lugares afetados pelo ciclone Dineo. A poucos dias do início das aulas, o Conselho Municipal de Maxixe entregou cerca de 400 chapas de zinco a quatro escolas para a cobertura de algumas salas de aulas.
"Havia o risco de o arranque do ano letivo ser problemático, por isso é que doamos as chapas de zinco. Que [as chapas] sejam usadas para a cobertura de salas de aulas para minimizar o sofrimento das crianças", disse o edil.
Mas Aníbal Naife, diretor dos serviços de educação e desenvolvimento humano na cidade de Maxixe, reconhece que é preciso fazer mais.
"Com este gesto do Conselho Municipal quer dizer que 800 crianças vão estudar em sítio condigno. E há tantas outras que necessitam [de salas condignas]."
Dineo: A força destruidora do ciclone em Moçambique
O ciclone que atingiu o sul do país esta semana fez sete mortos e 55 feridos, segundo o balanço oficial. Casas, escolas e estradas ficaram destruídas. Governo promete assistência.
Foto: DW/L. da Conceição
Sete vítimas mortais
Relatório do Centro Nacional Operativo de Emergência contabiliza 650 mil pessoas afetadas pelo ciclone Dineo, que atingiu na quarta-feira (15.02) a província de Inhambane, no sul do país. Sete pessoas morreram devido à queda de árvores e tectos de casas. 55 pessoas ficaram feridas, quatro em estado grave.
Foto: picture-alliance/dpa/Care
Alerta vermelho
Os distritos mais atingidos foram Massinga, Morrumbene, Maxixe, Jangamo, Zavala, Homoíne, Vilanculos, Inharrime e Inhassoro, todos na zona costeira. Os ventos atingiram uma velocidade de mais de 100 quilómetros por hora, com rajadas de cerca de 150 quilómetros por hora.
Foto: DW/L. da Conceicao
Sem telhado, sem luz, sem água
O balanço oficial dá conta de danos em 106 edifícios públicos, 70 unidades hospitalares, 998 salas de aula, três torres de comunicação, 48 postos de transporte de energia elétrica e dois sistemas de abastecimento de água.
Foto: DW/L. da Conceicao
Ligação cortada
A ponte que liga a Cidade de Inhambane a Maxixe ficou destruída à passagem do Dineo. Esta é a principal via de circulação de pessoas e bens entre as duas cidades. Agora, a população vê-se obrigada a fazer um percurso mais longo, que implica quase o dobro dos custos.
Foto: DW/L. da Conceicao
Acesso bloqueado
As autoridades moçambicanas ativaram os centros operativos de emergência em todos os locais afetados. Falta de comunicação e danos nas vias de acesso dificultaram trabalhos de atualização de dados, segundo o CNOE. Ruas ficaram inundadas e os ventos fortes derrubaram árvores e postes de eletricidade.
Foto: DW/L. da Conceicao
Esperar por água
Depois dos cortes causados pelo ciclone, fornecimento de água ainda não foi regularizado em várias zonas, como na cidade de Inhambane e em Maxixe. Populares são obrigados a recorrer a fontes públicas.
Foto: DW/L. da Conceicao
Escolas encerradas
Na sexta-feira (17.02), por precaução, foram canceladas as aulas nos distritos de Massinga, Morrumbene, Vilankulos, Jangamo, cidade de Inhambane e Maxixe. Serviço Distrital de Educação de Maxixe também sofreu danos, com placas de zinco arrancadas do telhado do edifício.
Foto: DW/L. da Conceicao
Avaliar estragos e apoiar vítimas
O Presidente Filipe Nyusi garantiu assistência às pessoas afetadas "o mais rápido possível". "Como ações de resposta, foram criadas equipas de monitorização e avaliação rápida, abrigo, planificação e informação", segundo o CNOE. Na foto: o pavilhão polivalente da Universidade Pedagógica da cidade de Maxixe, após o ciclone.
Foto: DW/L. da Conceicao
Mau tempo continua
Embora o ciclone já não esteja no país, os efeitos deverão continuar a fazer-se sentir em Moçambique, com chuvas moderadas e ventos fortes durante o fim-de-semana, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia. Entretanto classificado como "depressão tropical", Dineo poderá atingir agora a África do Sul, o Zimbabué e o Botsuana.