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Ex-diretor distrital do STAE denuncia pressão política

4 de agosto de 2023

Ex-diretor distrital do STAE em Quelimane diz que saiu do cargo pelo próprio pé depois de ser acusado de envolvimento em irregularidades no recenseamento. À DW, nega as acusações e diz que foi vítima de pressão política.

Foto: M. Mueia/DW

Assane Ussene diz que não foi exonerado – saiu pelo próprio pé da direção distrital do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) em Quelimane.

Em declarações exclusivas à DW, Ussene refere que saiu do cargo de diretor distrital do STAE porque a pressão era muita: "Os políticos querem o que querem, algo à margem da lei. Então, eu desisto!"

"De vontade própria, deixei o lugar à disposição. Eu senti um desgaste, uma discórdia", afirma Ussene.

Acusações de irregularidades

Há muito que se especulava sobre o afastamento de Assane Ussene.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) criticou em maio a decisão de Ussene de trocar membros de brigadas de recenseamento para aumentar a rapidez do processo. "Este procedimento originou um mal-entendido por parte de alguns membros da direção distrital do STAE de Quelimane" e a prática foi suspensa, explicou o órgão eleitoral.

Por outro lado, a oposição acusou Assane Ussene de permitir o recenseamento de eleitores de fora da área autárquica, além de fechar supostamente os olhos a outras irregularidades, incluindo avarias no equipamento informático.

À DW, Assane Ussene nega as acusações. Revela ainda que está cansado das narrativas políticas em torno das irregularidades no registo eleitoral.

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Para o ex-diretor distrital do STAE em Quelimane, uma prova da sua integridade profissional é a própria atitude dos partidos, tanto da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder), como da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).

"Se as irregularidades beneficiassem a RENAMO, não estariam sempre a meter queixas na Procuradoria por sentirem que há ilícitos eleitorais. Se as irregularidades beneficiassem a FRELIMO, ela não poderia cessar as funções de um diretor que os beneficia", afirma Ussene na entrevista à DW.

"O importante é que eu já não estou lá, estou de mente fria, sã e feliz", conclui.

RENAMO: "Pouco muda"

O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) insiste que Assane Ussene é responsável por várias irregularidades no recenseamento em Quelimane.

"Ele cometeu alguns ilícitos que estavam em conflito com aquilo que ele estava obrigado a cumprir, diz o delegado do partido na província da Zambézia, Victorino Francisco.

Tal como o MDM, a RENAMO mostra-se satisfeita com o afastamento de Assane Ussene. Mas, para o diretor do gabinete eleitoral do partido em Quelimane, Sebastião da Costa, o afastamento pouco muda.

"Nós conhecemos o adversário que temos. Mudam as pessoas, mas a deontologia continua."

O diretor cessante, Assane Ussene, disse que manifestou o interesse de abandonar o STAE a 23 de junho, vinte dias depois de terminar o recenseamento. Lourenço Fato é o sucessor de Ussene.

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