Moçambique: Encontrados três corpos sem vida em Macomia
Lusa
22 de julho de 2023
Um grupo de três homens e igual número de mulheres da comunidade de Litamanda, distrito de Macomia, em Cabo Delgado, encontrou na manhã de sexta-feira (21.07) três corpos sem vida e em estado avançado de decomposição.
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"Fomos procurar lenha, percorremos uma distância de cerca sete quilómetros para o interior, quando o nosso cão começou a ladrar e seguiu farejando na direção onde estavam os corpos", disse à Lusa uma das mulheres que integrava o grupo.
Segundo a fonte, foi difícil reconhecer os três corpos por conta do estado avançado de decomposição, mas presume-se que sejam de terroristas, abatidos pelos militares, que fazem constantemente patrulha na zona.
"Não reconhecemos ninguém, os corpos estão bem podres, mas acho que eram terroristas" disse a fonte.
Uma outra fonte daquele distrito disse a Lusa que, na semana passada, na mesma região, um grupo de caçadores encontrou dois corpos sem vida.
A Força Local, grupo de antigos combatentes que apoiam o Governo no combate contra os rebeldes, diz estar a intensificar patrulha na zona de Mananguene, local onde foram encontrados os corpos, para repor a segurança para que os residentes de Litamanda, Chai e Miangalewa.
A comunidade de Litamanda pertence ao posto administrativo de Chai, distrito de Macomia, e está no limite entre os distritos de Macomia e Muidumbe, fazendo fronteira com a localidade de Miangalewa, ao lado de Muidumbe, através do rio messalo, ao longo da estrada nacional número 380, que liga aos distritos a mais ao norte.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul de região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
O regresso da vida pós destruição em Cabo Delgado
Apesar da tendência de retorno das populações às zonas de origem, várias aldeias ainda continuam desertas e o cenário de destruição é visível nessas comunidades.
Foto: DW
Sensação de paz em Macomia
O distrito de Macomia já registou o regresso de grande parte da sua população que se havia evadido para outras zonas com a escalada da violência protagonizada pelos insurgentes, localmente conhecidos por "al-shababes". Na vila, atividades comerciais ganham terreno. Mas a população pede ainda a permanência do exército para lhes proteger. O desejo dos residentes é que a paz tenha vindo para ficar.
Foto: DW
Serviços públicos em Mocímboa da Praia
Após a recuperação do território, em agosto de 2021, as autoridades estão empenhadas no restabelecimento dos serviços públicos de modo a impulsionar o retorno da população que se refugiou em comunidades de Cabo Delgado. O Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos comprometeu-se em alocar escritórios moveis ao governo de Mocímboa da Praia para fazer face à escassez de infraestruturas.
Foto: DW
Local do massacre de Xitaxi
A 7 de abril de 2021, na aldeia de Xitaxi, no distrito de Muidumbe, os terroristas terão morto a sangue frio um grupo de 53 jovens num campo de futebol (ao fundo da imagem). Aparentemente, a causa da chacina foi a recusa desses jovens, que haviam sido raptados localmente e em aldeias já atacadas, em juntar-se ao movimento rebelde que devasta Cabo Delgado desde o ano de 2017.
Foto: DW
Forças Armadas na estrada
A estrada N380 liga o distrito de Ancuabe a Mocímboa da Praia. A via permaneceu intransitável com a escalada da violência terrorista em aldeias atravessadas pela rodovia. Com as ações terroristas enfraquecidas, a N380 voltou a ser transitável, embora de forma tímida. Veículos militares patrulham constantemente, para garantir que nenhuma situação de alteração da ordem venha a verificar-se.
Foto: DW
Destroços visíveis
Sucatas de veículos destruídos denunciam a quem por aqui passa, cenários de violência vividos na estrada principal que liga sul, centro e norte da província.
Foto: DW
Bens abandonados
Terroristas bloquearam durante um ano o acesso aos distritos no norte, com destaque para Mueda e Mocímboa da Praia, com o assalto ao posto de controlo policial no cruzamento de Awasse. Após o seu desalojamento pela força conjunta Moçambique-Ruanda, os terroristas abandonaram alguns dos seus bens, em caves que serviam de esconderijos.
Foto: DW
Ruínas
Casas abandonadas e em ruínas e zonas residenciais tomadas pelo capim são o retrato que se repete em diversas aldeias ao longo das estradas N380 e R698. Denunciam também a crueldade dos terroristas.