Moçambique entre os 50 países onde a Covid-19 mais avança
2 de junho de 2020A taxa de duplicação mais rápida de casos da Covid-19 no mundo regista-se, neste momento, em 50 países, 23 dos quais localizados em África - oito na África Austral, incluindo Moçambique, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Saúde.
"Moçambique regista uma epidemia com focos de transmissão com um tempo de duplicação de casos de 15 dias, que é duas vezes a velocidade da média global. A média mundial é de 33 dias", revelou o diretor do Instituto Nacional de Saúde, Ilesh Jani.
"Quanto menor for o tempo de duplicação do número de casos significa que a epidemia está a evoluir com maior velocidade", explicou ainda Jani.
Estão também nesta situação quatro países que fazem fronteira com Moçambique, nomeadamente o Malawi, com uma taxa de duplicação de dois dias, o Zimbabué, com três, a África do Sul, com 13, e a Zâmbia, com 16. Angola não está abrangida, registando uma taxa de duplicação de 22 dias.
Junho mais complicado?
Moçambique registou em maio duas vezes e meia mais casos positivos quando comparado com o mês de abril. Se esta tendência continuar, alertou Ilesh Jani, "pode significar um mês de junho mais complicado" para Moçambique.
O país está a observar o estado de emergência pelo terceiro mês consecutivo, num esforço destinado a atrasar ou a achatar a curva de crescimento da doença, atualmente na fase de focos de transmissão.
Até esta terça-feira (02.06), o país contabilizou um cumulativo de 307 casos positivos, com o registo nas últimas 24 horas de 53 novas infeções. Este é de longe o maior número diário de casos positivos da Covid-19 no país. O número de doentes totalmente recuperados subiu para 98, enquanto os óbitos mantêm-se em dois.
No entanto, Moçambique não está a considerar, por enquanto, a possibilidade de avançar para a realização de uma testagem em massa. "É preciso esclarecer que a testagem não é uma estratégia de controlo. A testagem responde a uma estratégia de controlo", justificou o diretor do Instituto Nacional de Saúde.
Segundo Ilesh Jani, têm sido encontrados focos de transmissão bem definidos em alguns bairros de algumas cidades, e, portanto, "a abordagem que tem sido feita é a identificação dos focos de transmissão, mapeamento de todos os contatos, a colocação de todos estes contatos em quarentena e de testagem dos contatos." E é dessa forma que controlam os focos de transmissão", explicou.
Casos de estigmatização
O país está a registar casos de estigmatização relacionados com a Covid-19, facto que preocupa as autoridades. "À medida que a pandemia evolui no nosso país, temos vindo a registar, com muita preocupação, o surgimento de casos de discriminação de pessoas suspeitas, infetadas ou afetadas pela Covid-19, podendo evoluir para a situação de violência física, facto que pode comprometer a resposta para controlar a pandemia", admitiu a diretora nacional de Saúde, Rosa Marlene.
Ao país continuam também a regressar moçambicanos que se encontravam na diáspora. Na última sexta-feira (29.05) chegaram da África do Sul mais 60 cidadãos repatriados, depois de uma primeira vaga, em menos de um mês, de 439 moçambicanos, alguns dos quais presos que beneficiaram de indulto ou amnistia ou cidadãos que não cumpriram o confinamento total obrigatório.
Neste momento, há ainda mais de 250 moçambicanos que estão retidos em vários países, aguardando a oportunidade para regressarem a casa, depois de terem manifestado interesse junto das autoridades.
Artigo atualizado às 16h14 (Tempo Universal Coordenado) com os dados da Covid-19 divulgados pelo Ministério da Saúde de Moçambique na tarde desta terça-feira (02.06).