Moçambique: Ex-combatentes da RENAMO sem subsídios
2 de dezembro de 2022Quando o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração Social (DDR) dos guerrilheiros da RENAMO iniciou na zona centro de Moçambique, no ano passado, alguns desmobilizados optaram por regressar para junto das suas famílias na província da Zambézia.
O Governo ofereceu-lhes terrenos na cidade de Mocuba, no norte da província, para construírem casas. Mas as casas ficaram por construir porque os desmobilizados se viram obrigados a vender o material de construção oferecido para comprar comida e roupa.
O facto foi confirmado à DW África pela chefe do departamento dos assuntos sociais dos desmobilizados da RENAMO na Zambézia, Maria Rita Abílio. "Isso está a acontecer por causa da demora de fixação das pensões", disse Abílio, explicando que nos primeiros 18 meses da desmobilização, os visados recebiam assistência financeira a cada três meses.
Sem fundos para sobreviver
Mas, findos os 18 meses, a pensão prometida não se materializou. "Imagina a pessoa que foi desmobilizada em 2020, passam quantos anos? Esta pessoa como está a sobreviver?", pergunta Abílio.
Um dos desmobilizados que não se quis identificar por medo de sofrer represálias disse à DW África que a sua sobrevivência depende do amparo da família: "Nós não temos como sobreviver".
Violação do DDR
Para o analista político Lourindo Verde, a falha na distribuição dos subsídios é grave, e fere o compromisso assumido pelas lideranças do Governo e da RENAMO para o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR).
Reintegração, disse Verde à DW África, significa "que os antigos guerrilheiros tenham as mínimas condições para recomeçar a vida”.
Em outubro, mais 500 guerreiros da RENAMO das bases de Morrumbala e Mocuba na província da Zambézia, foram desmobilizados no povoado de Murrothone, posto administrativo de Mugeba. A maioria dos desmobilizados não tem casa própria e vive em habitações familiares ou cedidas por conhecidos.